julho 26, 2005

Uma vez eu era criança. E sentava na frente da televisão a tarde toda. Sessão da tarde, na época em que era boa. A fantástica fábrica de chocolates, Curtindo a vida adoidado, Clube dos cinco, A Garota de Rosa Shocking, O feitiço de Áquila. Me lembro de achar a Michelle Pfeiffer a mulher mais linda do mundo. Ficava apavorada com a maldição do bispo: de dia, Isabeau sempre seria um falcão. E de noite, o cavaleiro Navarre (interpretado pelo Rutger Hauer) tomaria a forma de um lobo. A história se passa no século XII. Criança, eu ficava impressionada. Mas acreditava que este tipo de história nunca poderia acontecer na vida real. Vinte anos depois do lançamento do filme, minha teoria se desfez. Mesmo sem virar águia ou lobo, eu e Mr. Flag raramente nos encontramos. Lembra a cena do amanhecer: quando ele de lobo-para-homem enxerga ela, de mulher-para-falcão, durante um segundo... Quando Mr.Flag chega em casa, eu já estou dormindo... Vejo ele com o canto do olho e me perco no travesseiro. Quando eu saio pela manhã, quem está dormindo é ele. Tenta levantar, me dar tchau, mas acaba perdendo a luta para o edredon. A única diferença é que nosso Bispo de Áquila não é uma pessoa. É uma necessidade. A de sobreviver e pagar as contas, sem se importar com os empregos e horários que aparecem pela frente.

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