abril 30, 2003

Às vezes, fico vazia. Totalmente vazia... A minha vontade de ficar jogada na cama era tão, mas tão grande, que minha mente enviou vibrações para o despertador, para incentivar a sintonia. Ele não tocou. Nem me toquei. Algumas coisas minhas também ficam vazias, como eu. Hoje.

abril 28, 2003

"Na semana passada, eu estava me sentindo como um cocô nojento preso a um tamanco velho".

Esta frase foi proferida pela minha mãe na tarde de hoje. A distinta senhora já está com o pé direito na menopausa. E o esquerdo se aproxima velozmente. Analisando a situação, é fácil constatar a verdade de que os hormônios dirigem a vida de uma pessoa. E a sua falta pode modificar até mesmo a essência. Ondas de calor, depressão, angústia, brabeza, carência...

De uma certa forma, ao atingir a idade limite, as mulheres tornam-se reféns da menopausa. Por um período. Este é o alívio. Algumas sofrem mais, como a minha mãe. A consciência do quadro é fator imprescindível. Confesso que estou tentando ser presente, aconselhar, estimular mudanças que tragam o progresso e aliviem os sintomas. Do tipo: plano emergencial geração saúde – uma hora de caminhada por dia, inclusão da soja na alimentação, suplementos alimentares, muita risada.

É necessário desvendar estes segredos do corpo humano, algumas fórmulas e procedimentos. Nem tudo na vida deve ser encarado como a esfinge invencível. Hoje em dia, é preciso degluti-la antes que pronuncie o enigma.

abril 27, 2003

Experimentando sensações. Eu: um ser faminto, desperto de um sono da mais pura preguiça no domingo à tarde. Ele: um mil folhas, acomodado suavemente em um prato de louça branca. Munida de instrumento rude, aplico o primeiro golpe sem dó nem piedade. O creme escorre pelas laterais do doce e noto que as folhas de massa estavam em perfeita harmonia com o recheio. Quase como uma simbiose. Maravilhoso, consumido com voracidade e perplexidade... Camadas de massa, creme, massa, creme, massa, e um manto protetor de açúcar. Água na boca. Da primeira garfada à ultima, transcorreram poucos minutos. Tempo em que minha existência foi elevada à segunda potência e meu corpo todo agradeceu o sabor. Não sobrou uma gota do creme para contar a história. Indico a confeitaria. Doce sublime.

Nosso patrocinador: esta experiência foi proporcionada pelo dedicado Elio, que atravessou a rua e comprou, especialmente para mim, um mil folhas preparado na hora. Ai, ai...

abril 26, 2003

Ontem terminei o dia com um suspiro. De alívio, de orgullho. Finalizei a sexta-feira me considerando, "modestamente", um ser dotado de poderes especiais para o campo da superação de desafios. Acompanhe a jornada.

7h45 - Larguei meus irmãos universitários na PUC.
8h10 - Adentrei a Gráfica Calábria (que fica muito longe do meu ponto de partida) para corrigir oito páginas e liberar o jornal para a impressão de 17 mil exemplares.
10h55 - Saí a mil com o meu gol para chegar na Carlos Gomes, estacionar o carro em um Safe Park (muito caro!!!) e chamar minha irmã. A Maricota desceu do 7º andar do prédio e pegou os documentos e a chave.
11h02 - Peguei um táxi e fui direto para o Hospital Moinhos de Vento.
11h28 - Cheguei a tempo na sala de espera do 2º andar, e consegui me despedir do Elio. Queria que ele me visse e soubesse que eu estava lá esperando por ele. Dois minutos depois, os médicos o chamaram.
11h30 a 13h15 - Tempo que durou a espera e o procedimento de endoscopia do Elio. Neste período, almocei (como é caro comer na cafeteria do hospital!!!), li, caminhei um pouco e atendi cinco pessoas no meu celular.
13h30 a 14h - Levei o Elio para casa e o coloquei para dormir.
14h15 a 15h40 - Trajeto do apê do Elio até o Centro.
15h45 - Cheguei na CCMQ, lotada de trabalho para fazer. Correria, correria.
15h55 a 18h - Envio de releases, atualização da agenda da Casa, contato com jornalistas, solução de problemas. Ah! Consegui finalmente ir no banheiro neste período.
18h05 - Início do coquetel de lançamento da revista Et Cetera. Auxiliei a equipe da TVE, entreguei um exemplar da publicação para o Pellizzari, encontrei a Nóia e a Jussara da Feira do Livro. O tempo passou rápido.
19h15 - Liguei para o Elio avisando que sairia da CCMQ.
19h30 - Fui embora da casa e peguei o carro.
20h05 - Cheguei no apê do Elio, conversamos um pouco, pegamos as roupas para secar e corremos para a casa da minha mãe e do meu pai para jantar.
20h45 - Início da janta. Comi em 30 minutos e fui tomar banho.
21h50 - Nos encaminhamos e passamos no super.
22h20 - Chegamos no apê do Elio. Assisti um pouco de TV e capotei no sofá.
23h18 - Acordei com uma música tenebrosa na tevê, um cara gritando... Horror. Fui para a cama. E não me lembro de mais nada, nem de dado boa noite para o Elio...

Chego a uma conclusão depois do final de toda esta aventura: a rotina de uma mulher casada, que trabalha e tem filhos deve ser mais corrida do que a minha sexta-feira. Haja fôlego. Pés que agüentem. Cabeça que não ameace explodir quando o ritmo fica insuportável. Vontade. Paciência. Rotina. Dinheiro para pagar os meios utilizados para conciliar todos os compromissos. Sorriso para mostrar quando a única vontade que se tem é tomar banho e cair na cama.

Sim senhor, eu topo. A minha família vai ser linda...

Sabe como é bom começar um sábado pela manhã?

Descobrindo que um jornalista, aquele que tu consideras uma fera do mercado, um baita profissional, que sabe fazer e ensinar o jornalismo, disse:

"Estou pensando em chamar a Lu Thomé para esta vaga".

Não posso ir. Mas a notícia me deixou boba e feliz.

abril 24, 2003

CAOS s.m. (lat toraladum). Minha vida hoje.

(definição extraída diretamente do dicionário de expressões pessoais próprias do meu ser enquanto profissional, noiva, filha, irmã, amiga e candidata à casinha dos loucos).

abril 23, 2003

Resolvi pedir água hoje... Antes de atravessar quase toda a Andradas, liguei para o meu pai: Paiêêêê! Tô com dor no pé! Vem, me buscar! A história convenceu, mas eu estava mesmo era com medo de atravessar o centrão às 9 da noite, horário do término da labuta de hoje. E lá vem história...

Depois que ele me pegou, andamos uma quadra e logo eu vi uma coisa fantástica. Parecia um personagem daquele filme da Disney, Tron. Ou um ET. Não era nada disso. Era um policial militar, com uma roupa psicodélica, brilhante, movimentando os braços e andando na nossa direção. Até o capacete era de dar medo. Chegou perto do vidro e perguntou para o meu pai: "O senhor pode ficar aqui até o comboio passar?" Comboio? Emoção... Será alguma autoridade estrangeira, alguém importante?

Tempo depois descobri que a roupa do policial não era tão fantástica assim. Em menos de dois minutos, avistamos mais de 40 carros, enfeitados com balões e fitas vermelhas. De cima de um caminhão, um senhor gritava ao microfone: "Recebam Ogum! Ele está chegando". No caminhão seguinte, a estátua da entidade passou. Respeito muitas as manifestações de diferentes religiões. O que me apavorou foi o ritmo... Os carros andavam enfileirados, cortando as ruas do centro, escoltados por motoqueiros da polícia, a 50 km por hora. Parece pouco para quem está dentro de um carro. Mas é muito para uma pessoa paramentada, tentando procurar apoio na carroceria de uma caminhonete.

Os balões sacudiam para todos os lados. Os enfeites iam ficando pelo chão. E os participantes mais velhos não tinham muita escolha: era segurar a roupa e os adornos ou se segurar no carro... Perdemos a carreata de vista assim que o policial liberou a rua.

Comemoração instantânea. Não pisque. Pode perder toda a festa.

abril 22, 2003

Estou sem contatos nas faculdades. Preciso contratar, até a próxima semana, um estagiário de jornalismo. Preferência para estudantes do 5º semestre, que morem em Porto Alegre e possam trabalhar nos períodos da manhã e tarde. Interessados devem enviar currículo (completo!!!!) para o e-mail abaixo. Se possível, anexar um texto produzido.

abril 21, 2003

Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumentos tangem e rangem, cordas e harpas, tímbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia.

Livro do Desassossego
Fernando Pessoa

abril 20, 2003

Dormi um pouco, para acalmar o sono do fim da tarde. Quando acordei, céu escuro e sem estrelas, me deparei com ela, uma espécie de fenômeno. Deve ter ocorrido um incêndio por perto, de fumaça branca, queimando folhas, esquentando a terra, afastando os pássaros. Lembro do comentário do meu pai. Mas já faz um tempo.

A fumaça insistiu em permanecer na vizinhança, iluminada pelos postes e holofotes de publicidade. Voando sobre a cidade como um fantasma, espalhando as cores e resistindo bravamente ao vento. Tenho a impressão de ouvir um canto, a canção de resistência e proteção. Como um aviso. A enorme nuvem branca parece querer dizer alguma coisa.

NOITE DE SÁBADO.

Luciana, responda, por favor. Quantos estados fazem divisa com o “Para além do arco-íris”?

Estava bêbada demais para imaginar um mapa na minha cabeça. Eu estava em “Pra lá de Bagdá” e sequer conseguia olhar para os lados. Tristeza, tristeza. Não sei mais me comportar.

Estava com tanta vontade de festa, que, ao chegar em casa, tive que ouvir a vizinha do apartamento de cima bater os tamancos no chão... Droga, não se pode mais sequer conversar animadamente às 5 horas da matina... Quase mandei a distinta senhora para “Onde Judas perdeu as botas”.

Boa Páscoa para todos e muito vinho tinto na cabeça...

abril 18, 2003

COMUNICADO: Decisão importante...

As bases da minha vida estavam ameaçadas. Em menos de três dias, minhas esperanças de seguir em frente foram por água abaixo. Parei. Tentando recuperar o fôlego. Pensando nas soluções possíveis. Chegou o desespero. Tinha vontade de chorar. Não dava para continuar do jeito que estava. Eu tinha ficado triste, deprimida, decepcionada. Conclusão inevitável: vai ficar pior no futuro. Tomei, então, a decisão imprescindível. Achei que vocês deveriam saber desta resolução importante, que vai mudar minha trajetória: comprei duas palmilhas de gel. Viu, só? Pois é, estou com dois calos consumindo os meus pés, me matando de dor... Vocês não imaginam o alívio reconquistado.

Realmente, trabalhar com cultura me faz bem. Na próxima terça-feira, dia 22 de abril, acontece a cerimônia comemorativa ao Dia Internacional do Livro. Recebi, via correio, o convite para esta festa que acontecerá no Theatro São Pedro. Pode confirmar minha presença aí!!!!

abril 17, 2003

Ontem, senti MUITO orgulho de estar trabalhando na Casa de Cultura. Às 19h, iniciou a segunda edição do Seresta na Casa, um espaço para intérpretes e músicos que se apresentam na noite de Porto Alegre. Os convidados foram Karine Cunha e Clairton Rosado. E os espectadores foram tantos que a produção precisou arrumar com urgência mais 30 cadeiras. Este projeto tem entrada franca e acontece sempre na terceira terça-feira de cada mês.

E a CCMQ está se preparando para a Semana do Livro. Além da abertura das exposições sobre as Missões Jesuíticas e Obra Rara Dom Quixote de La Mancha no dia 23 de abril, acontecerá, no dia 25 de abril, o lançamento da revista literária Et Cetera da editora Paranaense Travessa dos Editores. A festa inicia às 18h, com coquetel e presença dos escritores Jamil Snege e Fábio Campana do Paraná.

abril 15, 2003

No dia 16 de maio próximo, o Mano vai se apresentar pela primeira vez em uma casa noturna de Porto Alegre (peralá...Não é na Farrapos não...). Ele é baterista de duas bandas: Pandora Bandida (punk rock hard core) e Flamejantes! (rock n' roll). O casting da noite será completado pela banda do Leonardo, que ainda não definiu o nome (covers variados de Green Day a Eagles). O agito vai acontecer na podre Casa Rosa (Garibaldi com Cristóvão Colombo. Não é na Casa Rosa da Independência. Presta atenção!).
Os shows iniciam à meia-noite e os convites custam R$ 5,00. Acompanhe o papo:

QUAL A ORIGEM DOS NOMES PANDORA BANDIDA E FLAMEJANTES!?
Lucilo "Batero-man": Pandora Bandida não é tão ruim. Detesto o nome Flamejantes!. Mas ainda estou pensando em um nome mais original. Tipo: Lazarus Band (risos). (nota do blog: acesse www.escritosdelazarus.blogspot.com).

COMO É O PROCESSO DE CRIAÇÃO DAS LETRAS DA MÚSICAS?
Luciulus: Já tenho 102. Elas resumem a vivência do meu dia-a-dia. Na verdade, cada letra começa com uma frase, bem elaborada. Depois me esforço mais.

QUAL A EXPECTATIVA DESTE PRIMEIRO SHOW?
Lucilóides: Esperamos que os nossos conhecidos apareçam para apreciar o nosso som. Quanto ao resto, não estamos preocupados. Sei lá... Eles podem até não gostar das músicas. Nós deixamos...

O CD demo da Flamejantes! já foi produzido. Contatos e contratos milionários pelo e-mail abaixo. Valeu.

Lu,
quando eu quero, eu posso.
pq se quero, desejo.
e isso é mais do que tudo, até mais do que somente poder.

abril 14, 2003

Eu sou um pouco assim.
Calada.
Quieta.
Às vezes, escrevo pelos cotovelos.
Demais.
Exagero.
E quando sou desafiada, perco a linha de raciocínio, o fio da meada.
Restam somente as agulhas.
Inofensivas.

Querer não é poder...

Poder não é querer...

A Revista Veja elaborou um encarte especial sobre qualidade de vida em Porto Alegre e em outras capitais. No caso da capital gaúcha, a idéia utilizada foi original. Porto Alegre é desvendada pelos olhos do poeta Mario Quintana, como se ele estivesse passeando pelas ruas e praças da cidade. Por este motivo, a Casa de Cultura teve um destaque especial, inclusive com foto do diretor Sergio Napp.

Não vou mencionar os equívocos de informação e estrutura de texto. Não dá para reclamar de barriga cheia. A CCMQ está aparecendo na mídia. E brigando por um espacinho na agenda de lazer dos porto-alegrenses. Isto é o que conta.

abril 13, 2003

Tudo ficou um pouco estranho desde a sexta-feira. Eu continuo aqui... Mas a dinâmica se modificou. Não acompanhei esta transformação e agora estou esperando o trem, que talvez já tenha ido embora. Fiquei com a passagem na mão. Sem bagagem e sem referência. As estações são assustadoras quando desertas.

SEXTA-FEIRA à noite: ...

SÁBADO à noite:...

Vida noturna se transforma em completo caos.

Meu retrato: pose estática, com as mãos no queixo, os olhos sustentados por dois palitos invisíveis e a total incapacidade de dar continuidade a um diálogo por mais de dois minutos.

Meu ritmo durante a semana está comprometendo 90% da minha diversão no fim de semana. Solicito a compreensão temporária de todos. Agradeço 100%.

So where's the stars?
Up in the sky
And what's the moon?
A big balloon
We'll never know unless we grow
There's so much world outside the door

I want to sing
To sing my song
I want to live in a world where I'll be strong
I want to live
I will survive
And I believe that it won't be very long

If we turn, turn, turn, turn
And if we turn, turn, turn, turn
Then we might learn

abril 12, 2003

Não existe nada mais tosco no meio publicitário brasileiro do que a propaganda do sabonete Albani. Ver dois sabonetes, em posições sexuais e com legendas ("papai e mamãe", "cachorrinho" e "de ladinho") é de última. E este era um dos patrocinadores do Big Brother Brasil. Total falta de critério...

Adivinha onde eu fui hoje? De novo?

Na Cultura... Muito bom. Levei a Mari. E ela enlouqueceu.

abril 11, 2003

Viram o sol lá fora? O azul límpido do céu?

Eu não. Meu dia está em preto e branco, com rajadas de vento frio, dor de ouvido, dor na consciência.

Estou precisando de um Grilo Falante, uma pessoa que declame conselhos no meu ouvido e faça os meus pés terem contato com o chão novamente.

A verdade é que estou enxergando guampas em todas as cabeças hoje. Sinto a ponta do tridente cutucando minha pele. Estou com medo e receio de todo mundo. E a trilha sonora parece a de um musical de suspense, no qual o mordomo não é o único culpado.

abril 10, 2003

Cultura 1

Situada no Bourbon Shopping Country, numa área de 2.300m2, a loja se caracteriza por ser um espaço aconchegante, de entretenimento, que vai oferecer opções diversificadas...

É mais do que isto. É um lugar para entrar ajoelhado, os olhos vidrados, chorar no cantinho tamanha incredulidade. Pode parecer exagero. Não é. Eu esperava por um lugar como a Livraria Cultura em Porto Alegre. Não garimpei muito nesta primeira visita, e encontrei MUITA coisa boa e diferente. Senti um perfume de cultura que, com certeza, fará com que eu retorne muitas vezes. Não adianta descrever. TEM QUE IR!!!! Várias prateleiras contêm somente títulos estrangeiros. Isto sem falar no mezanino: somente livros de arte.

Agora vocês já sabem: tenho uma terceira casa nesta vida.

Cultura 2

Fazendo o cadastro, indiquei meu número de CPF. “CPF DE USUÁRIO EXISTENTE”. Pensando que alguém clonou meu CPF? Não... “Bem-vinda Srta. Luciana Thomé”. Usuária da loja virtual merece tratamento vip.

Cultura 3

Comprei dois livros na incursão.
- O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger. O livro apareceu na minha frente e eu ainda não tinha.
- Poesia de Florbela Espanca – Trocando Olhares, O Livro D’Ele e O Livro das Mágoas.

A segunda obra merece uma referência: durante a Feira do Livro, minha coordenadora, Jussara, me chamava “Florbela Espanca”, principalmente quando ficava satisfeita com as metas atingidas por mim. Poetisa portuguesa, com obras que correspondem a um diário íntimo. Lá vai, então:

SÚPLICA
Digo pra mim
Quando ele passa:
Ave-Maria
Cheia de graça!

E quando ainda
Mal posso vê-lo:
Bendito Deus
Como ele é belo!

Embalada num sonho aurifulgente
Sei apenas que sonho vagamente,
Ao avistar, amor, teus olhos belos,

Em castelãs altivas, medievais,
Que choram às janelas ogivais,
Perdidas em românticos castelos!

Eu e o Elio assistimos About Schmidt. Um filme que me surpreendeu. Com um vazio que vai te consumindo e com um sol (final) que irradia esperança. Jack Nicholson está bem.

Aperto de mão tem que ser daqueles que dá orgulho. Uma das coisas que tenho pavor é cumprimentar alguém que estende uma mão molenga, cheia de preguiça e má vontade. Hoje ganhei um aperto de mão que me agradou e gerou admiração. Zeca Camargo (jornalista, da Globo, ex-MTV) estava pela CCMQ e passou pela Assessoria de Imprensa. Gente fina. As atividades envolviam a Fundação Roberto Marinho e o Canal Futura. Adolescentes de duas escolas estaduais de Porto Alegre debateram sobre Sexualidade: prazer em conhecer.

Interessante descobrir leitores habituais.

Oi Alessandra!

abril 09, 2003

Salvo pelo gongo?

Os cemitérios eram pequenos, e nem sempre havia espaço para enterrar todos os mortos. Então, os caixões eram abertos, os ossos tirados e encaminhados ao ossário, e o túmulo era utilizado para outro infeliz. Às vezes, ao abrir os caixões, percebiam que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo. Assim, surgiu a idéia de, ao fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do defunto, tira essa que passava por um buraco no caixão e ficava amarrada num sino. Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo durante uns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento do braço faria o sino tocar. Assim, ele seria "saved by the bell", ou "salvo pelo gongo", como usamos hoje...

Estou absolutamente paranóica. Na segunda-feira, em plena Avenida Ipiranga (trânsito frenético), fui mais lenta do que a sinaleira. Não consegui atravessar a rua e fiquei na calçada, esperando. Atrás de mim, apareceu uma senhora, mais ou menos 70 anos. Juro: senti que ela ia me empurrar em direção ao meio da rua... Me virei de lado. Fiquei de olho nela. Não tirei os olhos. Ela pensou que eu fosse louca. Naquele dia, eu tive certeza disto.

O relógio do meu dia está assim: anda um minuto para frente, e dois para trás. Pelos meus cálculos, agora deveria ser 14h03min. Horário no pulso: 10h40min. Que dia, que dia...

abril 07, 2003

Estava analisando a ampulheta. Faltavam dois minutos para entrarmos no prazo hábil de fazer o exame no dia seguinte. O gongo tocou. "Fechamos o mercado exatamente agora". Eu ainda estava jantando. Ele me analisou com o canto do olho. Na passada para a sala de estar, encheu a mão com os ovinhos de chocolate que fazem parte da decoração de Páscoa que a minha mãe elaborou. Eu nem percebi. Ele comeu tudo quietinho, sentado no sofá, como uma criança que faz arte. E guardou as embalagens no bolso. Sem vestígios. Ele somente esqueceu que estava em território inimigo e meus espiões deram o relatório completo. Que feio, hein!!!

Quase acordei com uma hora de atraso hoje. Programei errado o despertador. Abri os olhos e um pensamento contaminou minha cabeça:

Piuí piuí piuí abacaxi
Shock, shock, shock, shock por aí


Hoje só podia ser segunda-feira mesmo...

abril 06, 2003

Diário do Plantão no domingo

16:42
Primeiro plantão na Central de Informações da Casa de Cultura. Estou ocupando o meu lugar há dez minutos.

17:39
Como existem pessoas que não colaboram neste mundo. Além disso, parece que a inquisição voltou.

19:05
Depois da reclamação anterior, só apareceram pessoas simpáticas. Uma maravilha.

19:31
Menino do Rio... Grande do Sul. Depois de passar a tarde vendendo produtos da lojinha da CCMQ, me entregou o material e sacou do bolso esquerdo o paninho encardido. "Vou guardar os carros da rua agora". Pablo, 9 ou 10 anos.

19:34
Tomei chimarrão. Depois, café. Estou mal.

19:40
Poderia ter deixado uma gravação no meu lugar. Basicamente, respondi o mesmo questionamento durante toda a tarde:
– Em qual sala de cinema da CCMQ está passando Houve uma vez dois verões?
– Em nenhuma. Este filme está sendo exibido na Sala P. F. Gastal, da Usina do Gasômetro.
– Bãã... Me enganei...

19:43
Passei a escrever com maior freqüência. O público diminuiu e o frio aumentou. Deve estar uns 11 graus na rua.

19:55
Consultoria de cinema: "O que podemos assistir hoje em Porto Alegre?" Foi relâmpago. Levei cinco minutos para convencê-los a assistirem Pi e não Amor à segunda vista.

20:10
O tédio começou a me espiar. Espero que ainda demore um pouco mais.

20:18
Visita ilustre na Casa: Da Gama, do Cidade Negra. Está, há mais de 20 minutos, na exposição da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Ah! Vejo também um cover do Max de Castro.

20:45
Vou embora às 21h. Gostei de trabalhar na Central de Informações. Um pouco cansativo. Não pude sair um minuto desde às 16h30min. E com certeza, tenho que assistir Pi, que está passando na Sala Norberto Lubisco. A sessão das 20h30min quase lotou.

abril 05, 2003

Momento: Vender o peixe!

Dois projetos da Casa de Cultura Mario Quintana para o ano de 2003 estão virando realidade.

1) 1º Prêmio CCMQ de Fotografia: o concurso vai selecionar a proposta de um fotógrafo (só vale para profissionais do Rio Grande do Sul). O vencedor vai receber, durante meio ano, R$ 1.200,00 por mês para executar o trabalho. No final, o projeto completo será exposto na Galeria Augusto Meyer (3º andar da CCMQ). Inscrições até 03 de junho.

2) Concurso Literário Casa de Cultura Mario Quintana: este projeto vale para todo o Brasil. O concurso vai escolher uma obra inédita que será publicada ao fim do processo. A parceira nesta empreitada é a Editora Nova Prova. O concurso será realizado em quatro edições. A cada ano, será escolhido um gênero. Em 2003, é a vez do romance. As inscrições encerram no dia 30 de junho.

Os regulamentos completos dos dois concursos estão disponíveis no site da CCMQ

Momento: Vamos se mexer!!!!

Se ainda não o fez: vai até http://www.vettor.org/mag/ e faça parte do abaixo-assinado contra o fechamento do Museu das Artes Gráficas (MAG). A página tem um breve histórico do caso e um link para assinar on-line o documento. Eu e minha irmã Mari somos as assinaturas de números 2001 e 2002.

Vai lá!

abril 03, 2003

"Trimm... trimm... trimm...
- alooo...
- Lu?!?!?
- hã...
- Tá dormindo?!?!?
- ahã...
- Sei que é tarde... Mas se eu te pedir algo, vai lembrar amanhã de manhã???
-...
- Lu?!?!?
- ahã... vou... claro... hã...
- Então preciso que tu... urgente... e também me envie... pra ontem... Entendeu?
- ahã... tchau..."

Desisti de dormir cedo durante a semana. Ontem foi um desastre. Me ligaram. Mas não me lembrei do pedido pela manhã... Nem da conversa. Parecia um sonho. Ou um pesadelo... Estava envolvida em um soninho tão bom.

Não... Por estes dias, não ligue para mim depois das 23h30min. Vou estar ocupada. Com certeza... Bastante ocupada.

abril 02, 2003

Estou cansada. Pelo segundo dia consecutivo, cheguei em casa às 20h e tive que dormir um pouco antes de jantar. Tenho que reunir forças para agüentar este ritmo de trabalho por mais alguns meses. Está valendo a pena.