dezembro 31, 2006

Ano Novo não é uma fórmula pronta. Ou vários meses e dias preparados especialmente para nós. "Basta aquecer cinco minutos no microondas". É sim uma oportunidade. A mais perfeita de todas. Uma chance de fazer melhor, fazer mais, acontecer. A hora de fazer as resoluções para 2007. Mas o momento ideal para reconhecer que um Ano Novo é feito de boas decisões em cada um dos mais de 300 dias que estão à nossa frente.

Então, aproveito para agradecer a presença dos meus amigos nesse pequeno espaço virtual. Desejar tudo de muito bom em 2007! Paz, saúde, amor! E esperar, de todo mundo, o que de melhor pode existir: desejos e pró-atividade.

2007 é o tempo de ir atrás dos nossos sonhos! Com garra e vontade!!! Sejam felizes!

dezembro 25, 2006

Natal. Companhia mais do que agradável. Comidinhas especiais. Bebidinhas mais ainda. Chuva. Em situações como essa, só existem três prazeirosos caminhos a serem percorridos... Da cozinha para a sala de jantar. Da sala de jantar para o sofá. Do sofá para a cozinha. E tudo começa de novo...

Que o espírito do Natal continue o ano todo. Feliz Natal pra todo mundo!

dezembro 21, 2006

Pegar algumas substâncias. Misturar no caldeirão. Ver uma fumaça rosa tímida subindo. O caldo engrossando. O último ingrediente. BUM! Poção mágica instantânea. E universal. Cura tudo. Melhora as coisas. Resolve as pendências. E traz o amor que está longe. Se eu conhecesse o Aladim, pedia o tapete emprestado por alguns dias.

dezembro 17, 2006

Acordei cedo no domingo. Super cedo. Com medo que o silêncio da vizinhança fosse a derrota do time. Não foi. O Inter é campeão do mundo. E um vizinho meu saiu dando tiros pela Silva Jardim. Chamaram a Brigada. Mas fiquei com medo das balas mesmo assim. Derreti no carro até a casa dos meus pais. Janelas fechadas. Recebi um e-mail querido de um chefe, me dando instruções para a semana. Me belisquei. Almocei. Fui para o plantão. Mesmo cheia de trabalho. Mesmo com calor. E um amigo me chamou de tramposa. Me choquei. Repetidas vezes ele fez isso. Me convenceu. É fácil me abalar e me fazer bater boca. Fiquei chateada. Ainda estou. Até fui no dicionário para ver se, de ontem para hoje, o significado da palavra havia mudado, e alguém tinha esquecido de me avisar. Não... Vou me atirar de cabeça no trabalho do fim do curso de pós. Esquecer de várias coisas. Inclusive o fato de que eu estou com pavor de estar bem doente, tudo porque inventei de fazer uns exames de fim de ano, e deu merda... Foi, sim... Me sosseguei, bem quietinha... Vamos esperar pela outra semana. Que essa não vai ser nada legal.

dezembro 14, 2006


Os leitores desse blog sumiram. Em compensação, os meus leitores no mundo real estão aumentando cada vez mais. Tudo por conta de um texto que eu produzi para o pós-graduação. E tudo provocado pela pessoa que motivou o texto: Seu Vitor. No dia 08 de dezembro, foi o aniversário dele. Preparei uma cópia da matéria e entreguei com dedicatória e tudo. Me contaram que, lendo o texto depois, ele se emocionou muito. Eu gostei de saber. Eu também me emocionei quando o entrevistei e enquanto escrevia sobre ele. E sabe, então, o que aconteceu? Seu Vitor tirou cópias da matéria e iniciou uma distribuição maciça do meu texto. Ele quer que todos leiam. Incentiva a leitura. Faz comentários de como eu inovei na edição, já que ele me contou uma coisa ali e outra lá e eu misturei de um jeito que ficou bem mais interessante. A peregrinação vai de sala a sala... E depois, os colegas da Casa de Cultura vêm até a minha sala comentar que gostaram do texto e coisa e tal. Uma diversão. Então, para quem quiser conhecer, o texto ainda está lá no Hummmm.... E na foto ao lado, meu garoto-propaganda Seu Vitor e eu. Rumo à nossa sessão de autógrafos na Feira do Livro do ano que vem (hehehe)...

dezembro 12, 2006

Meu olho arde de sono. Mas permanece aberto. Projetando na parede irregular a tempestade dos meus pensamentos. Queria saber exatamente o que me incomoda. Isso. Aquilo. Aquele outro. Talvez tudo. Ou quem sabe o nada que consome, suga, acaba. Como qualquer coisa vezes zero. Como estar vendada em um jardim de arame farpado. Como ser paga para ouvir desaforos e uma absoluta falta de elogios sobre o meu trabalho. Fecha, olho, por favor. Já cansei demais disso por hoje. Fecha...

dezembro 11, 2006

Caminhamos olhando para o chão. Pensando que, em minutos, ouviríamos o barulho da luz crispando na água. Pôr-do-sol. Nessa hora, nada resta de concreto. Exceto o cansaço no corpo e a cabeça vazia. Fechamos os olhos e tentamos deixar a noite tomar conta de nosso corpo. Tudo começaria novamente amanhã. Sem sentido. Dolorido. Como castigo...

dezembro 07, 2006

Virei chique. Nova rica. Agora, compro brigas. Faço questão. Antes de mostrar minha butique de desaforos e minha prestigiosa capacidade de criar armadilhas e intrigas, eu pego a bolsa silenciosamente. Abro o zíper, procuro minha niqueleira. E, com sensibilidade, humildade e destreza, entrego 10 centavos para o meu opositor. Tenho praticado muito esse novo dom. Paguei, comprei a dita briga, falei tudo com uma chiqueza que sequer me reconheci no meu All Star número 36. Naquele momento, meu pé podre de muito chique merecia um Manolo Blahnik, rosa choque... Até o tapa de luvas foi um chiquê. Chiquérrimo. Luxo total. E, soberana, saí para buscar outro café. Antes de ver a criatura se transformar na mula sem cabeça. Coisa mais pobre é se irritar... Nossa. Tanta fumaça só pode render milhares de rugas mesmo...

dezembro 06, 2006

Quase me esqueci de me lembrar que, às vezes, as coisas são simplesmente perfeitas porque sem querer esquecemos de lembrar algumas coisas.

dezembro 05, 2006

Eu conheci o Seu Vitor em 2003, quando entrei na CCMQ. Ao encontrar novas pessoas, é comum tentar se aproximar de quem pode te ajudar. E, no meu caso, o trabalho foi pesado, já que eu inventei de reestruturar toda a sala, me desfazer de mesa e armário e batalhar por móveis novos. E o Seu Vitor conhece tudo o que a Casa tem, todos os andares, as possibilidades... Sem impossibilidade... "A gente dá um jeito", ele diz...

Bom, o meu trabalho do terceiro bimestre do pós foi com ele. Antes da Feira do Livro, combinamos a entrevista. Ele ficou 15 dias aguardando a data marcada, faceiro, me olhava no corredor e ria... E já foi separando fotos, documentos e tudo o que pudesse ajudá-lo a contar sua vida pra mim.

Difícil fazer um texto de alguém que se goste e respeite. Mas eu tentei. E confesso: Seu Vitor, me fez chorar uma vez. No Natal de 2004, veio todo tímido e me entregou um envelope. Quando eu abri, me emocionei tamanha a simplicidade e afeto. Desejava um Feliz Natal e um próspero Ano Novo. E, complementado à mão:

"Obrigado por me dar bom dia todos os dias".

Seu Vitor está lá no Hummmm.

dezembro 04, 2006

Fim de semana que cai como uma luva. E parece perfeito, mesmo em suas imperfeições sem fim. Esperteza é rir dos próprios contratempos, e saber dar meia-volta. Porque nem sempre (nem sempre mesmo...) a melhor opção é aquela que está na frente, na ponta do nariz, ao alcance das mãos. Anotei na parede do quartinho que é só meu:

* Sentir-se relaxada e bem mesmo depois de 12 horas quase diretas de aula.
Saber andar com leveza sobre os espinhos de uma festa no sábado à noite.
* Reconhecer que até mesmo uma reunião às 9h da manhã de domingo pode ter o seu encanto.
* Curtir um home theater no supermercado com o pai, enquanto a mãe escolhe uma nova máquina de lavar roupas e sentíamos a nossa barriga tremer depois que eu descobri o botão do volume e aumentei muuuuuito.
* Ir ao shopping, não conseguir entrar no banco e encontrar o motivo perfeito para ir mais cedo à casa da Déia.
* Tomar café na CCMQ e ganhar energia suficiente para tentar esganar algumas crianças que insistiam em tentar derrubar a nossa mesa.
* Assistir uma peça horrível de muito ruim e péssima e admitir que o melhor de tudo é ter as amigas do lado para rir, sobretudo rir.
* Voltar ao shopping e dar de cara com a Cultura fechando e decidir simplesmente comer hamburger e batata-frita para celebrar o não.
* Chegar podre em casa e ainda ler quatro, cinco ou seis linhas antes do sono acabar com tudo.
* E, por fim, acordar muito cedo na segunda-feira, me arrastando, correndo, brigando com o trânsito. Tudo para começar a semana tomando café da manhã no hotel que a Ju trabalha, e conversar muito, e comer muito, e rir das coisas sérias e nem tão sérias.
***** E sentir que a semana pode começar...

dezembro 01, 2006


I wish all time in the world... and a knife!
"What's the knife for, Jack?"
... killing time!"

Jack "Mano" Skellington

novembro 28, 2006

Trabalhei como habitual hoje. Muito. Para variar, em cima do cronograma estabelecido para a semana tive que encaixar um trabalho de urgência. E outros projetos estão aparecendo por aí. Bons sinais. Desde que eu pare de falar/pensar/agir tanto em trabalho e cuide um pouco de mim. Vai render ainda mais, com certeza.

Enfim...

5 anos de Estúdio de Conteúdo completados hoje. E passou rápido.

novembro 26, 2006


Pé de pilão
Carne seca com feijão
Arreda camundongo
Pra passar o batalhão


A-hã. Plantão básico de domingo na CCMQ.

Pé de pilão
Carne seca com feijão
Arreda camundongo
Pra passar o batalhão

novembro 25, 2006

Estou precisando escrever uma matéria grande. E não consigo... Há dias. Fiquei tão esgotada mentalmente, que a cabeça parece estar de greve. Então, já tentei escutar bastante música, não fazer nada e até ir no cinema. A coisa toda acalmou um pouco. Mas a resistência continua. Precisei tomar uma atitude radical contra a ode às férias cerebrais. Abri o Word, cliquei na primeira pasta de MP3 que começasse com a letra Y e coloquei no player. Daí, comecei a digitar tudo o que viesse na cabeça. Um aquecimento. Esteira antes da musculação. Alongamento antes da natação. Uma batatinha antes da caipirinha. E vamos ver o que acontece... A qualquer segundo, posso ter uma idéia genial. Daquelas fenomenais... Como não tinha pensado nisso antes. E largarei tudo. Abrirei outro documento e antes que veja, não terminarei nad....

novembro 22, 2006

I don't wanna be adored
Don't wanna be first in line
Or make myself heard
I'd like to bring a little light
To shine a light on your life
To make you feel loved

No, don't wanna be the only one you know
I wanna be the place you call home

novembro 21, 2006

Ai... Eu não sei como dizer isso. Não agora, nessas circunstâncias. Estou ainda cheia de trabalho. Bom porque também fico com um pouco mais de dinheiro. Mas certas coisas devem ser encaradas. E, principalmente, contadas e compartilhadas. Porque não podemos fingir que elas não existem. Não podemos fingir que elas não incomodam. E se tudo lateja, como se fosse um coração batendo, é preciso avaliar, medicar, cortar fora se for necessário. Não sei ainda como dizer. Tipo, uma situação totalmente embaraçosa, constrangedora, minimamente ridícula. Porque, mais uma vez, terei de admitir que errei. E que o engano foi todo meu. Sozinho meu. E que agora eu mesma devo consertar. Mesmo se doer. O jeito é respirar fundo e dizer. Não riam, malas. Mas acho que quebrei um dedo de novo. E, dessa vez, o indicador da mão direita. Como? Nunca revelarei... Nunquinha... Andar enfaixada já vai ser humilhante demais.

novembro 20, 2006

A todos os que me perguntam a pergunta...

Dançar de pijama dentro de casa. Passar o dedo no merengue do bolo. Roubar a cereja, é claro. Cantar no chuveiro. Brincar de cabra-cega. Cantar no carro. Carrossel. Cantar na frente do fogão. Gangorra. Cantar mais na frente da pia. Pular amarelinha na calçada. Sorrir para um estranho na sinaleira. Iniciar um conto. Terminar um conto. Passear de mãos dadas. Desejar tudo de bom para os manos. Ficar horas na prateleira escolhendo qual será o próximo livro. Dar um abraço. Jogar conversa fora com o pai e a mãe. Dar um beijo. Compartilhar todo o domingo chuvoso com a Tuti, a segunda cachorrinha mais fofa do universo. Rir, rir muito e durante o fim de semana todo. Ter saudades. Ter liberdade. Ter amigos que te provam que mesmo o fundo do poço é colorido. Acordar cedo, com a luz do sol. Estudar até a cabeça doer. Aprender até tudo ser bom. E, no mar de dúvidas, ter um insight que parece ser a resposta definitiva para o trabalho do fim da pós. Rir com os colegas da aula. E, só com o olhar, trocar as piadas mais infames na frente do professor. Tomar café. Fazer chimarrão. Jogar damas no tabuleiro. E cavalheiros pela janela. Cozinhar. Deixar a água lavar tudo. Colocar hidratante, creme, perfume. Sentir-se cheirosa. Ler uma revista sobre literatura. Ter saudade da praia. Da serra. Do campo. Liberar a vontade de viajar. Fazer as malas. Viajar na cabeça. Longe, bem longe. Apoiar a cabeça nas mãos e fechar os olhos. Adivinhar. Perguntar tudo o que pode ser perguntado. Fazer um churrasco com os amigos em plena segunda-feira ao meio-dia. Brindar o término do trabalho da Feira do Livro com champanhe. Não ter a mínima noção do que será do ano que vem... E não ter a mínima preocupação com isso. Ah... a vida.

novembro 19, 2006

Procuro Shiva quando me olho no reflexo dos vidros próximos da calçada. Encontro fênix, com os pés soterrados nas cinzas e o corpo ardendo de chama. O caminhar continua. O olhar permanece atento. Fixado no externo. Pois, internamente, me construo para me destruir. Construção e destruição. Tijolo a tijolo, célula a célula, idéia a idéia. Como um trabalho insano e pleno de realização. Mudança lenta e constante. Que deixa perplexo este que está ao lado. E eu mesma. Não sei o que me torno e o que me destorno. Tenho medo de continuar e a possibilidade de fim me petrifica. Prossigo nessa transmissão de sinais, num código que sequer entendo. Estou seguindo essa cartilha. Sem noção do que realmente significa.

novembro 18, 2006

Eu estava lendo um livro sobre uma pessoa que lê um livro sobre uma pessoa que lê um livro. Depois, li num texto que eu estava lendo um livro sobre uma pessoa que lê um livro sobre uma pessoa que lê um livro. E ainda vi uma foto minha do momento em que lia o livro sobre uma pessoa que lê um livro sobre uma pessoa que lê um livro. Dois espelhos, um de frente para o outro. Assim é a vida. E nós estamos bem no meio.

novembro 16, 2006

Não me olho mais no espelho. Não, mesmo. Olhares atentos estão revelando evidências constrangedoras e apavorantes para a menina de 29 anos que não quer abrir mão da condição de adolescente. Certo, tenho que admitir. Aprendi cedo a conviver com a minha parca celulite. Isso ainda era motivo para me sentir um pouco distante das mazelas da busca pelo corpo ideal. Assim como a minha barriguinha de estimação estilo germânica. Quase indispensável. Mas encontrar minha primeira estria, na lateral da coxa foi o choque que eu não esperava. Aconteceu no verão, depois que voltei das férias. Ah, refleti durante dias. Quando resolvi encarar, já tínhamos virado grandes amigas. Porque essa é a solução. E a minha pele de bebê? Triste constatar que uma simples brincadeira de Photoshop, em plena Feira do Livro, pode fazer qualquer mulher cair na sua condição real: rugas... Por todo o rosto! Antes e depois, com um simples toque no teclado. Circo dos horrores animado. Antes, depois, antes, depois... Talvez o difícil mesmo seja esse início. Essas primeiras evidências do crime do tempo. Depois, vai ser tanta coisa, que eu vou ficar mesmo feliz de ter uma mente aberta, saúde, disposição e ser uma tia maluquete. Porque essa é a minha meta de vida. Jeans e rock nos ouvidos para sempre! Mesmo com os cabelos brancos semeando a minha cabeça. E juro, nem mesmo esse monte de pele que começa a despencar debaixo dos meus braços e nas axilas vão conseguir me impedir. Nem mesmo isso!

novembro 13, 2006

Trabalhamos, nos descabelamos. E conseguimos colocar "alguma" cobertura no site da Feira do Livro, ao mesmo tempo em que os fios da Internet eram arrancados... Surreal. Mas eu estava feliz. Tinha atravessado todo o Cais do Porto e a Praça da Alfândega, cantando "Ai, ai, ai, ai... Tá chegando a hora...". Entregando rosas vermelhas... Lotes de rosas nos meus braços. Claro, fui filmada pela TV, ao lado da Sandra La Porta. Claro, apareci no programa do fim de domingo que todo mundo assiste.

Em casa, a mãe gritou quando eu apareci. Hoje pela manhã, fechando a porta do apê, encontrei a vizinha. "Te vi na TV". Hummm... E assim foi a manhã inteira. "Tu estava na TV ontem". "Eu também te vi". Voltei para o trabalho, com o carro cheio de latinhas de cerveja vazias, o resquício da festa, e dando autógrafos. Lux Luxo...

novembro 12, 2006


Trabalhei muito. Ganhei autógrafos lindos. Me diverti. Comprei muitos livros. Me comprometi com novos textos. Fiz história. Achei a minha garrafa. E muitas outras coisas. A 52ª Feira do Livro está acabando...

Na imagem... Arte do Mano (hummm...):

A minha garrafa

A outra garrafa

A bola

Ser ou não ser

A necessidade

O nosso mascote

Beijos para toda a minha equipe (maravilhosos Mano, Emily, Sassá e Felipe), para o Luis "Elétrico" Ventura e para todos os amados da Câmara do Livro. Voltamos à transmissão normal!

novembro 11, 2006

Chove um pouco. Imprescindível sair para almoçar. Entre o escape de um ou outro paralelepípedo, o calcanhar toca numa pontinha de qualquer coisa no chão. Começa a coçar. A agonia dura o almoço inteiro. Garfada na batata-frita, coceira. Dois quilos de carne na boca ao mesmo tempo, coceira. Nada diminui a sensação, nem bater com o pé mais forte no cordão da calçada. A sola é daquelas duras. Poderia arrebentar o plástico e o osso e não faria a menor diferença. A próxima tentativa é abstrair. Ir até o banheiro, caminhar um pouco, acertar a conta na banca de autógrafos da Feira do Livro. Nem o susto com tudo o que eu gastei de livros esse ano ameniza. Nem o sacar do cartão de crédito e minha assinatura no comprovante. Volto para a sala. Entupo meu café de adoçante. Eca. Mas nem isso, nem isso. Tento ler o novo livro, algumas linhas, insuportável. Sem saída, sento e começo a desamarrar o enorme cadarço do meu All Star preto e branco. Não sei pra quê tanta corda. Atinjo o êxtase de uma vida, finalmente cravando as unhas no calcanhar, por cima da meia mesmo. A perna dobrada e ação sem parar. Segundos de alívio, até que o chefe (o presidente, sim...) aparece na porta e arregala os olhos quando vê esse ser coçando muito uma pobre meinha branca. Jornalista, empresária, projeto embrionário de escritora, sem sapato, aliviando a coceira como ser um primitivo... Um dia feliz. Definitivamente.

novembro 09, 2006

Estou quase sem dormir. Às vezes, tenho a impressão de que o acelerador da minha vida pifou. E, a partir das 9h da manhã, quando ele fica ativo, a velocidade vai aumentando cada vez mais. Progressivamente. Passo a fazer mil coisas ao mesmo tempo, me concentrando em cada uma delas por alguns segundos. Na velocidade, e sem saber se a bruma esconde uma reta, uma curva ou uma mureta. Saí do Centro de Porto Alegre quase a mil. Na última meia hora, ainda revisei três textos, publiquei e caminhei até o carro. A minha carruagem vermelha com rock nos alto-falantes. A sensação era de estar vendo um filme na velocidade rápida. Mas era somente eu andando na Sertório para jantar com os meus pais. Engoli algo. Contei uma história. Porque uma boa noite de encontro sempre precisa de uma boa novidade bem contada. Com todos aqueles dramas, trejeitos e movimentos de mão e sobrancelhas. Rápido tchau e abraços e me vi em casa. Ligando o notebook, abrindo o Word, e colocando o fone de ouvido para checar o e-mail, abrir o MSN e fazer mais quatro textos para um blog corporativo que assumi em outubro. Passou da meia-noite, e o acelerador permanece ativo. O motor ronca sem parar. Resolvi trocar o CD. Decidi escrever para o blog. Tentar coordenar as idéias e gastar toda essa energia que eu ainda tenho antes da uma da manhã. E, a cada minuto, meus ombros chegam mais perto das orelhas. E meus olhos parecem grudar na luz do monitor. O que mais? A vizinha adivinhou que eu tentaria dormir essa hora: começou a bater algo contra o chão. Bifes talvez. Carne de gato. Sim... Nunca mais vi meu oficial rival da vizinhança. Suspeito que tenha virado churrasco da dona Eva Regina. O que mais? O jeito vai ser afogar esse carro... Porque não tenho mais forças para andar até a gasolina acabar. Vou afogá-lo com meus sabonetes, cremes, xampu, condicionador, hidratante para o rosto, e uma água bem quentinha acariciando a carcaça. Boa noite...

novembro 08, 2006

O estresse é como cachos de uva. Gordinhos, suculentos, coloridos, inchados do líquido mais doce. Ali, quietinhos, repousando em tonéis, aguardando o doce pisar do pé. Frutinha escapando pelos intervalos dos dedos, suco da casca entrando por debaixo das unhas. E aquela vontade de requebrar o quadril, e dar uma boa gargalhada com a boca bem aberta e os olhos fechados para compor o quadro ideal dessa sensação que renova e recria. Pisando na uva, pisando, pisando. Pra transformar em vinho e, depois, poder rir de tudo isso, debaixo da árvore, sentada na grama, com a taça na mão e as solas absolutamente roxas. O estresse é como cachos de uva. Bem gordinhos...

novembro 07, 2006

O verdadeiro castigo do turbilhão é que pensamos em milhões de coisas ao mesmo tempo. Um segundo depois, resta um farelo de raciocínio, rapidamente varrido para o passado. A verdade é que estou vivendo meses em apenas 15 dias. Literalmente. Acreditem em mim. Pode parecer um super clichê, pois estou trabalhando feito uma maluca. Mas em apenas um dia, 24 horas somente, Dante me pegou pela mão e me levou ao Paraíso, ao Inferno, ao Paraíso, Inferno, Inferno, Inferno... Purgatório. Ri horrores de tudo e de muitas coisas. Me estressei. Me cansei. Me orgulhei. Me senti na nuvem de algodão cor de rosa. Cheguei a pensar que a felicidade pudesse ser algo eterno. Cogitei também que o castigo durasse milênios. Revi amigos. Abracei pessoas que estão no meu coração para todo o sempre. Revi inimigos, claro. Às vezes, um ou outro olhar de canto seguia os meus passos pela Praça. Recebi visitas. Tão bom. Descobri novos amigos. Catei novos inimigos. E, novamente, me renovei e mudei toda a minha trajetória como muitos pensavam que seria impossível. Mudar tudo? De novo? Sim. O resultado, no fim desse grande cálculo de duas semanas, é mais positivo do que negativo. Sim, eu ainda estou com vontade de matar o cantor do happy hour do bistrô. Mas até isso teve seu perdão hoje. Eu, que estava lá em cima, num cantinho do céu chamado felicidade, relembrei, pela voz dele, de uma das músicas mais lindas que eu já ouvi. E depois, fiquei cantando na minha cabeça, por horas, horas... Todo mundo sabe que eu faço isso... Então, continuo nesse mundo... de Paixão...

Amo tua voz e tua cor
E teu jeito de fazer amor
Revirando os olhos e o tapete
Suspirando em falsete
Coisas que eu nem sei contar
Ser feliz é tudo que se quer
Ah! Esse maldito fecho eclair
De repente a gente rasga a roupa
E uma febre muito louca
Faz o corpo arrepiar
Depois do terceiro ou quarto copo
Tudo que vier eu topo
Tudo que vier, vem bem
Quando bebo perco o juízo
Não me responsabilizo
Nem por mim, nem por ninguém

novembro 05, 2006

Olhem quem voltou... Thanks, Napp.

novembro 04, 2006


Nossa sessão de autógrafos na Feira do Livro!

outubro 30, 2006

Joguei a garrafa no mar hoje. Tomara que alguém ache logo. Loguinho...

outubro 29, 2006


outubro 22, 2006

Para quem ainda não conhece e não teve a oportunidade de ler, está aí a chance de pegar o autógrafo desses incríveis autores.

Na Feira!!!

outubro 19, 2006


Dia da estréia. Quase não dormi. Primeiro: pelo excesso de trabalho. Segundo: pela agitação. Tudo certo no fim das contas, hoje foi o dia da coletiva de imprensa da 52ª Feira do Livro de Porto Alegre. Pelo segundo ano consecutivo, sou coordenadora do site do evento. No encontro com meus colegas jornalistas, apresentei em breves minutos as inovações, ferramentas e o design da página.

Portanto, caros, minhas novas moradas até o dia 12 de novembro, são a Praça da Alfândega e, virtualmente, o site da Feira. Façam uma visita. Para um café na Feira. Ou para ver as novidades em www.feiradolivro-poa.com.br.

Olha eu aqui em cima, gente!!! Quase ao meu lado, a querida Cris Ostermann. Foto do Luis Ventura

outubro 17, 2006

A Moni é a minha irmã. Ela nasceu um ano e sete meses depois de mim. Formada em Medicina Veterinária, resolveu desbravar o mundo à moda antiga. Não escolheu Nova York, Barcelona, Sidney, Lisboa, como muitos fazem. Foi ganhar a vida numa cidade chamada Ji-Paraná, no Estado de Rondônia. Foi ser professora da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). Foi morar na cidade sem conhecer ninguém e, como boa integrante da família Thomé - sucursal Cristo Redentor, se atirou freneticamente ao trabalho já na primeira semana.

Acontece que hoje, dia 17 de outubro, ela está de aniversário. 28 anos... Resolvi, então, fazer um bolo virtual para cantar Parabéns a você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida... E soprar as velinhas. E dizer que eu amo muito essa fofa de cabelos encaracolados. E dizer que estou morrendo de saudades. E que conto os dias para 15 de dezembro chegar.

Feliz aniversário. Moni!!!

outubro 15, 2006

Algumas pessoas são ligadas em álcool. Outras preferem baratos mais fortes. Outras, ainda, curtem lances que sequer ouvi falar. Mas eu... Descobri que curto trabalho. Difícil, daqueles que dói só de olhar. Do tipo que faz muitos fugirem logo após a checagem do desafio. Aquele que se trabalha, trabalha, trabalha, e parece que as folhas somem lentamente. Como algo monumental. O barato é indescritível. Tira uma força de dentro, uma inconsciência responsável, a total ignorância do celular e do convite de amigos para jantas. Quem precisa comer, afinal de contas? Uma sensação fenomenal. Que faz o tempo se perder, o dia correr. E quando se vê, já é noite. A lua está ali. A cidade está molhada... Choveu? As costas viraram pedregulhos. Os olhos estão secos como vidros. As mãos moídas. E a cabeça... a cabeça... hummm. Não consegue mais lembrar de nada. Então, se chega aqui. O buraco do poço mais escuro do mundo. Um lugar separado do real, que inspira o desejo de parar em qualquer cantinho e descansar. Só cinco minutos, por favor. Cinco... Dormir, bem rapidinho... E depois acordar. E lembrar que o arquivo ainda existe. E que o corpo não está mais tão dolorido. Quem sabe mais um pouquinho? Só uma dose? Só hoje...

outubro 12, 2006


outubro 11, 2006

Eu queria saber. Queria muito saber. Porque eu me angustio com a incompetência alheia. Porque, simplesmente, não me contento em comandar o meu reino de auto-suficiência, e esmagar as cabeças de outrem com o meu cetro de diamantes valiosamente falsos. Porque fico triste se alguma coisa dá errada. Porque tento procurar a minha parcela de culpa no engano, mesmo com as minhas roupas rasgadas e mãos doídas depois de tantas tentativas. Porque meu peito não agüenta um desaforo. Sem provocar a vontade de me esconder debaixo da saia da minha mãe. Ou me agarrar nas pernas do meu pai. Porque eu sempre esperneio, xingo meio mundo e fico magoada. Mas o soco que está armazenado aqui, com toda a força bem no meu punho esquerdo, ainda não foi desferido. E talvez se desmanche em rancor ao longo dos próximos anos. Porque a cara feia sempre fica tatuada nos meus olhos, enquanto o sorriso se desfaz em caquinhos depois de segundos. Porque é tão difícil viver num mundo de gentes. Quando bem mais fácil seria nadar com os golfinhos no mar azul depois do naufrágio. Meu barco está afundando há tempos. Sempre afundando. Já estou cansada de tanta água. E o fundo não chega nunca.

outubro 10, 2006

Hoje foi o dia do lançamento da Oficina 36. Não encontrei o professor Assis Brasil, mas fiz questão de me espremer na fila para pegar os autógrafos dos mais recentes colegas oficineiros. O evento rendeu alguns momentos surreais. O primeiro foi quando uma das escritoras me perguntou: "Luciana?" Respondi que sim. "Tu que é a Lu Thomé?" Sim, eu falei, questionando se ela me conhecia. Disse que não. "Ah, era só pra saber se tu era a Lu Thomé mesmo". Tá. O segundo foi quando o Marcelo e a Tata colocaram na cabeça que eu devia dar entrevista para uma equipe da UniTV. Depois de percorrer todo o Cult Bar atrás do melhor ângulo e da iluminação adequada, a equipe teve uma única conclusão. "Não dá. O melhor lugar é mesmo aqui". Olhei... Adivinhem? Claro! Era o banheiro! Todo branco, com luz clara e direta. Eu achei o máximo. Incentivei a repórter. Não tinha jeito. Falei para a câmera durante três minutos, segurando uma das portas, com o quadro do Laranja Mecânica na esquerda e o Drácula bem atrás. Sim, no banheiro... O momento surreal três vai acontecer na exibição desse programa na TV. Vou virar lenda urbana.

outubro 09, 2006


Orgulho do papai, da mamãe e da profe de yoga...

outubro 06, 2006

Como é a vida? Assim ó... Hoje, perto do meio-dia, parei o carro longe da sinaleira. Na Av. Beira-rio, ao lado da Usina, uma pomba aguardava para atravessar a rua. Distante da faixa de pedestres. Mas passível da minha gentileza. Indiquei com a mão esquerda o caminho. E ela passou rebolando na minha frente.

outubro 05, 2006

Sacode a poeira. Chuta os problemas. Afoga as mágoas. Tritura as dúvidas. Aniquila a inconseqüência. Acaba com o choro. Esquece os desaforos. Alivia o medo. Destrói as péssimas idéias. Fecha os olhos para as pessoas ruins. Os ouvidos também. Reconheça a incerteza. Lembra do passado. Projeta o futuro.

E dá um sorriso. As coisas estão bem agora.

A careca voltou.

outubro 02, 2006

Eu quase não acreditei nas informações da tevê e da Internet. Não porque duvidasse da possibilidade disso acontecer. Mas porque tudo se tornou concreto muito rápido. E essa é uma sensação nova pra mim. Como ser reprovada antes do fim do tempo destinado para a prova. E, depois de transcorridos os próximos três meses, tudo será diferente. Obrigatoriamente. Já foi me dando uma saudade da vida que eu ainda vivo. Ou que vivia intensamente até às 18h50min de ontem. Eu agüentei bem a notícia. Melhor do que esse meu coração choroso poderia prever. Mas não resisti e chorei quando o Governador se emocionou na televisão. Porque parecia alguém da minha família, chamando para uma conversa, e avisando que teríamos que deixar a nossa Casa. Pois ninguém mais nos desejava ali...

setembro 29, 2006

Depois de quase três meses, levantei da cama disposta a fazer diferente. Peguei meu jeans novo. A camiseta nova. E, abandonando o par de tênis, separei o sapato novo. Uma nova mulherzinha. Mas, na realidade, um desafio de correr para todos os lados com um salto logo abaixo do calcanhar, subindo e descendo as escadas da Casa de Cultura, e atravessando o Centro para ir entregar papéis e documentos autenticados. Tudo bem... Quase 30 reais para autenticar 11 documentos. Ok. Não vou falar disso. Conto o seguinte: saí de casa, toda arrumadinha. Do meu prédio até a garagem, o pé já doeu. Doeu mais quando eu tentei ignorar o couro novo. Respirei. Entrei no carro e dirigi até o 7º Tabelionato na Mostardeiro. Consegui uma vaga longe. Estacionei, paguei o parquímetro e saí caminhando pela calçada, elegantemente. O pé latejando. Cheguei no balcão, entreguei os papéis e, claro, reclamei do preço. Os impostos comem o nosso calcanhar, o atendente me respondeu. Literalmente, eu pensei. Fui sentar no banco, próximo do caixa, para aguardar a chamada. Passante vai, passante vem, um menino deixa cair no chão uma carteira de trabalho. A Pollyanna, Super-woman, Madre Teresa em mim sempre fala mais alto nesses momentos. Pedi para o senhor sentado ao meu lado cuidar da minha bolsa, apanhei a carteira e fui correndo até a porta para tentar alcançar o rapaz. "Hey!", eu gritava e o sapato afundava no calcanhar. "Hey, hey!", afundou muito mais. Quase na calçada, ele me ouviu. Estendeu o braço, pegou a carteira e agradeceu a minha gentileza, com um sorriso bem sincero. Eu fiquei feliz. E voltei mancando para o meu lugar. Ainda tenho todo o dia pela frente. Acreditando na força do band-aid e da paciência.

setembro 28, 2006


Cruzem os dedinhos. Cruzem os dedinhos. Cruzem os dedinhos.

Essas eram as três coisas que eu queria escrever hoje. E só...

Atualização (29/09) - Deu certo! Deu certo! Deu certo! Essas são as três novas coisas que eu queria dizer.

setembro 26, 2006

Uma das coisas que eu mais gosto nesse mundo é uma cor especial que o céu tem e que é impossível descrever ou classificar. Um tom especial que o céu de Porto Alegre possui, e que eu percebi em muitos dias de frio, e ontem exatamente às 18h59min. Dobrei na Silva Só à esquerda, saindo da Ipiranga, e parei na sinaleira do Ginásio da Brigada. Bem no meio do Arroio Dilúvio. Olhei para a esquerda, na direção do rio/lago. E lá estava. Uma mescla de um azul forte e um azul escuro, com uma luz que parecia tímida, mas que deixava o céu com o brilho de um olho. E a sinaleira demorou. Porque ainda pude perceber que os tons se misturavam, como se estivessem vivos. E, por instantes, é difícil nominar aquela quase nova cor que não existe, que não poderia ser fixada no papel, no tecido, na tatuagem. Porque seria preciso pegar a escada e recortar o céu. Pode esquecer a máquina fotográfica. Por mais falhas que o olho possa ter, os equipamentos só conseguem captar um vazio. Perdem a luz que esse céu quase sem luz apresenta. É como uma cerimônia de despedida do dia. E um convite para aninhar-se nesse manto de cor respirante, que combina com cabelos castanhos. Perder-se no azul, deixando os dedos e os olhos de fora. Recolhendo tudo bem de mansinho. Sumindo no céu que já fica negro. E que se esconde até a próxima manhã. Pois, o novo dia será brindado pelo dourado ardente. E a esperança vai continuar. Para que o azul apareça de novo. E me abrace.

setembro 25, 2006

Aprendi. Um dos jogos mais divertidos do mundo adulto/profissional é o esconde-esconde... de idéias. E eu aposto com vocês: eles não vão encontrar as minhas. Dessa vez, descobri o esconderijo perfeito.

setembro 22, 2006

Ó último episódio da segunda temporada do House grudou em mim. Eu amo aquele médico cínico e sem escrúpulos. Mas a idéia de que a vida é inconsciência e que passamos de alucinação para alucinação, sem cessar, pode caracterizar perfeitamente o meu dia de hoje. Porque ele começou produtivo. Até me senti gente. Discutindo projetos e sendo convidada a dar sugestões. Participar é a palavra-chave. Depois, ficou um pouco mais amargo. E, antes do almoço, metade de mim desmoronou sobre a mesa de trabalho. Fiquei destruída. Na batalha, perdi uma parte de mim. Acho que nunca a terei de volta. Mas, depois da feijoada de sexta-feira, uma nova porta se abriu. E eu fiquei muito empolgada. Caminhando nas nuvens é a comparação. A cabeça longe. E essa porta tem uma visão diferente. Promissora. Vai um sonho aí, chefia?

setembro 20, 2006

Fui dormir às duas da manhã, depois de trabalhar 14 horas. Sonhei que compareci a uma festa. Num vestido preto, fazia o estilo melindrosa. Cabelos organizadamente desgrenhados, olhos acentuados com sombra preta, colar de madrepérolas fazendo voltas e voltas no meu pescoço. Dançava sacudindo levemente os quadris. E impedindo que o balançar constante do vestido subisse demais a barra. Acordei às nove. Depois às dez. Me lembrei de ligar para os meus pais às 11. Disse que não sabia o que estava acontecendo. Mas tudo parecia mal. Resolvi cancelar o almoço e ficar exatamente onde estava. Entre o cobertor e o colchão. Meia hora depois, ouvi o barulho da chuva. Pensei em comer. Impossível levantar. Passou o meio-dia. A água caindo batia com mais força na janela. Às 13h, me lembrei do meu plantão. Levantei do jeito que consegui. Comi alguma coisa, tomei um banho e me sentei no sofá, esperando que os minutos passassem mais depressa, para que hoje já fosse amanhã e logo depois de amanhã. A cabeça começou a doer muito. E a garganta parecia fechar. Tudo de novo, pensei. Toda essa virose que me mata e não me deixa trabalhar e sequer existir. Coloquei o notebook na mochila. Dirigi até a Casa de Cultura com a chuva diminuindo a velocidade do tráfego. E estou novamente trabalhando. Fechando um roteiro de site, escrevendo para o blog e ligando para o Café dos Cataventos. A torrada e a Coca Light podem aumentar um pouco o meu ritmo prejudicado. Mas esse feriado Farroupilha está lento. O tempo ruim segurou os visitantes em suas casas. E, desde que o meu plantão começou, às 15h, não emiti uma sequer palavra. Não levantei da cadeira. Que saudade das madrepérolas.

setembro 16, 2006

Na sexta-feira, eu trabalhei muito. Muito mesmo. Manhã e tarde. Tive aula até às 22h30min. Voltei para a aula às 9h de sábado. Fiquei até às 18h30min. Quase direto. Pensando direto. Conversando e rindo com os meus amigos do pós. Chegando em casa, ainda redigi um roteiro para um vídeo de seis minutos. Fiz a janta. Arrumei a cozinha. Mandei o e-mail com o roteiro e as orientações para o rapaz que está fazendo o vídeo. E, enquanto o Mr. Flag lava a louça, estou escrevendo este post e sentindo os olhos quase fechando. Um sono incontrolável. 22:55. Em madrugadas como essa que se aproxima, é que sinto os reflexos de toda a loucura. Depois de correr os 100 metros, emendar com a rústica e terminar com a maratona, falo a noite toda. Dormindo, de olhos fechados e sem gesticular. Toda a noite. "Deu, deu!!!!". Deu o quê, pergunta o rapaz no travesseiro ao lado. "Deu com a seringa!". Esse foi o episódio de quinta-feira. E sequer conheço o autor desse roteiro. Péssimos diálogos. Péssimos.

setembro 14, 2006

O gato do prédio tentou me atacar ontem. Novamente. Não sei mais o que fazer. Tenho medo do bicho. Mas agarro na mão a primeira coisa que possa acertá-lo, caso avance. Uma pasta, uma sombrinha... Ontem, olhando fixamente nos seus olhos, abri o cabo recolhido da sombrinha como se fosse uma arma letal. E fui andando. Ele me olhou com o maior desdém do mundo. Sei que dá gargalhadas depois que vou embora. Na primeira vez que me atacou, tentou avançar com as suas patinhas e dentinhos bem no meu pescocinho. Fiquei tão assustada, atordoada, chocada e ...ada, que a única coisa que eu consegui gritar foi "Feio!!!". Claro, eu sei. Desmoralizada para todo o sempre. Meus amigos riem. Mr. Flag ri. O gato ri da minha cara. Na segunda vez, ele tentou atacar a panela que eu carregava, com a sobra da minha massa com molho funghi. Abusado. Tentei bater nele com a panela. Imagino o que meus vizinhos nas janelas devem pensar disso... Em outros encontros furtivos, nos evitamos cordialmente. E, na terceira vez, foi a mais assustadora de todas. Abri a porta do apartamento, e o gato estava ali, no corredor, apoiado no corrimão da escada, exatamente na altura do meu rosto e a menos de um metro de distância. Pensei em entrar novamente em casa. Mas se abrisse a porta, ele avançaria. Horror total. Com certeza destruiria meus livros, meus CDs, minhas roupas, meus cremes... Tudo... Ele me odeia. Deixou claro ontem, quando passei ao seu lado, e ele fazia um barulho direto da garganta, e apoiava as pernas traseiras. Cobrinha, pronto para o bote. Fui andando, com a sombrinha na mão. Andando e encarando ele. Quando atravessei a rua, cuidei seus movimentos olhando do alto do meu ombro. Andando e cuidando. Abri o portão, e quase corri. Quando cheguei na porta do prédio, ele já havia alcançado a escada externa no nível da calçada. E eu, mais embaixo, olhando pra ele. Ele está preparando uma tocaia. Eu sei. Conhece o bairro melhor do que eu. Não é como o Flófi doméstico do Marconi. Ele é da rua, é malandro. E encrencou comigo. Justo comigo. Me sinto naqueles filmes adolescentes americanos. E o gato olha para mim como quem diz: "Te pego aqui fora, magrela".

setembro 10, 2006

Eu prometi que não iria mais brigar. Resolvi abandonar essa característica natural das baixinhas e magrinhas que adoram comprar/vender/distribuir confusão no atacado e no varejo. Cumpri. Uma nova tática de sobrevivência para ambientes de trabalho altamente hostis. Notem: é como se eu tivesse virado uma tartaruga. Também é verdade que, em determinados períodos do dia, quase não consigo seguir a promessa. Mas fecho a boca, tranco todos os insultos, escondo no bolso o dedo indicador que acusa e controlo a tremedeira geral do corpo me agarrando forte a alguma estrutura potencialmente estável. Pode ser um poste, uma viga ou um copo de café bem quente. Passada a crise, sinto um alívio. Me deparo com a cara incrédula de alguns colegas de escritório. E volto a ser a eu mesma que eu nunca fui.

setembro 09, 2006

Cancelei todos os compromissos da tarde e voltei para casa. Eu, sábado à tarde em casa... Uma das coisas mais improváveis dos últimos dois anos e meio. Bem, você precisa trabalhar jornalista. Precisa terminar o roteiro completo de um site e afinar o planejamento gigantesco daquele outro. Sim, sim... A verdade é que estava com um desejo tão ardente de trabalhar hoje à tarde que tomei uma cerveja no almoço. Algo mais inédito ainda. Meus pais arregalaram os olhos quando notaram a conversa que eu travava com o simpático garçom Bernardo do nosso restaurante de sempre. Bernardo, não tem uma Polar dando sopa aí? Ou só tem chopp Brahma? Polar? Só se for Bock. Minhas pupilas se dilataram. Meu reino inteiro de trabalho inacabado por uma Polar Bock bem gelada. As nuvens se dissiparam. Eu juro. O céu inteiro se abriu para esperar a minha tarde magnífica. De trabalho... Cheguei em casa. Liguei o computador. Antes, conversei com a Déia. Precisávamos trocar ainda mais impressões sobre a peça com o texto do Tchekhov que assistimos ontem no Porto Alegre em Cena. Adiei o trabalho. O Luis Mello é ótimo. Sensacional. E o texto? Perfeito. Quer tomar um chimarrão na praça? Não deu. Tinha trabalho. Mas fizemos uma sessão on-line de chimas, cada uma com o seu. Voltando da cozinha com a cuia e a térmica, abri o Word, e tentei iniciar. O telefone tocou e as perguntas jorraram como uma cachoeira provocada pela chuva torrencial. Resolvi os problemas em 20 minutos. Recebido o troféu pelo tempo recorde, voltei para o Word. Mas era hora de outro chimas. E outro, e outro, e outro. Depois, era hora de levantar e trocar o CD. Um atrás do outro. Estou no terceiro CD e no centésimo chimas. Cabecinha quicando para os lados e acompanhando o movimento dos ombros. Hora de trabalhar. Ah, mas justo agora que eu poderia triunfalmente estrear o CD que meu querido amigo Thiago me trouxe de Londres? Vai valer. Eu prometo. São cinco horas. O trabalho está ali. Me olhando. Mas eu estou jurando que é uma simples miragem. Outro chimas aí, por favor...

Publiquei um novo texto lá no Hummmm. Esse foi o segundo trabalho que elaborei para o curso de pós-graduação em Jornalismo Literário. Ainda não recebi o retorno da avaliação, mas como o Hummmm é um campo de teste só um pouquinho menos experimentalista do que o 50kg, acho que está valendo. Por isso, meus fiéis leitores, visitem o Hummmm, e conheçam um pouco da vida do Gregório, o camelô uruguaio motoqueiro gente fina dono do pedaço de calçada em frente ao restaurante Veredas na Rua dos Andradas em Porto Alegre. Porque as pessoas de bem estão ao nosso lado. E, muitas vezes, nossos olhares não estão treinados o suficiente para reconhecer o ouro na pura simplicidade...

setembro 08, 2006

Um pensamento recorre na minha cabeça como um ovo na frigideira. Mesmo que eu tente esquecer o fato de que a casca foi quebrada, ainda ouço o óleo quente e sinto a contaminação da fritura no ar. Acabo envolvendo até mesmo os não envolvidos. E misturo os personagens de diferentes novelas das seis, sete e oito, no seriado dramalhão das dez horas trinta e dois minutos e três segundos que eu criei. Comentei com alguém que me é cada vez mais certa a idéia de que serei uma briguenta até o fim. Sempre. Uma incorrigível marrenta. Meu querido amigo me respondeu que não. Segundo ele, aos 67 anos atingirei a sapiência do "deixa pra lá". Enquanto isso, carrego essa culpa levinha. Que não incomoda tanto assim. Mas que não deixa nunca de martelar aqui dentro. Castigo de saber que, mesmo com toda a raiva, indignação, revolta, ódio e incontrole, minha mão sempre vai doer mais do que a bochecha socada.

setembro 07, 2006

Não sofri da falta de notícias durante alguns dias. Fui, sim, atacada por um excesso quase malévolo de acontecimentos. A história não é confusa. Mas a sua total infinitude de possibilidades pode nublar o entendimento. Foi assim... Numa sexta-feira, que parece ter acontecido há milênios, eu fui acusada por alguém, que me passou a perna, e igual Teresa, eu fui ao chão. Atortoada, tentei ganhar no grito a razão roubada. A trouxe de volta, mas em migalhas. Sobrevivi com a ação de fortificantes e antiviróticos. Na quarta-feira, eu fui caluniada por outro alguém, que me nocauteou, e como a barata de GH, permaneci em choque. Não tive forças sequer para falar. Ultrapassei o fim de semana com a ajuda de equipamentos e calmantes, que mais pareciam criar teorias alucinógenas de conspirações administradas pelos homens do mal. Escapei por pouco. E, tal o soldado que nunca desiste, no último minuto, oficializei todo o caso num documento, me aliviei de algumas questões, e recebi a rubrica de um texto que não foi lido. Quando a leitura aconteceu, era tarde. E uma trégua provisória foi instaurada. Tirei os sapatos, e desisti de caminhar pelo espaço. Será preciso evitar as minas e os bombardeios. Pelo menos até alguém me expulsar do front. Porque essa guerra só vai terminar assim.

setembro 06, 2006

Mr. Flag me acordou às 7h15min. Foi se despedir e me dar um recado importante. A frase "Lulis, o chuveiro está estragado" perfurou meus ouvidos como agulhas de tricô. Perguntei se ele havia tomado banho. Claro que não, respondeu. Questionei "e agora?". Ele ordenou que eu me afastasse do chuveiro e, em hipótese alguma, tentasse trocar a resistência sozinha. "Isso não é coisa de menina". Ele se deslocou na direção da sala, mas eu tenho certeza que ainda ouviu meus gritos de "tomar banho é que é coisa de menina!!!!". Dez graus na rua. Dez. Um pouco mais dentro de casa. E o horário contado para não perder a manicure e não chegar atrasada no trabalho. A maratona começou às 7h42min. Permaneci alguns minutos embaixo das cobertas, arquitetando um plano infalível. E já meditando. "Não está frio, não está frio, não está..." Vesti um roupão por cima do pijama. Com um banquinho da cozinha, tentei por três minutos abrir o chuveiro. Mexe aqui, mexe ali. Pensando a todo o momento que poderia ser eletrocutada. As mãos já doíam de tanto forçar o plástico. Desisti. Perda de tempo. E, de maneira alguma, sairia descabelada pela rua para caminhar três quadras até a ferragem. Dez graus na rua. Plano B. O mais corajoso de todos. Liguei o aquecedor no banheiro. Enchi a espagueteira de água. Lotei a chaleira de água. As duas no fogo, e eu separando toda a minha roupa. O banheiro estava ficando quente. Mas eu ainda estava de blusão de lã. A água estava ficando quente. Mas nunca se sabe na hora do banho. Sem pensar agora. O segredo foi não pensar. Levei a água quente até o banheiro, abracei minha bacia plástica rosa de estimação e me desejei toda a sorte do mundo. Temperei um pouco a água, me ajoelhei no chão e me atirei penhasco abaixo... Chuá, chuá, chuá, por infinitos minutos. Peguei a água na bacia, com a conchinha da mão, e joguei nas costas. Ensaboei, ensaboei. O joelho doendo no tapetinho gelado. Dez graus na rua. Joguei água na cabeça, e distribui o xampu do jeito que deu. Joguei água, água. Coloquei um pouco de condicionador, o resto da água na bacia e tudo por cima de mim, como cachoeira. Tremendo, peguei a toalha e comecei a dançar e cantar "Alalaô-ôôô-ôôô". Mais dois minutos e estava vestida. Gelada, dos pés à cabeça. Sai de casa. Limpinha. Cheirosa. Na rua, 12 graus. Dentro de mim, ainda o termômetro vital em oito. Até agora.

setembro 05, 2006

Eu ainda estou aqui. Mas juro que...

20-20-20-4 hours to go
I wanna be sedated
nothing to do, nowhere to go,oh
I wanna be sedated

just put me in a wheelchair, get me to the show
hurry hurry hurry before I go loco
I can't control my fingers, I can't control my toes
oh no oh no oh no

ba-ba-baba, baba-ba-baba I wanna be sedated
ba-ba-baba, baba-ba-baba I wanna be sedated
ba-ba-baba, baba-ba-baba I wanna be sedated
ba-ba-baba, baba-ba-baba I wanna be sedated

setembro 01, 2006


agosto 29, 2006

Não estou mais centrada. E acho que me sentirei deslocada por um bom tempo ainda. Porque tenho verdadeiro pavor de me sentir obrigada a fazer algo. Tenho ódio de me sentir obrigada a fazer algo que odeie. Mesmo que, infinitas vezes, eu vasculhe dentro dessa imensa sacola universal a melhor das razões e a mais redonda justificativa para continuar fazendo. Para colocar tudo dentro do meu carrinho. A verdade é que a feira anda fraca. Os chuchus estão passados, as batatas enrugadas e o alface murcho e jogado em qualquer canto. E me dizem que devo fazer uma sopa saborosa com isso. E me cumprimentam, chacoalhando os meus braços e fazendo nham, nham, nham, enquanto passam suas línguas sebosas nos beiços rachados. Eu fico ali, mexendo a panela, diminuindo o fogo em alguns momentos. Sentindo que, daqui a pouco, vai começar a feder. E daí, eu não poderei fazer mais nada. E talvez seja tarde para convencer as criaturas a não tomarem esse caldo nojento. A mudarem de idéia, de comportamento, de conduta. De vida? Quem sabe um bolo? Uma banana? Ou coquinhos? Quem sabe coquinhos?!?!

agosto 28, 2006

O final de semana foi diferente. Porque, em primeiro lugar eu me propus a realizar coisas diferentes. Tudo igual. Mas diferente. Um pequeno diferente bem gostosinho com um toque leve de cheirinho de flor e calor do sol e música nos ouvidos. É verdade, é verdade... Eu me estressei muito na sexta-feira. Perto do meio-dia, já estava chorando, brigando, chorando, gritando, chorando, e colocando todas aquelas verdades para fora. O nível do estressonômetro foi até lá em cima, com aquela pontinha vermelha inchando e quase estourando tudo. O prêmio máximo... Que doeu um pouco, mas me libertou do castigo eterno de carregar a culpa e sensação de ineficiência. Eu falei tudo. Pedi demissão também. Não sei se ele aceitou, pois eu já estava soluçando tanto, que metade das palavras saíam incompreensíveis. Desliguei. O gancho novamente no aparelho de telefone. Senti a cabeça doendo, os olhos pegando fogo. E resolvi esquecer. Mesmo. Então, logo após o sinal de igual, a soma do meu final de semana mostra soninho, um livro inteiro, um pela metade, dois filmes no cinema, dois filmes no DVD, um jeans como eu procurava, um sapato novo, chuva, preguiça, família, comida/comida/comida, café na Casa de Cultura, Arctic Monkeys no CD do carro, Keane em casa, roupas para guardar, episódio de House, alguns blogs, nada de MSN, dois e-mails, um pouco de Orkut, contas em dia, recibo da empresa, chimarrão e um alívio do tamanho de um urso branco e fofinho de quatro andares me abraçando e dizendo viu, eu disse que tudo ia dar certo, não falei?

agosto 23, 2006

E para explicar essa minha ausência toda, comunico que, atualmente, o telefone da minha vida faz um único barulho. E é assim ó: tuu, tuu, tuu, tuu, tuu, tuu, tuu, tuu... Tente mais tarde, por favor.

agosto 20, 2006

Há alguns dias que venho pensando nisso... Como é possível dimensionar a bondade de alguém? Levando-se em conta diversos fatores como intenções, trocas, prêmios, gratidão, interesses... Da mesma maneira: como é possível quantificar a loucura de alguém? Julgando coisas como preferências, aventuras, vontades, opiniões. Pergunto isso porque tenho ouvido bastante. Devo ser a louca mais bondosa de Porto Alegre. Então só consigo pensar o seguinte... Se para os padrões normais, tenho tanta bondade assim, é porque tem muita gente ruim infestando esse mundo... Se nos critérios usuais, eu sou assim tão louca, deve ter muita gente que deixou de viver e aproveitar a vida há tempos. E se mundo é uma bola de golfe, eu gostaria de saber para onde a humanidade está sendo direcionada depois da tacada. Para o buraco oito?

agosto 18, 2006

Pensei em uma coisa bem feliz para escrever aqui. Impossível. Porque só de lembrar, comecei a rir muito, rolando no chão com a mão na barriga. Ê mundão que gira esse...

agosto 17, 2006

Enfiei a mão no fundo do casaco. Meus dedos bateram nas chaves de casa no bolso direito. Caminhando pela Andradas, me diverti em contar as moedas do bolso esquerdo. Repetidas vezes. 50 centavos, 25 centavos, um real, dez centavos... Até completar dois reais e setenta centavos. Uma maníaca obsessiva péssima em matemática, mas nota 100 em ética. Imagina a minha vergonha se o motorista da lotação cogitar que, mesmo por um ínfimo segundo, eu tenha pensando em passar a perna mesmo por dez centavos que fossem. Isso não poderia acontecer. 25 centavos, dez centavos, 50 centavos. Ainda caminhando pela Andradas, quase tive a orelha acertada por uma bola, chutada por um hippie de cabelos enrolados e chinelos de dedo. Tudo bem. Mais adiante, um camelô quase me derrubou ao retirar com força a lona que cobria a sua barraca. Voou poeira para todos os lados, e eu senti uma vontade de espirrar. Bem de novo. Perto da esquina, uma senhora andava exatamente na minha direção, e me empurrou com sua enorme sacola de alças contra a parede do prédio. Claro, bem. Desisti de colher raios das tempestades. Resolvi colecionar rastros luminosos de borboletas invisíveis. Aqueles que eu vejo à noite, da janela da minha casa, da sacada da minha sala na Casa de Cultura, entre as pedrinhas do calçamento da Praça da Alfândega. Tão especiais que me protegem da culpa pelos meus textos virulentos e de fatos como o motorista da lotação ter esperado eu chegar até a porta para arrancar o veículo, me deixando parada no asfalto, absolutamente incrédula. Rastros... Isso. Rastros luminosos de borboletas multicoloridas.

agosto 16, 2006

Eu não acredito. Eu estou tão revoltada que não consigo acreditar. Não posso contar, nem revelar detalhes. Porque essa história não aconteceu comigo. E não tem ligação com violência urbana, ou acidente, ou perda de qualquer forma. Tem relação com discriminação, violência contra a pessoa, e traição a um desejo profundo... Meu Deus, como existem pessoas cretinas nesse mundo, que humilham os outros, que obrigam alguém a fazer algo pelo prazer de ver o outro sofrer... Por quê? Era só o que eu queria saber hoje. Que grande merda é ter um chefe de bosta...

agosto 15, 2006


agosto 14, 2006

Não me lembro muito bem. Lembro de ter analisado minhas olheiras bem de perto no banheiro de casa. Nariz quase colado no espelho, vertigem matinal úmida de vapor quente. Me lembro de estar no carro, pé no acelerador, passando alguns sinais. Verdes. Vermelho. Amarelo gosto de laranja. Lembro de apertar 3 no elevador do trabalho. Me lembro de sucessivas xícaras de café. Meio texto. Café. Um e-mail. Café. Telefonema distorcido. Café. Café. Café. Os pés flutuaram na hora do almoço. Lembro que comi muito arroz. Não lembro do pedido, mas o garçom disse que não tinha mais Coca Light. Me lembro da sombrinha minúscula que minha mãe me emprestou. Dos cachorros amontoados debaixo da marquise para escapar dos pingos d'água. Lembro de voltar para o trabalho. Café. Café. Café. Banheiro, finalmente alívio. Lembro dos olhos fechando, se despedindo do monitor, os dedos se encolhendo de leve, e o corpo encurvando. Lembro do barulho. Do solavanco. Lembro de pensar: acorda, Lu. Acorda! Lembro de me ver na cama. Tentando acomodar os cobertores embolados nas minhas pernas. Me lembro da noite clareando no fim, do meu desespero. Do meu sono. Lembro da tortura do relógio, arrastando ponteiros-correntes e assombrando a minha tarde. Lembro que tem muito tempo ainda. E que poderia desmaiar de tanto relaxar no yoga. Lembro dos olhinhos fechando por completo. E dos risinhos nada contidos das coleguinhas. Café. Café. Café. Um sanduíche para embrulhar o estômago para viagem. Lembro de contar os minutos para ir embora. Depois, lembro de escrever no blog sobre cama, travesseiros, olhos, café preto quentinho descendo pela goela. Só isso que eu lembro.

agosto 13, 2006

Tenho ficado exigente. Auto-exigência. Na frente da telinha do notebook, escrevo um texto inteiro, com todo o argumento na cabeça. Escrevo tudo... Reescrevo algumas partes. Leio, leio... Nada parece me agradar. Penso que o raciocínio pode circular de forma diferente. Tento me lembrar de imprimir os sentimentos às linhas. Me apego à simulação dos anseios dos meus leitores. Sim, porque tenho a pretensão de dizer que conheço os meus leitores. Aí, reescrevo uma segunda versão, logo abaixo da inicial. Tudo diferente. Mas tudo muito parecido no fim das contas. Coloco uma música no fone de ouvido. Nem assim.

E a pressão das horas me intimando, para não perder o calendário automático de publicação. Um post por dia, média de quatro comentários por post. Auto-exigência, auto-superação, satisfação inatingível. Sei que às vezes sou o meu pior concorrente, meu mais terrível carrasco, a encarnação daquele mestre absolutamente insatisfeito e descrente do pupilo. Seguro o mouse com delicadeza, seleciono tudo e teclo Del.

Hoje não. Quem sabe amanhã.

Um sábado inusitado. Chá de fraldas do bebê Santiago no Garagem Hermética às três da tarde. Cachorrinho-quente e cerveja. Varal de recordações da Bina e do André, com prendedores de roupa, fotos e sapatilhas da bailarina. Um zine clássico como lembrancinha, com textos sobre parto humanizado e fotos da nova mãezinha. Amigos, toda a felicidade do mundo para vocês.

agosto 12, 2006




O prazer das pequenas coisas. Eu e o meu finalmente meu exemplar de O cavalo perdido e outras historias, do uruguaio Felisberto Hernandez. Tenho que dizer: valeu Cosac Naify. E obrigada, Mari... Pelo presente.

agosto 11, 2006

Eu sou má. Principalmente quando estou trabalhando. Especialmente quando estou escrevendo. São nesses momentos de maldade que tenho alguns hábitos especiais. Normalmente chego em casa, ligo a televisão, permito que a minha cabeça descanse por 17 ou 28 minutos (depende do dia e do calendário lunar), como alguma coisa, faço o planejamento do cenário, desloco as almofadas, ligo o notebook na tomada, armo a bandeja com apoios, coloco o equipamento nessa pseudomesa, sento no sofá, situo a bandeja no colo, me ajeito, acomodo e, depois de duas ou três viradas, estou literalmente presa e pronta para começar o texto.

Na terça-feira, teclei A - G - O, e a música começou. A todo o volume. Usualmente, trabalho com música. Mas não Ana Carolina. Não na potência máxima das caixas de som. Pensei. Um segundo. Dois segundos. Três milésimos de segundo para me desvencilhar das coisas e ir até a janela e descobrir que tudo fazia parte da grande noite de amor que o meu vizinho de porta preparou para alguém. Oh, que querido! Pelo jeito ele pretendia compartilhar o momento com todo o bairro. Me senti na obrigação de contribuir. Peguei o CD do Rancid, coloquei na terceira gaveta do meu som, selecionei a música nove e girei o botão do volume até 38, 39, 40, 39... Tá bom! E lá fomos nós.

Fiquei tão feliz com a integração que pulei, dancei, caminhei pelo apartamento todo. Durante toda a bela canção de punk rock. Quando terminou, desliguei o som e percebi o mais pretensioso silêncio. Suspirei. Desejei boa noite aos pombinhos e fui escrever o trabalho do pós-graduação. Enfim, só.

agosto 10, 2006

Fiquei pensando ontem... Com as mãos bem agarradas no volante. O que é pior? Enquanto olhava a água molhar o pára-brisa. Qual o momento de fugir? E pisando no acelerador. Então... É quando vemos o raio? Ou quando ouvimos o estrondo do relâmpago? Preciso saber.

agosto 06, 2006

A campainha tocou. Eram 11 da manhã. Domingão, chuva, trabalhos domésticos. Eu estava sozinha em casa. No susto, o copo ensaboado escorregou das luvas e foi bater numa xícara dentro da pia. Quebrou. Fechei a torneira e, na frente da porta, estiquei a ponta dos pés para enxergar o olho mágico. Tudo escuro. Pensei um pouco. Olhei de novo e enxerguei o vulto de alguém nem alto nem baixo. Eu ainda estava observando, quando a pessoa esticou o braço, acendeu a luz do corredor e tocou a campainha de novo. Puxa... Era a minha vizinha de cima. Apanhei a chave e abri a porta. Ainda cogitei: ela só poderia ter vindo reclamar do volume do meu som. Lavando louça e ouvindo Arcade Fire... Ah, maravilha interrompida. Deixei fechada a grade depois da porta, e apareci de luvas, descabelada, calça de abrigo e o meu blusão mais velho do universo inteiro. Ela nem esperou. Já foi sorrindo, mostrando o papel que estava na mão e perguntando pelo Mr. Flag. E eu só pensando: Mr. Flag me mata se souber que deixei ela entrar. Disse que ele não estava. E vi. Eva. Isso! Pelo papel, descobri que o nome da vizinha que faz péc, péc, péc com o sapato na minha cabeça, e plim, plim, plim com alguma outra coisa também em cima da minha cabeça é Eva. Eva Regina. E sem Adão ou pudor, ela passou a me contar sobre sua paixão pelo Internacional, como ela estava feliz, que o Inter ganharia a Libertadores, blá, blá, blá... Perguntou se eu tinha computador. Respondi que não. Menti para a Dona Eva. Mas disse que não se preocupasse. Eu mandaria a belíssima frase dela para a promoção do ClicRBS. Poderia até revisar e fazer algumas correções, se ela permitisse. Permitiu, agradeceu, e com as duas mãos agarrando a grade, as bochechas quase encostando o ferro, ela ficou na ponta dos pés, como eu ficara antes, e pediu: abre aí, deixa eu entrar, quero conversar sobre o texto aí dentro, abre aí... Foi me dando um pavor. Sei que, desde 98, ela tenta sem sucesso entrar no nosso apartamento. Eu pensava na fúria doméstica do Mr. Flag, no meu domingo arruinado, no desejo ardente da dona Eva de conhecer a minha casa. E a câmera focou bem no meu rosto, e eu fiquei com aquela cara de fim de capítulo de novela no sábado, e a trilha sonora aumentando, e os créditos subindo...

agosto 05, 2006

Estou mal há dois dias. Sofro porque não entendo o que tenho. Interpreto os sinais, mas não compreendo ou identifico a fonte da minha dor. Na quinta-feira à noite, estava com dor de garganta. Tomei um analgésico e um antiinflamatório para amenizar a possível gripe. Na sexta-feira, acordei tão mal que não fui trabalhar. A garganta e os olhos estavam inchados. Quase um claro sinal de intoxicação. Ou quem sabe uma reação alérgica. Do quê?! Dos quatros gatos da Fer, que ficavam no colo da Marrí e faziam a Sonia espirrar? Do vinho? Dos lotes de comida pronta que comemos antes da minha garganta começar a aumentar? Não resisti ao enigma. Desafiada, resolvi desvendar o mistério sem recorrer aos artifícios médicos de estetoscópios e exames. Sherlock Holmes do meu corpo. Estou juntando as peças. Irresponsavelmente, empurrada por essa curiosidade. Enquanto isso, me arrasto. Sentindo a garganta, a cabeça, os braços, as pernas, os pés, a barriga, o peito, e essa vontade irresistível de virar um caramujo por alguns dias. Encolhida. Encolhida. Bem encolhidinha...

agosto 01, 2006

O bom quando as tempestades cessam é que ficamos com uma perfeita noção da diferença entre o antes (dos raios e trovões) e o depois (anúncio da calmaria). Então, até mesmo reorganizar a vida e as minúcias é um prazer sem precedentes. Organizei algumas coisas hoje. Entre elas, a manutenção do meu blog para (não riam...) divulgar meus textos sérios. A avaliação do pós-graduação já chegou. E, com a autorização do meu amigo e ex-colega da Gazeta Mercantil, publico o primeiro texto do curso de jornalismo literário - a minha entrevista com o Jimi Joe. Visitem o Hummm e comentem. O endereço é http://www.luthome.blogspot.com/.

julho 31, 2006

Fiquei o dia todo acompanhando a rotina alterada da autarquia. Uma movimentação nervosa, conversas aleatórias nos corredores e muita linha solta para fisgar os peixes desavisados. Assim é a política. Assim é como eu vivo e analiso a política. As eleições da nova diretoria acontecem em outubro. E tudo pode mudar. De qualquer jeito, muda. A situação está dividida, gerando os opositores que trazem mágoa e rancor na mala. Vieram a pé, dispensando avião, trem, ônibus e até mesmo mula. Mas prometem agitar as urnas, entregando doces e distribuindo beijos para os profissionais. A minha vida depende um pouco dessa decisão. Um pouco. Porque nunca se sabe. E porque o meu destino depende ainda de outra urna. Juntas, elas me apresentarão a possibilidade... Mas, de novo: nunca se sabe. E política... política é sempre política...

julho 30, 2006

Não preciso duvidar. Tenho certeza que esse sentimento é cultivado por todos os que trabalham na Casa de Cultura Mario Quintana. Essa espécie de apego, de carinho extremo, de atenção afetuosa por esse prédio enorme na Rua dos Andradas. E de uma mágica sintonia com o poetinha de Porto Alegre, o seu Mario Quintana.



Funcionários, colaboradores, colegas... Com aqueles olhos atentos que não permitem que nada saia do lugar, seja estragado... Aquelas mãos que se estendem para concretizar direções e orientações de passeios e salas para visitar. O Quarto do Poeta, as exposições, o Acervo Mario Quintana, o Memorial do Hotel Majestic, os teatros, os bonecos prontos para a fotografia com os visitantes.

"Hoje, o nosso poeta estaria completando 100 anos. Nós estamos comemorando". E com um sorriso de satisfação, estivemos durante todo o dia recebendo pessoas, realizando atividades para registrar o 30 de julho.

Pela manhã, na muito, muito gelada Travessa Rua dos Cataventos, mais de 400 pessoas assistiram o concerto da Orquestra Jovem da Ospa. Até os Beatles, uma das bandas que o poeta gostava, estavam presentes no repertório. Apresentação que também contou com os bailarinos do projeto Quinta,Quintana na Dança. Além disso, fizemos a entrega do Prêmio Mario Quintana, um agradecimento a todas as empresas que apoiaram projetos do centenário.



Depois, no Teatro Bruno Kiefer lotado, mais de 200 pais e crianças curtiram a peça Lili Inventa o Mundo. As anedotas de Quintana, os causos que já são clássicos e as frases hilárias e irônicas ao extremo foram apresentadas no Teatro Carlos Carvalho na peça Ora Bolas!.

No fim da tarde, um recital com piano e voz abrigou mais de 100 pessoas no Auditório Luis Cosme. E, novamente lotado, o Teatro Bruno Kiefer foi o palco para a peça Sobre Anjos e Grilos.



Entre uma e outra atividade, eu andava pelos corredores, vendo as pessoas passearem. Muitas delas, conhecendo a Casa de Cultura pela primeira vez. E eu sorrindo sempre. "Bom dia. Boa tarde. Boa noite. Sejam bem-vindos". Faceira, como se estivesse recebendo amigos na minha própria casa. Que, se valer pelo meu sentimento por esse prédio, é isso mesmo. A comemoração do centenário do meu poeta. Na minha Casa.

Feliz aniversário, Mario!

julho 29, 2006


Parabéns à verdadeira inspiração da minha vida.

Feliz aniversário, mãe!

julho 28, 2006

Voltamos à nossa programação normal...

Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém comemorava algum alívio dos colorados, que eu não sei sobre o que, de que campeonato dizia respeito ou se alguém defendeu ou fez gols.
Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém exibia orgulhoso um anel de noivado, feliz por tudo o que se anuncia na vida do casal. Parabéns, parabéns.
Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém cantou uma música, e eu ouvi, e achei bonita.
Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém entrou em uma lotação qualquer, saído de um hospital qualquer, e derramou várias lágrimas, sofrendo de verdade, e eu pensei, e chorei junto, e achei muito triste essa coisa de vida e de morte.
Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém de uma banca de jornal qualquer, de uma esquina qualquer, ficou me esperando com um sorriso, só para me dizer oi.
Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém jantou quieta, assistiu tevê e nem precisou esperar o sono chegar.
Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém caminhou devagar até a cama, acomodou a cabeça no travesseiro e, sem chegar a conclusão alguma dos porquês e motivos e razões e desafios que não cessam nunca e questionamentos que implodem a consciência, fechou os olhos e dormiu.

Minha voz ecoou pelo quarto vazio, quicando nas paredes como ping-pong, e não encontrando resposta alguma. Não foi uma pergunta difícil. Tampouco foi pronunciada no fraco tom dos covardes. A voz foi impulsionada por essa coragem tardia, que insiste em proferir que sente a tua falta, mesmo não sabendo onde estás. Talvez tão perto quando, de olhos fechados, sinto a tua névoa que cobre o meu corpo, como um céu de algodão doce, quente e cheiroso. Talvez tão distante, que minhas mãos encostam e sentem o gélido nada, o universo do não que engole e consome. E some. Eu sonhei contigo, e te imaginei no longe mais próximo de mim. E eras um astro de rock. Entre os meus dedos, um copo de vodka. E novamente a música na minha cabeça me dizendo para esquecer tudo. Que era o momento de cristalizar a imaginação, posicionar os pés para fora da beirada, e saltar de cabeça no precipício que terminava na água límpida com gosto de cereja. No sonho, nós dançamos. Afastados. Requebrando. Levantando os braços e desarrumando os cabelos. Mas sem tirar os olhos um do outro. Isso eu me lembro. E, no quarto vazio, falei de novo. Como uma nova raquetada contra a bolinha branca.

julho 27, 2006

Assaltaram a Casa de Cultura nessa madrugada. Estresse. Muito estresse. Isso também significa outra coisa: além de atender todos os repórteres de cultura do Estado, desde hoje também estou atendendo a editoria de polícia...

julho 25, 2006



Então é isso! Me obriguei a ter cinco minutos de intervalo para convidar os amigos. Dia 30 de julho é o motivo da minha ausência. Dia 30 de julho é o motivo da minha pseudo-loucura. Dia 30 de julho é o motivo de felicidade e confraternização. Estarei o dia todo de plantão na Casa de Cultura, comemorando o centenário de nascimento do poeta Mario Quintana. Orquestra Jovem da Ospa pela manhã, teatro infantil à tarde, recital no fim de tarde e teatro adulto à noite. Tudo com entrada franca. Quem quiser/puder, aparece por aí. Um encontro meu comigo mesma e com os amigos vai acontecer somente no dia 31 de julho. Até lá, muito trabalho me espera.

julho 24, 2006


Eu sumi.
Sei.
Se alguém me achar por aí, por favor, me avisa.
Eu também estou me procurando.

julho 19, 2006

A proposta foi apresentada. Os convites, devidamente oficializados e aceitos. A jornada pode começar a qualquer momento. Basta ligar o carro. Repito: basta ligar o carro... O cartaz desse filme das nossas vidas é que já está pronto. A arte, uma cortesia do Mano, apresenta Lu (como Thelma), Moni (como Louise), Déia (como a caroneira misteriosa) e Mari (como o sol dos Teletubbies). Em breve, num cinema longe de você.

julho 17, 2006

Hoje, me lembrei da minha viagem a Salvador. E de que, entre os vários conselhos que recebi, estava o fatídico: não vai ser boba de pedir carne nos restaurantes de lá. Tem que comer peixe! Tem que comer camarão!! Viva os frutos do mar!!!... Ok. Como era a primeira vez, na vida, que eu viajava sozinha, tentei considerar os inúmeros avisos, dicas, lembranças, recados, ameaças, terrorismos e informações que todas as pessoas que conheceram a Bahia antes de mim acharam importante mencionar. Certo. Entrando no Pelourinho, às 15h de uma terça-feira, eu estava com uma fome do tamanho da minha curiosidade pelo lugar. Mas achei conveniente almoçar antes de passear. Entrei em um café simpático, procurei por uma mesa vazia e pedi o cardápio. Depois de analisar por 22 segundos, meus olhos não desgrudaram da sugestão do chefe. Me parecia boa. E sempre tive confiança nessa intuição gastronômica: tenho grandes chances de pedir o melhor prato quando conheço um novo restaurante. Pois bem... Garçonete, eu vou querer a carne à moda do chefe... A carne... Isso aí!!! C-a-r-n-e!!! Porque se eu estava sozinha, em uma cidade desconhecida, pronta para desbravar, a primeira coisa que eu deveria fazer era quebrar qualquer regra pré-estabelecida. E confesso: até hoje, eu ainda sonho com aquele suculento pedaço de carne coberto com o molho mais inesquecível que eu já provei... Ah, essa vida de rebelde é realmente fantástica.


X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X


Eu e a Moni concordamos de brincar de Thelma e Louise. Momento mais propício do que esse não poderia existir. O plano é fácil e a lista de necessidades é um clássico cinematográfico. Os problemas já existem. Basta prosseguir com o plano de fugir deles. A medida seguinte é alugar, comprar ou roubar um conversível. Claro que deve ser vermelho, potente e forte, para agüentar os trancos das estradas brasileiras. No mapa, está definido o roteiro. E, especialmente, a clássica queda. Depois de fugir da polícia e mostrar uma banana para todo o universo, vamos acelerar na direção do precipício da Chapada dos Guimarães. Velocidade, velocidade, velocidade. E as mãos dadas voando pelo vazio. O melhor de tudo: eu é que vou ficar com o Brad Pitt. Pelo simples motivo de que a Moni sempre achou que lidava melhor com armas do que eu... Ah, esse mundo de crime, do sexo e da fantasia é realmente fantástico.

Eu pedi que me deixasse aqui quietinha. Estava achando suficiente todo o meu mundo de papel e letras impressas em laser. Eu achava importante tudo o que fazia. Essencial tudo o que pensava. Eu implorei para que me deixasse aqui em paz. Eu tinha prometido que não importunaria mais ninguém. Eu rezava todos os dias para ter paciência e ser ainda melhor. Eu me concentrava para executar tudo o que pudesse. Eu gritei com toda a minha força para que me esquecesse um pouco. Já não bastavam as cobranças. Já não bastava a falta de reconhecimento e os pedidos mesquinhos e ridículos. Eu fiquei com raiva. Fiquei com nojo. Fiquei com muita pena. Agora, só te peço que me devolva o tapete bem limpinho. É o mínimo que eu mereço. Depois que ele foi puxado dos meus pés.

julho 14, 2006

O menor dedinho do meu pé direito puxou as minhas orelhas. Elas reclamaram um pouco. Doeu e o sermão foi pesado. O dedo gritava o que seria da minha vida, o que eu faria. O quê? O quê? A consciência nem ligou. Continuou ali, jogada no chão, fumando um cigarro e falando impropérios a todos os que tentassem lhe puxar e provocar qualquer movimento. A vontade sorria de tudo, fingindo alienação faceira, mas torcendo para que a situação fosse incendiada pela discórdia entre o desejo e o pudor. Esses dois velhos conhecidos, que partiram para a briga depois de algumas doses de uísque. Indiferente, a vergonha disse que se matassem. Ela não ligaria, e não teria problemas com escândalos, com as reclamações das senhoras de família ou com a polícia. O pé esquerdo chutou o balde. E as mãos foram correndo fechar as janelas, para evitar que todo o caos virasse saborosa fofoca na língua dos vizinhos. O pensamento continuava procurando soluções nos livros, e boca já rezava para todos os santos de todos os milagres de diferentes religiões. Nos olhos, dava para perceber que a paz tardaria, e o estômago estava nervoso demais para pensar em outra coisa que não fosse chocolate, damasco e uma cervejinha. E eu? Continuei ali, incrédula, dividindo uma Coca Light com o meu coração. E pedindo, pelo amor de Deus, que ele me ajudasse, antes que tudo isso virasse novela mexicana ou romance de quinta.

julho 13, 2006

Porque, algumas vezes, eu tenho medo de fechar a boca. E abrir os olhos. E sentir o corpo ser inundado por esse completo catálogo de possibilidades que é o mundo. Coisa bem produzida, com fotografias requintadas e nuances e com descrições simples e essenciais como bolo de cenoura com cobertura de chocolate em dia de chuva. Eu olho, olho. Mal consigo desviar o olhar. Minhas mãos recuam um pouco. Meu sorriso se esconde atrás de lábios rígidos. Penso que pode ser tarde demais. Que não existem ouvidos em parte alguma dispostos a conhecer as minhas necessidades. Ou minhas dúvidas. Esses questionamentos que infestam minha cabeça como pequenos vermes. E eu sigo, adquirindo esse formato de vaso de cerâmica. E, no topo, logo acima dos meus cabelos, cresce uma margarida.

julho 12, 2006

- Olha... Eu recebi um powerpoint da minha irmã.

- Quem são?

- A seleção italiana de futebol.

- Hummm.

- É...

- E eles estão de cueca?

- Sim. Dolce&Gabana.

- Nossa...

- Verdade...

- Olha a barriga daquele ali!

- Ah...

- Olha o tamanho do braço!

- É.

- Puxa...

- Um homem desses pode até destruir uma mulher...

- ....

- Alice? Tá me ouvindo?!?!

- Sim... É que estou pensando nessa destruição toda...

julho 11, 2006

Eu estou atucanada demais para mandar e-mails ou pegar o celular... Então... Vou experimentar isso aqui...

Mano - Vou precisar daquele Grande Sertão Veredas que eu te dei te aniversário. Tá?
Mari - Que tal um cinema hoje? Também estou precisando.
Moni - Lembra do CD Pearl Jam ao vivo em Porto Alegre? Tu não deletou, né?
Pai - Lembra de me trazer a foto.
Mãe - Lembra o pai de lembrar de me trazer a foto.
Sonia - E o nosso encontro?
Marrí - Ih, tô devendo as fotos. Prometo, prometo...
Marcelo - E a foto minha com a Malu? Beijos pra vocês!
Mr. Flag - Obrigada pelo novo estoque de Farinha Láctea e suco de uva.
Manu - E o nosso café? Ah, o CD da nossa corrente vai amanhã.
Tati - E o nosso café? Tu não vai me abandonar, né?
Ane - Gostei da reformulação do Clandestina. E os escritos, como vão?
Danilo - Até agora fico imaginando o pequeno Murilo ouvindo Mozart.
Angela - Que tal combinar outro passeio no Brique?
Napp - Volta logo de Montevidéu.
Miguel - Saludos de Brasil!!!
Kemi - E o nosso almoço na CCMQ?
Edmundo - Tô com saudades.
Alice - Fica melhorzinha. Tira um gatinho da cartola.
Letícia - Manda calor da Bahia pra mim.
Déia - Vou te ligar para aquele café com cinema. Ou pipoca com cinema.
Rodrigo - Mas aquela cabeçada foi mesmo feia. E os filmes, como vão?
Sassá - Ainda não tenho retorno do CD branco dos Beatles.
Dany - E a nossa festa? Sai quando?
Lu - E um post decente nesse 50kg? Sai quando?

Atualizando: compromissos sociais geram compromissos sociais.

Nando - Vamos fazer a janta com a Pietra ainda esse mês. Confirmado.
Samir - Estava anotado na agenda. Confirmo o TPS amanhã. Beijos!

julho 10, 2006


Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas.

"Ela não vai parar de falar nesse cara?"

NÃO.

Vila-Matas me apresentou Felisberto Hernández, me relembrou Jorge Luis Borges, me fez sentir saudades de Kafka, me transportou para o tempo em que eu idolatrava Ítalo Calvino, me fez ter vontade de seguir adiante com os planos de ler Miguel de Cervantes, de redescobrir Shakespeare, de conhecer ainda mais Georges Perec, de me aventurar de mãos dadas com James Joyce, me encorajou para tentar Charles Baudelaire, começar algo com Fiódor Dostoievski, e ter o sentimento de que agora é a hora de desfrutar Guimarães Rosa. Sinto como se fosse uma festa, promissora... E que está apenas começando.

julho 09, 2006


Parabéns ao verdadeiro super-herói da minha vida.

Feliz aniversário, pai!

julho 08, 2006

Todos desejamos resgatar por intermédio da memória cada fragmento de vida que subitamente nos volta, por mais indigno, por mais doloroso que seja. E a única maneira de fazê-lo é fixá-lo com a escrita.

A literatura, por mais que nos apaixone negá-la, permite resgatar do esquecimento tudo isso sobre o que o olhar contemporâneo, cada dia mais imoral, pretende deslizar com a mais absoluta indiferença.


Não resisti compartilhar um pouco de Enrique Vila-Matas, e seu Bartleby e companhia.

julho 07, 2006


- Tô com o pé gelado.

- Ai... Ai, que horror...

- Esquenta aí... E não reclama.

- Que sacrifício...

- E me abraça.

- Hã?

- Tô mandando, Maurício.

- Tá.

- Hummm.

- Que pé gelado.

- E fala umas coisas bem podres no meu ouvido.

- O quê?

- Fala. Já disse que tô mandando.

- ...

- Não vai falar?

- Não consigo, Beatriz.

- Santinho.

- Qual é?

- Eu quero ouvir. Vai...

- Não consigo.

- Bah! Pergunta pros teus amigos. Duvido que eles não falem sacanagem.

- Só o que faltava.

- Puxa... Terei que incrementar as tuas leituras...

- Sei...

- Vamos começar com Quarup.

- Por quê?

- O padre Nando é realmente quente.

- A-hã.

- Que decepção.

- Sei lá.

- Que falta de criatividade.

- Eu acho que tu anda lendo demais Revista Nova.

- Sei... Mas fala algo bem podrão, fala...

- Boa noite...

- Qual era mesmo o canal que passa filme pornô?

- Vai dormir, Bia...

- Maurício?

- Hã!?!?

- Nada...

julho 06, 2006

Do you have the time to listen to me whine
About nothing and everything all at once
I am one of those
Melodramatic fools
Neurotic to the bone
No doubt about it

Sometimes I give myself the creeps
Sometimes my mind plays tricks on me
It all keeps adding up
I think I'm cracking up
Am I just paranoid?
Or am I just stoned


Não sei se eu estava delirando ontem com a febre. Mas eu sonhei que o Green Day estava tocando na televisão. Uma música feita só pra mim. E que dizia todas essas coisas. E, no final, me mandava fugir para o Paraguai.

julho 05, 2006

Tudo o que eu queria hoje era que a Tina Turner, enfermeira que trabalha na SAMU aqui em Porto Alegre, viesse me salvar. E me levasse para um lugar bem quentinho. Longe de todas as pessoas. Todas. E me dissesse que essa dor no meu peito não é nada grave. Tina, me saaaaaaaaaaaaaaaaalva!!!

Atualizando: Me arrastei a tarde inteira na CCMQ. Tive até dor no peito. Cheguei ontem em casa e peguei o termômetro. 38.8, hummm... Liguei para a minha mãe e memorizei todas as dicas possíveis para tirar a febre de mim. Fiz tudo, tudo... E, literalmente, delirei por duas horas e meia. Sozinha em casa. Lembro de ter atendido a Nóia no celular. E lembro que o Mr. Flag atendeu outras pessoas no meu celular e no telefone de casa. Galera, foi o maior sufoco dos últimos tempos. Mas hoje estou beeeeeeeeem melhor. Agradeço a preocupação de todos. Principalmente da Tina...hehehe.

julho 04, 2006

Da primeira vez, não nos acertamos. Ele chegou assim, meio grosseiro. Parecia me desafiar. E eu não gosto disso. Não me chama para a briga se não quiser levar um soco bem no meio do nariz. Foi o que eu respondi. Ele riu, me disse que ficasse quieta e aproveitasse. Mas, ah... Como se eu fosse conseguir depois de toda essa provocação. Ainda tentamos ficar juntos. Ninguém pode dizer que eu não tentei... Tentei, sim. Procurei a melhor posição no travesseiro, me acomodei no cobertor e até o rádio do criado-mudo eu desliguei. Tudo para criar a melhor situação. Mas não teve jeito. E confesso que não foi com tristeza nos olhos que me despedi dele. Foi com um certo alívio. Pronta para outra(s), me embrenhei em novas aventuras. E até gostei. Curtição de verdade. Foi aí, que outro bateu à minha porta. Um tal de Bartleby. Quieto, "lamentavelmente arrumado, lamentavelmente respeitável, extremamente desamparado". Ele dizia: "Acho melhor não". "Acho melhor não". E, depois de tristemente acabar, trouxe meu amigo grosseiro novamente. Ele entrou com um sorriso de canto de boca no meu quarto. Como quem se questiona se, dessa vez, eu estaria pronta para ele. Disse que estava. E me entreguei totalmente, com a luz de cabeceira como nossa única testemunha. Contrariando todas as expectativas, Bartleby e companhia, do Enrique Vila-Matas é uma das mais deliciosas leituras dos últimos anos. Com o Melville e o seu Bartleby como nossos padrinhos, é claro... Ai, ai... Romances novos são sempre... Bem, vocês devem saber o que...

julho 03, 2006

03 de julho é o dia do aniversário de um dos meus mais queridos amigos. Poeta, amigo e chefe. A ironia em pessoa. E o deboche no gatilho, pronto para disparar em qualquer direção. Um dos meus confidentes, e um dos maiores apoiadores na minha empreitada de escritora. Um amor de pessoa, mas um doce bandido em alguns momentos. Companheiro de risadas na tardes da Casa de Cultura. E pai do Ariosto, o passarinho gordinho que ganhou vida nas páginas de um livro na última quarta-feira. Na foto, Sergio Napp e eu no lançamento do Passarinhar-se dele. Feliz aniversário, Napp!

03 de julho também é o dia do aniversário de outro querido amigo. Colega de oficina do professor Assis e primeiro leitor das coisas loucas que escrevo. Feliz aniversário, Samir!

julho 01, 2006

Ainda restavam algumas horas do dia. Olhei para os meus pés, e vi que os pequenos dedos se apoiavam com força no tecido. E provocavam o impulso necessário para projetar o tronco levemente para a frente e, com o braço direito, abaixar a aba da rede. Meu pai estava em pé, ao lado da grande árvore que sustentava uma das pontas. Virei o rosto e sorri para ele. Pedi que embalasse a rede. Continuamente. Esquerda e direita. Esse lado aqui e o lado de lá. Eu tocava a grama no chão, sentia a terra sujando a mão com vontade. Agarrava algumas folhas secas e analisava cada um de seus retículos. Como se fossem os fios condutores que relatassem a história dessa semente que originou a folha, que lá do alto analisava o mundo. E que, um dia, despregando-se do galho, decidiu alçar vôo. E se atirou na direção do desconhecido. Veio parar aqui. Perto de mim. Sempre perto de mim. Coloquei-a próxima do meu rosto, e adormeci. De um lado para o outro. Sem sentir o tic-tac, sem precisar contar nada. Estendendo as mãos e ganhando os abraços mais inesquecíveis do mundo. Morrendo de rir com a Moni, à sombra da pitangueira. Sem que nos déssemos conta de que nossos rostos estavam completamente sujos e roxos depois de comer as frutas. Brincando de escolinha com a Mari. Ensinando que um mais um fazem dois. Ajudando a mãe a fazer o Mano adormecer. Tocando de leve a sua testa e fazendo um carinho bem, bem suave. Dormi sorrindo com tudo isso. E acordei quando já era noite. Ainda deitada na rede, avistei a luz da casa. Segui pisando forte pelo caminho de pedregulhos, para chegar até a porta, abrí-la, e contar para todo mundo que esse meu mundo de sonhos era real.

junho 29, 2006

Eu queria que as idéias saíssem pelos meus dedos e ganhassem vida pelo teclado. E que, na tela do meu computador, as letras começassem a dançar e a cantar. Como num show da Broadway. E o espetáculo contaria a história da minha vida. Repleto de figurinos, personagens e cenários. Paredes de um colorido que poderia lembrar o meu sorriso. E de uma noite mais brilhante como eu sempre sonhei. Eu poderia relembrar todas as coisas, como se fosse um almoço com um velho amigo, de muitos anos, de muitas risadas, de conhecer a minha vida até o avesso. Eu perguntaria, depois que ele posicionasse os talheres no prato: "Me acompanha num cafezinho?" E os atores começariam a cantar, meu pé já batendo no chão, o dedo tocando com ritmo a alça da xícara, a cabeça de um lado para o outro. E as canções falariam sobre mim. Sobre as coisas que eu penso, sobre o que as pessoas acham que acham, mas na verdade não podem achar nada. E as canções me diriam para onde seguir. Eu ficaria feliz. Porque teria um mapa completamente novo na minha cabeça. E perderia o medo. Pois direções são preciosidades. Mais valiosas que um baú abarrotado de jóias. A música continuaria. Eu teria cada vez mais certeza. Até o momento em que as cortinas se fechassem. E o meu coração ardesse em desespero na curiosidade de saber se alguém aplaudiria ou não...

junho 27, 2006

Mais uma música adicionada à discoteca particular da minha cabeça. Do Muse... Vai! Canta aí comigo!

Far away
The ship is taking me far away
Far away from the memories
Of the people who care if I live or die

Starlight
I will be chasing the starlight
Until the end of my life
I dont know if it's worth it anymore

Hold you in my arms
I just wanted to hold
you in my arms

My life
You electrify my life
Lets conspire to ignite
All the cells that would die just to feel alive

But I'll never let you go
If you promised not to fade away
never Fade away

Our hopes and expectations
Black holes and revelations
Our hopes and expectations
Black holes and revelations

junho 26, 2006

Tranqüila. Bem tranqüila. Levantei da cama. Com notas musicais na cabeça. Tranqüila. Tomei banho. Aproveitei o sabor do suco de uva. Olhei o relógio. Na medida. Nem atrasada. Nem adiantada. Pintei os olhos. Arrumei os cabelos. Enrolei o cachecol no pescoço. Vesti o casaco grosso. E andei pela calçada. Até o estacionamento. Olhando para o chão. Protegendo os olhos. Do vento. Do frio. Abri o meu carro. Dirigi até o trabalho. Cantando. Rindo do remix forçado. Dos pulos do CD. Cada vez que eu passava em um buraco. Nem os buracos. Nem eles me incomodariam hoje. Trabalhei bastante. Organizei todo o material. E fui até a Vila Nova. Conversei com os meninos da gráfica. Combinamos toda a impressão do jornal. Voltei cantando mais. Retornando para a mesma música. Sempre a mesma. Que fala da luz de uma estrela. Fala de seguir essa estrela. Porque ela eletrifica a vida da gente. E é isso. É isso que se precisa. Almocei. Também na medida. O caminho estava gelado. Uma ventania. Mas a comida quentinha. A companhia agradável. Brindei a tarde com um café. Para descongelar o corpo. Me aprontar para o turno. Terminar de organizar mais coisas. Tudo já planejado. Mas um telefonema. Um telefonema bastou. Para abrir a passagem do caos. A pessoa foi muito pedante comigo no telefone, e eu confesso. Até aquele momento ainda não tinha notado que o céu estava carregado de nuvens. Muito carregado de muitas nuvens e eu tive vontade de xingar o cara, falar coisas horríveis. Mas me controlei. Não podia deixar nada estragar a minha segunda-feira na medida. Justo no momento em que entram novamente na minha vida para me dizer que o trabalho ainda não estava finalizado que eu talvez tivesse sonhado isso mas que a verdade era que teria que escrever ainda nessa tarde mais duas páginas do jornal que eu tinha produzido ontem durante toda a tarde enquanto chovia muito e eu bem que poderia estar dormindo e sonhando mas estava trabalhando e pra nada pra nada porque daí fiquei nervosa e daí eu me descontrolei e comecei a ficar ainda mais furiosa quando li o material prévio dessas novas páginas e vi que não tinha nada nada nada tudo era um lixo completo e teria que ser refeito por mim é claro em menos de uma hora porque eles fizeram o favor de não alterar um minuto sequer do cronograma pois não podemos atrasar a entrega e aí nesse meio tempo digitando feito uma louca ainda consegui chatear uma pessoa via MSN e deixei o assunto mal resolvido porque tinha que trabalhar e discuti com uma colega porque fui dispensada de uma viagem que eu queria muito ir e não achei justo e gritei que ninguém reconhece um milésimo do meu esforço que depois ficam reclamando dos meus dramas sem fim mas a minha vida é um drama pesado cheio de lágrimas e exageros e também não pedi desculpas para as cinco pessoas que eu xinguei muito e nem me lembrei que um dia a minha promessa na aula de psicossíntese foi de nunca mais brigar no meu trabalho nunca mais fazer bolos e deixar todo mundo desesperado tentando me conter mas eu pensei que se ralem que se ralem que se ralem todos porque essa vida é muito injusta e hoje eu estava a fim de quebrar tudo mesmo bem no meio na medida da minha segunda-feira destruída. Vou pro yoga.

A brincadeira toda deixou um gosto de algodão-doce na minha boca. Abri o dicionário, como quem procura por formas de animais ou gostosuras nas nuvens. Procurei por palavras. Inusitadas, surpreendentes, para que eu as aprenda e imprima um toque de clássica erudição às minhas piadas de menina grande. E eu fiquei olhando a tela do computador, admirando as palavras, pensando que elas se pareciam com coelhinhos, depois com um navio imenso, e também com sorvetes de chocolate, e aquela ali mais parece um pezinho todo jeitoso. E só fiquei imaginando a tua cara de surpresa, quando eu despejasse todas elas, uma a uma, da minha boca para o teu ouvido... Bem baixinho.

junho 25, 2006


Ontem, 50kg e Clandestina ultrapassaram o mundo virtual. O encontro aconteceu no Café do Lago e foi regado a muito café, guaraná diet, gato preto, coincidências, literatura, diferenças, miopia e astigmatismo, confissões, paixões pelo Rio, encanto por Salvador e muita, muita Era de Aquário nas nossas trajetórias. Um dos encantos da vida são essas afinidades instantâneas, feito Polaroid do tempo em que éramos crianças. Pois tem o potencial de durar muito. Ane, adorei ter te conhecido assim, longe da fronteira do blog, pessoa completa.

junho 24, 2006

Direto de Ji-Paraná, com banda larguíssima e cachos acentuados... Bem-vinda ao mundo moderno! Está inaugurada a temporada de conversas na Internet.

Tá. Ontem eu estava louca. Desculpa se eu gritei contigo. Desculpa se fui grossa naquele e-mail. Desculpa se joguei aquela colher cheia de Farinha Láctea contra a parede e fez um buraco e a massa ficou endurecida no bege caramelo claro. E o resto ficou ali jogado. E eu não limpei. É claro. Pisei forte com as minhas pantufas de cachorrinho, e girei, girei só com os pés, até cair e bater com a bunda no chão. Foi engraçado. Mas eu fiquei irritada. E liguei o rádio, e coloquei aquele CD de punk rock que eu amo, e a vizinha que gosta de tango não suportou. Bateu na porta repetidas vezes, e ameaçava me mandar para a ponte que partiu. Não sei por que. Acho que foi destruída por um temporal. Esse mesmo que está sobre a minha cabeça. E sobre a cabeça do mundo. Vai, olha! Olha! A nuvem tá bem aqui, ó!

junho 23, 2006


Ê, sexta-feira!

junho 22, 2006

Porque tudo começou ontem à noite. A Lê foi jantar na minha casa. Eu fui no supermercado e comprei vinho para a comida e Polar Bock para mim. Eu estava com vontade de tomar Polar Bock há um mês. E não encontrava nunca. As garrafinhas estavam lá, na geladeira do corredor das bebidas, só esperando pela minha vontade. Cozinhei. A Lê ficou sentada num banquinho na minha cozinha. E eu mexendo as panelas, fazendo as minhas tradicionais poções e superstições culinárias. E nós falando... Falando, falando, falando... Conversamos sobre todas as coisas que aconteceram desde que eu fui para a Bahia em janeiro. Muita coisa. Mais de quatro meses de novidades. Sentamos na sala. E conversamos mais. E eu jantando e tomando a minha Polar. ÊÊÊ! Contei pra ela dos meus planos, do trabalho e das confusões. Fiquei com as bochechas quentinhas. Claro, ri sem parar. E a cerveja subindo para a cabeça. Subindo, subindo. Levei a Lê até a Anita Garibaldi para pegar um táxi. E voltei para casa cantando, e imitando com os braços a bateria de uma música do CD novo do Muse que entrou e ficou, ali, num cantinho do meu cérebro. Lavei a louça. Cantando, cantando. E fui dormir... A primeira coisa da manhã, depois do banho, suco de uva e café com leite, foi a manicure. Maravilha, maravilha. Peguei a lotação e sentei no lado esquerdo, para ficar com o rosto encostado no vidro, pegando sol e ficando bem quentinha de novo. Claro, cantei mais. Eu adoro cantar na lotação. E, às vezes, eu também falo. Coisas que até as pessoas concordam. Ou eu fico com vergonha quando falo alto demais, e aquelas senhoras de casacos grossos e jóias transbordando pelas mangas acham que sou maluca. Desci no Centro. E atravessei toda a Praça da Alfândega, analisando os camelôs que vendem qualquer coisa que se queira. Os da Praça são mais sofisticados, têm artesanato e umas cuias lindas. Em uma das bancas, alguém fazia um tratado maravilhoso sobre Leonardo da Vinci. Fui fazendo o caminho do sol até chegar à Casa de Cultura. Cheguei e sentei no computador. Li os e-mails. Conectei o MSN. E comecei a andança pelos blogs afins... E comecei a conversar com a Moni pelo chat do Gmail. Conseguimos falar bastante, pois a conexão de Rondônia não atrapalhou nada. E ela me contou do trabalho, da poeira, do modem de banda larga que não chega nunca. Me contou da Tess e de histórias engraçadas de estufas, alfaces e gatinhos. E eu ri muito. Gargalhei. E nem senti o tempo passar. Olhei o relógio. E fiquei com medo de almoçar sozinha hoje. Liguei para o Napp. E, ao mesmo tempo, ouvi um toque de celular no corredor. E ele atendeu bem baixinho, pra fingir que não estava ali. E eu desliguei e peguei ele na tampinha, fazendo a brincadeira comigo no momento em que chegava na Casa. Voltei para computador, para fazer uma hora. E li uma coisa tão linda, linda, linda no blog da Manu. E me concentrei em alguns parágrafos. E admirei a coragem dela por ter contado tudo, tudo, tudo... E fiquei feliz por saber que ela é minha amiga. E que eu sou amiga dela. E que tenho tantos outros amigos. Que eu acho especiais, essenciais, luz. Olhei para a mesa ao lado da minha. E o sol, se esgueirando e se refletindo em vidros de prédios e carros, conseguiu entrar na minha sala. E ele dançava, como que querendo me mostrar alguma coisa. E eu nem liguei. Levantei da cadeira, aumentei o volume do rádio, e saí dançando com ele. E eu nem liguei que era meio-dia. Nem liguei que estava na minha sala, e que algumas colegas passaram e riram da minha discoteca particular. E achei que seria interessante escrever no blog sobre todos os pensamentos da minha cabeça. Num post enorme. Do tamanho dessa coisa boa que estou sentindo por dentro há algum tempo.