outubro 30, 2007

Ok, seu doutor. Assim não dá mais. Fiquei culpada por dois longos meses. Pensando o que pensariam de mim os que pensavam que eu pensava que nunca deixaria de tomar um remédio receitado ou indicação feita no consultório. Mas, pensa bem... Fiquei assustada, com aquela série de gripes consecutivas no mês de junho. Eu perdi as forças. Não comentei nada, porque não tive energias para sequer marcar uma consulta. O pessoal de um projeto aí ligado aos livros já estava no meu pé. Então, a saída foi parar de tomar o comprimido. Não queria arranhar ainda mais o disco: "não estou me sentindo bem, não estou..." E, então, com a culpa inchando o peito, resolvi entrar na farmácia, ser esfaqueada pelo atendente, e pagar R$ 170,00 pela caixinha de quatro comprimidos. E o que aconteceu, seu doutor? Estou doente de novo. Me arrastando pelos corredores do trabalho... Assim não dá mais. O que eu faço agora? Vai me dizer que isso é uma coincidência macabra? Sinistro é o enjôo que estou sentindo, a dor de cabeça, a fraqueza. E, nem quero nem pensar (já pensando...) no que vai acontecer se eu repetir os exames e tiver piorado de novo? Ai... Que medo.

outubro 25, 2007

outubro 24, 2007

Era um pequeno pacote postal inofensivo, razão pela qual Antoine não tinha desconfiado de nada ao abri-lo na cozinha. Tinha rasgado o papel, a fita adesiva e ao abri-lo uma deflagração o projetara contra a geladeira. Com os olhos fixos, ele permaneceu contemplando o pequeno pacote que continha uma edição de bolso da correspondência de Flaubert. Seu coração retomara pouco a pouco o ritmo regular. Ele chorara, sem poder conter-se, como se as lágrimas tentassem transportar a visão do livro sobre a mesa, ou apagar o incêndio que ele tinha provocado explodindo na sua memória.

Como me tornei estúpido, de Martin Page

outubro 19, 2007

O café, com olhos deles, por mais açúcar que eu pusesse, estaria sempre salgado à mesa depois de um banho de domingo. Café com sal, decorei, se toma assim:
mói o pó preto dentro de ti;
não tentes fugir da água quente que cai;
espera a pedra-brasa doer tuas águas;
não temperes com os olhos que te beberam;
olha pro nada preto do café - ele é parte de ti;
não chores - aceita o choro inverso.


Se choverem pássaros, de Altair Martins

outubro 17, 2007

A essa altura, Blank leu tudo o que conseguiu agüentar, e não achou a menor graça. Num rompante de raiva e frustração reprimidas, atira o manuscrito por cima do ombro com uma guinada violenta do pulso, sem se incomodar nem mesmo em virar a cabeça para onde ele vai parar. Enquanto o calhamaço se agita no ar e depois cai no chão com um baque atrás dele, Blank esmurra a escrivaninha e diz em voz alta: Quando é que vai acabar este absurdo?

Viagens ao scriptorium, de Paul Auster

outubro 16, 2007

Sabe quando se está sensível? Pois é... Tenho tentado me brutalizar quanto a certas questões. E, com isso, acabo abrindo bastante a guarda nos assuntos em que me sinto à vontade, no meu chão... Ontem, tive uma vontade de chorar em pleno supermercado. Encontrei o Mr. Flag no Bourbon Country e, enquanto ele pagava e eu analisava as manchetes absurdas das revistas de fofocas, comecei a ouvir uma voz... Vozinha, bem fininha, mas tão animada... Perto das prateleiras de plásticos e afins, uma menina de casaco rosa e branco falava bem alto: "Mana, vem aqui olhar!! Olha que legal isso!!". "Maninha, vem ver o que ele fez!" Ela devia ter uns sete anos de idade. Podia ser eu, com sete anos de idade, chamando a minha mana (que possivelmente estaria distraída olhando algum outro produto, no mundo da lua, com aqueles cabelos crespos e desalinhados...). Me deu uma saudade da minha mana Moni. Me deu uma saudade do tempo em que éramos crianças, e brincávamos de tudo: de escolinha, de casinha, de comidinha, de subir na árvore e comer frutas, de andar de bici, de jogar bola, de nadar no rio... Daí eu fiquei bem concentrada, gritando bem alto dentro da minha cabeça: Mana!!! Mana!!!! Pra ver se a Moni me ouvia lá de Rondônia. Sei que o aniversário dela é amanhã. Mas não resisti de publicar isso hoje... Pra ilustrar a semana de comemorações e homenagear quem está longe.

Feliz aniversário adiantado, Moni!!! Saudades... Te amo!

outubro 12, 2007

Como agir frente a uma injustiça? Eu chorei. Chorei muito para ver fora de mim tudo o que eu estava sentindo. E que fosse rápido. Então, chorei mais forte e constante. Porque dói mais (pelo menos para mim), quando sofro as conseqüências de atos impensados de pessoas que eu não conheço bem, e que sequer sabem como eu sou, como gosto do meu café ou que tipo de coisas faço da minha vida. Dói mais quando envolve a tua posição como profissional. Mas o mundo é vil. Eu sei. Fácil (ou juvenil...) eram as brigas no colégio por questões tão bobas que hoje se ri. Não perco a esperança no mundo, mas também não pretendo mais virar as costas para pessoas ruins (ruins mesmo... nesse caso uma bruxa, infeliz, que deve ter uma vida miserável e que, para escapar da própria "in"competência, mentiu e fez com que jogassem os sacos de culpa nas minhas costas). Enfim, não vou me lamentar. Porque eu tenho amigos fiéis. Pessoas que toparam virar a madrugada comigo trabalhando, para jogar goela abaixo os desaforos. Tudo de volta. E que sensação de alívio. Mais do que vingança, me satisfaço com o dever cumprido. E bem cumprido. E vamos aos livros. Algo que tem me dado verdadeiro prazer nas últimas semanas...

outubro 07, 2007

Eis que andava estressada. Por demais estressada. Cheguei ao limite de me estressar com o fato de ter que comer, ter que sair do escritório para almoçar. Sim... Estava faltando ao yoga, tendo tremores por todo o corpo quando meu celular tocava e resumindo meu dia ao estresse de lembrar tudo o que precisava fazer antes do pôr-do-sol, ou antes da janta, ou antes de dormir... E cansei. Tinha esquecido meus livros, minha vida. Onde estava minha vida? E, pela primeira vez (primeira vez mesmo... as outras eu tinha somente ameaçado...) eu tive vontade de reformular a minha vida. Depois de um maravilhoso fim de semana corporativo em Gramado, resolvi mudar. Eu gosto do meu trabalho, gosto dos meus projetos, mas não posso me tornar uma escrava deles. Retomei minhas listas de tarefas. E primeira coisa: impus limites a um cliente que já passou dos limites. E decidi que é a última vez que vou atendê-los. Faz tempos que sinto falta de ir à praça somente como visitante. Cancelei (temporariamente...) o yoga. As obras do entorno Cristóvão / Dr. Timóteo acabaram com o trânsito e a minha paciência. Prometi para a Mari e a Márcia que volto em dezembro ou janeiro. Enquanto isso, vou seguir o conselho do meu endócrino e fazer um pouco de pilates. A dez passos do escritório... Comecei na quarta-feira passada. E, por falar nisso, resolvi me comportar novamente... Os amigos sabiam, a família torcia o nariz. A verdade é que os remédios estavam me deixando mal. Mas, se eu parar completamente, a osteoporose vai me pegar. Então, voltei a tomar os remédios. Ainda em outubro, vou refazer todos os exames de sangue. Me comportar. Quarta-feira, comemorei 8 anos (oficiais) de namoro/relacionamento com Mr. Flag. Parece que foi ontem. Ainda jantei com as meninas jornalistas para conhecer o apê da Marrie, fofocar com a Fer e ficar encantada com o tamanho do barrigão da So. O Pedro chega no fim desse mês, ou antes. É verdade que essa foi uma semana tensa. Mas fiquei impressionada por não ter enlouquecido. Fiquei triste com coisas que aconteceram, mas me dei conta que isso vai gerar outros fatos tão bons que, no fim, eu e minha equipe lucraremos com novos e desafiadores projetos. Além de que é sempre uma boa comemoração o fato de voltar a escrever coisas legais... Pelo menos cinco projetos editoriais vêm por aí. De resto, dormi até tarde no sábado, eu e Mr. Flag fomos ao churrasco da minha turma de pós-graduação e ainda jantamos em casa e assistimos o ótimo Obrigado por Fumar. E o domingão rendeu trabalho e carinho da família. Enfim... As saudades enormes do Napp continuam. E esse post foi mais para me justificar aos que me perguntam por onde ando. A faxina da minha vida está quase acabando. Mais um mês, eu acho... E daí vou querer curtir um pouco. Fiquei impressionada quando, no domingo passado, Verissimo fez uma brincadeira na sua coluna, para justificar porque todos merecemos um porre. A vida é só uma, ele disse. E é verdade. E acho que sempre é hora de fazer diferente.

outubro 03, 2007

outubro 01, 2007

Resolvi muito minha ansiedade dominical com uma simples receita: lista. Sim, no domingo à tarde ou à noite, organizo uma lista com todas as tarefas e demandas para a semana. Me ajuda a relaxar, e saber que não precisarei lembrar de nada daquilo até a segunda pela manhã... Funciona, principalmente para semanas complicadas...

Ontem, em casa, Mr. Flag estava analisando essa minha rotina. Acompanhou atento cada item que era inserido numa pequena folha com linhas. Lá pelas tantas, sugeriu:

- Adiciona aí: almoço nosso na quarta-feira para comemorar nossos oito anos.
- Não vai dar...
- Por quê? Não tem mais tempo pra mim, só pensa no trabalho, eu que fique abandonado, blá, blá, blá...
- Não... Claro que não... Não faz drama.
- Drama? ME DIZ ENTÃO QUAL O MOTIVO!!!!!
- Acontece, querido, que essa lista está incluindo tarefas que TENHO que resolver na segunda-feira. SOMENTE NA SEGUNDA-FEIRA. Como nosso almoço é quarta, terá que entrar na lista de quarta.
- Sério?
-Seríssimo.
- Lu... Tem mais de 30 itens nessa lista. Tu vai ter que fazer tudo isso amanhã?
- Sim, bem...
- Ok. Vou ali na cozinha te fazer um chazinho.