"Eu quase me benzi como se estivesse entrando numa casa de religião." O motoboy, todo molhado da chuva que inundava Porto Alegre, me disse isso enquanto me entregava a caixinha com curry de telentrega. Eu ri, porque sabia exatamente do que ele estava falando. Embora, não pudesse justificar o que acontece no meu prédio sem recorrer a explicações surrupiadas de CSI ou Fringe, se quisermos ir mais longe ainda. O fato, verdadeiro e incontestável, é que uma das vizinhas do segundo andar pode estar sofrer de uma moléstia ligada ao seu olfato. E, por consequência, irritando o nariz dos outros. Diariamente, ela inunda o apartamento com um incenso fortíssimo. O segundo andar do prédio é quase proibitivo. Não resisto e cubro o nariz enquanto percorro os dois lances da escada, e sigo pensando que o melhor seria evitar visitas e quem sabe os entregadores enquanto o cheiro continuar infestando até mesmo o terceiro andar onde moro. É enorme a quantidade de incenso aceso no apartamento. Quando passo pela frente da porta, ao fazer a curva do corredor, vejo as nuvens de fumaça escapando pelas frestas. Parece incêndio. Enquanto os bombeiros não chegam, penso em teorias do mal como alternativas aromáticas para evitar a gripe A, ocultação de cadáver, guerrilha de odores contra as frituras e cebolas de outra vizinha, templo de limpeza da alma e trago seu amor em sete dias, ou extraterrestres com fragrância de patchouly. Brigada de incêndio é no 193? E do Phillip Broyles, alguém sabe o telefone?
agosto 08, 2009
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