setembro 06, 2011

E se o ritmo louco virar o ritmo usual e o sentido virar não? Poderia voltar aqui, com minhas centenas de desculpas esfarrapas, e escrever novamente? Talvez essa seja a rota de fuga que meus mapas teimavam em esconder.

fevereiro 06, 2011

A primeira vez que tentei sonhar um sonho desejado, falhei. Descobri, depois de alguma insônia e de muito mau sono, que isso não é algo simples ou compulsório. Não recebemos nossos sonhos como troféu da existência diária, embora muitas vezes eles sejam nosso escape perfeito para ela. Confusão, agitação, receio, fuga, curiosidade, escuro, claro. Mais enigmático ainda quando dizem ou avisam sobre sinais ou acontecimentos que nunca suspeitamos possíveis. Dá um pouco de medo, mas ao mesmo tempo é tão bom que é irresistível continuar deitada com a cabeça acomodada no travesseiro. Só mais um minuto, é domingo. Só mais um minuto...

fevereiro 01, 2011

“A primeira vez que encostei no teu peito, ele batia fraco, leve, quase um compasso que acalmou meus sentidos depois de tanta luz e agito. Me aninhei de leve, um pouco sem jeito nós duas. Eu quase sem olhar, com as pálpebras fechadas. Tu, pelo que me contaram depois, enfrentava o susto da cirurgia e da perda de sangue, mas registrava com os olhos todos os milésimos de segundos desse nosso contato inicial. Perto do teu peito, abri os olhos pela primeira vez. E te vi. Sorridente, com os cabelos soltos e encaracolados. E, mesmo sem saber, tentei sorrir, de qualquer jeito e entortando os lábios, mas querendo te mostrar que eu estava feliz. No teu peito eu encontrei minha força para crescer, meu alimento, meu alento, toda a embriaguez de carinho que vivo desde então. Foi assim, bem de perto, que vi teus olhos mudarem. Choravas como eu em alguns momentos, e me questionei do que seria essa fome que tinhas. Mas eu não entendo o mundo ainda. É difícil, complexo. O nosso contato e sentidos compartilhados é que me fazem desvendar tudo. Então, com minha mão, encostei de leve no teu peito para perceber novamente o teu coração. Eu estava lá dentro. Pude sentir. Mas notei uma diferença. Ele batia, é verdade. Mas uma parte parecia oca, quase seca. Está doendo, mamãe? Não respondeste. Mas eu senti que sim. Segurei teu rosto de leve, e tentei ampará-lo para te dizer que tudo iria ficar bem. Temos uma a outra, e temos leite. Muito leite para a nossa fome, para crescermos juntas e descobrirmos a vida e esse mundo que me parece cada vez mais imenso. Fica quietinha, mamãe. Eu vou cuidar de ti agora. E com todo o meu jeitinho e o carinho que me ensinas todo o dia, entrarei no teu coração, e preencherei esse vazio, expulsando a dor e fazendo dele um lugar só nosso. Só nosso.”

janeiro 22, 2011

Marina e Mari