setembro 29, 2004

Vivemos uma era de pequenos significantes extremos.

Em que o puxar do gatilho pode acabar com tudo. Um simples movimento do dedo indicador.

Em que um mal-entendido pode acabar com uma amizade de anos. Um simples e-mail de felicitação.

Em que uma assinatura no papel pode acabar com uma família. Um simples sistema de vida injusto demais para quem não tem grana o suficiente. A grana nunca é suficiente.

E as lágrimas podem rolar no rosto. Até secarem. E não há nada que se possa fazer. O tempo está muito rápido. E em segundos torna-se perdido.

E a meditação pode até ajudar. Mas não soluciona. Quando a única vontade que se tem é se atirar de uma ponte.

Porque o ser humano é egoísta. Porque ninguém mais olha para os lados e pergunta: "Você está precisando de ajuda?" Porque efetivamente, ninguém mais olha para ninguém. As pessoas simplesmente apreciam imagens, que podem satisfazer. E que, quando obsoletas, são descartadas. E as criaturas transformam-se em documentos, em fotografias perdidas, em companhias descartáveis, em contas no banco, em impostos e taxas.

Pra que sorrir...

setembro 28, 2004

Shhhhh... Fala baixo. Desse jeito eles vão ouvir...

setembro 26, 2004

- Ouve este blues. Clássico. A música começa, o cara está sentado no fundo do bar, na penumbra. Ele pega um copo com Bourbon, toma um gole e começa a cantar...
- Clichê!
- Como assim? É um clássico.
- Clichê.
- E como seria, então?
- Primeiro, não é um cara. É uma mulher. Perneta. Ela bebe um coquetel de frutas. E, antes de dar o primeiro gole, coloca seu olho de vidro dentro do copo. Ai, ela canta.
- Que violência.
- Ainda não. Ela pode bater no garçom maneta... Então, será violento.

setembro 24, 2004

Estamos aqui. Jogando os nossos cabelos para cima e para baixo. Eu e o Mano. Olhando o DVD do Led Zeppelin. E dançando Rock and Roll.

setembro 23, 2004

- O que aconteceu com o chefe?
- Praticamente nada.
- Como assim? Eu vi ele sangrando!!!
- Não foi nada. Ele reclamou do trabalho atrasado.
- E aí?
- Aí ele bateu a mão na mesa da Nilse e ela cravou a tesoura.
- Bah, que horror!
- É... Respingou um pouco...

setembro 15, 2004

Sempre fui metida. Era a primeira a fuçar no som ou no aparelho de vídeo novo. A primeira a decorar os números novos da casa. Números novos de celulares. Tudo novo. Tudo na ponta da língua.

Eis que a vida começa a pregar peças. Somente hoje... Somente hoje, depois de oito meses morando com o Elio, consegui decorar o CEP do nosso apartamento. Os oito dígitos mais difíceis da vida. E, detalhe sórdido: só consegui decorar pois a disposição dos números apresenta uma leve seqüência, 230-450...

Ai... ai...

setembro 13, 2004

Tenho realizado diversos trabalhos extras. E as coisas têm melhorado. É isto. Novos projetos aparecendo. E esta é a minha primeira semana de inventividade constante. No entanto, tive uma grandiosa decepção no dia de hoje.

Munida de um espírito adolescente de anos atrás, fui ao shopping logo após o almoço com um amigo. No bolso, a grana preta, de um dos últimos serviços.

Além de um cabeção, o resultado foi a gastura de metade da sola do meu sapato e R$ 3,00 a menos na carteira para pagar o estacionamento. Eis que duas possibilidades são possíveis depois da tentativa: ou possuo uma completa e irrestrita incapacidade de comprar coisas lindas e baratas (vulgo pechinchas imperdíveis...) ou as lojas enlouqueceram de vez.

Eu estava com mais do que um salário mínimo no bolso. E poderia comprar duas blusinhas (que, com certeza, seriam inutilizadas após três lavagens) ou um casaco (que era lindo, super na moda, mas que não cobriria o resto do corpo cujo dinheiro não seria suficiente para esconder).

Céus! Eu ainda estou com o dinheiro. E não sei o que fazer. Alguma dica? Envie um e-mail para e50kg@yahoo.com. Juro guardar segredo...

Eu encontrei este texto no meu computador. Abandonado. Acredito que tenha sido produzido no início de julho...

Este é um tempo de constatações. Acabo pensando mais do que externando. Tudo e qualquer coisa. Então, passei dois fins de semana em Gramado. Um deles acabou comigo, me deixou repleta de dúvidas. O outro renovou minhas energias. Mas continuo achando tudo um pouco estranho. Saco cheio mesmo. Por exemplo, estou achando este blog muito ruim. Por isto parei de escrever um tempo. Não consigo encontrar um programa de televisão decente. E quando ligo o aparelho, me deparo com o comercial-surreal de um xampu com extrato de guaraná. Pego um livro e sou tomada por uma crise de sono. Deito na cama e a preguiça vai embora. Durmo tarde. Acordo mais tarde ainda. Chego atrasada. Estou sempre correndo. As pilhas de trabalho se acumulam na minha frente e eu não faço nada. Fico parada. Contando as nuvens, entrando de vez em quando no Orkut, pensando nos amigos que foram e nos que estão voltando. Ó dúvida cruel: serei mais feliz se largar um dos meus empregos e ficar com minha renda mensal encolhida? Terei mais tempo para planejar novos projetos, executar trabalhos extras, estabelecer parcerias. Será que consigo sobreviver com a grana curta? E me mexer? E fazer acontecer?

Tchán, tchán, tchán, tchán!

A verdade é que, no início de setembro, larguei um dos meus empregos. E dois motivos provocaram o meu afastamento do blog. Um deles foi a correria, para acertar todos os trabalhos pendentes e largar meu cargo de jornalista no Conselho de Administração (CRA/RS). O outro motivo é Isabela. Isto, mesmo... uma mulher. Isabela é minha criação, uma personagem que está acompanhando minha trajetória na Oficina de Criação Literária do Assis Brasil. Fui aceita no início de agosto e, desde então, tenho produzido mais textos no mundo real do que no virtual.

Esta é minha primeira semana longe do CRA/RS. E, como a inspiração de Isabela ainda não apareceu, aproveitei para atualizar o 50kg.

Voltei. Agora será com mais freqüência. Estava com saudades dos meus cinco leitores.

setembro 06, 2004

Eu vou voltar.

Aguardem um pouquinho.