junho 30, 2009

Sumirei um pouco. Machuquei o olho com um pedacinho minúsculo (mas que parecia gigante) de concreto. Volto depois. Enquanto isso, quem não se comportar vai para a prancha do navio. Bj!

junho 25, 2009

Minha mãe deve ter me dado centenas de banhos. Mas é do meu pai me enxaguando com o caneco roxo de metal que eu me lembro mais claramente.

A propagação do calor conforme a água quente caía...

...e o súbito e intolerável frio de sua ausência.

Se ele foi um bom pai? Eu queria dizer "pelo menos ele ficou com a gente", mas, é claro, ele não ficou.

É verdade que ele só se matou quando eu tinha quase 20 anos.

Mas sua ausência ressoava retroativamente, ecoando por todo o tempo que o conheci.

Talvez seja o inverso daquela dor que sentem os amputados no membro que perderam.

Ele estava lá todos aqueles anos, alguém de carne e osso arrancando o papel de parede, plantando cornisos, polindo os acabamentos...

... cheirando a serragem e suor e colônia de marca.

Mas em mim doía como se ele já tivesse ido embora.


Fun home - Uma tragicomédia em família, de Alison Bechdel

junho 24, 2009

Foi o tempo que parou? Ou só eu?

junho 23, 2009

Berta sofreu um desastre numa estrada faz seis anos. Ficou com uma perna destroçada, com múltiplas fraturas expostas, teve osteomielite, cogitou-se amputá-la, salvou-a por fim mas perdeu parte do fêmur, que teve de ser encurtado, razão pela qual desde então manca um pouco. Não tanto que não possa usar sapatos de salto alto (e usa-os com graça), mas o salto de um sempre tem que ser um pouco mais comprido e grosso do que o do outro, manda fazer especiais. Ninguém nota esses saltos desiguais se não estiver prevenido, mas percebe-se que ela manca um pouco, sobretudo quando está esgotada ou em casa, onde não faz esforços para enobrecer o modo de andar: abandona-se ao fechar a porta atrás de si e guardar a chave no bolso, já não dissimula, duplica-se a manqueira. Também ficou com uma cicatriz no rosto, é coisa leve, tão leve que não quis corrigi-la mediante cirurgia, é como uma meia-lua na bochecha direita que às vezes, quando dormiu mal ou teve um dissabor ou está muito cansada, escurece e se torna mais visível. Então, durante uns instantes acho que tem uma mancha, que se sujou, e lhe digo isso. “É a cicatriz”, ela me lembra, que ficou azul ou roxa.

Coração tão branco, de Javier Marías

junho 22, 2009

Estou ouvindo algumas músicas agora. No momento em que o sol escapa de uma nuvem mais densa e invade a minha janela. É segunda-feira. Mas tem um calor de domingo na minha alma.

junho 17, 2009

junho 16, 2009

A quem interessar possa: tem uma doença me visitando desde ontem. Pelo olho mágico, achei que era Gripe. Já na sala, notei semelhanças com Enxaqueca. E, na hora do café, parecia uma Virose. Sem cerimônia, continua desconsiderando meus reiterados pedidos para que se vá. Amanhã, irei ao médico. E espero voltar sem ela. A visita. Vou ali perguntar se ela quem um cafezinho agora.

junho 15, 2009

Eu queria poder explicar o que estou sentindo. Seria fácil abrir o editor de textos e jorrar tudo. Palavra por palavra. Definição por definição. Mas aqui dentro é o único lugar onde elas não estão. Nem as palavras, nem as definições. Vivi dias cheios e vazios, e os encarei como a uma tela de cinema. Quando a reflexão foi embora, me restou o papel de espectador. Comprei o bilhete, entreguei na portaria, estou sentada na poltrona. E agora? Ninguém me perguntou se eu queria pipoca. Alguém me perguntaria? Nem me disseram o preço do refrigerante. Aliás, existe alguma bebida? O que eu faço para mostrar tudo o que eu estou sentindo se eu nem sei o que é isso? Hormônios, diria a minha mãe. Bobagem, diriam alguns outros amigos. Má literatura, diriam os editores. Medo, catapultariam os mais céticos. Importa? Recomeçarei. De novo. Pelas cinco primeiras letras. O alfabeto todo. As palavras. Frases. Página. Livro. Vida. Se esse é o caminho que me levará ao "o que", prometo não racionalizar ou relacionar "porquês" por um bom tempo nessa viagem, para não desperdiçar a paisagem. Por sinal, olha lá... Lindo, não?

junho 14, 2009

Imagem para um domingo. Imagem para a semana. Do AutoLiniers. Muito bom!

junho 12, 2009

Eu não sei vocês, mas é difícil eu não me apaixonar à primeira vista por um bichinho de pelúcia. Amei a joaninha! Pena que já ganhei meu presente de Dia dos Namorados do Mr. Flag. Para quem ainda está pensando, fica a dica (acho que a loja é no Iguatemi). E, sim... feliz dia/noite dos namorados. Piegas, yeah... Mas a pessoa que mais amamos nesse mundo já está com a gente há tempos... nós mesmos. Ok? Amem-se. Fui.

junho 11, 2009

Um dia você ficará cego, como eu. Estará sentado num lugar qualquer, pequeno ponto perdido no nada, para sempre, no escuro, como eu. Um dia você dirá, estou cansado, vou me sentar, e sentará. Então você dirá, tenho fome, vou me levantar e conseguir o que comer. Mas você não levantará. E você dirá, fiz mal em sentar, mas já que sentei, ficarei sentado mais um pouco, depois levanto e busco o que comer. Mas você não levantará e nem conseguirá o que comer. Ficará um tempo olhando a parede, então você dirá, vou fechar os olhos, cochilar talvez, depois vou me sentir melhor, e você os fechará. E quando reabrir os olhos, não haverá mais parede. Estará rodeado pelo vazio do infinito, nem todos os mortos de todos os tempos, ainda que ressuscitassem, o preencheriam, e então você será como um pedregulho perdido na estepe. Sim, um dia você saberá como é, será como eu, só que não terá ninguém, porque você não terá se apiedado de ninguém e não haverá mais ninguém de quem ter pena.

Fim de partida, de Samuel Beckett

junho 07, 2009

OK. Agora, eu voltei. E é sério.

Lançamento de novo livro de Sergio Napp. Dia 10 de junho, às 19h, no Centro Municipal de Cultura. Pra quem for, que tal um quentão depois? :-)