março 10, 2004

A semana foi estranha. Talvez diga ainda mais: tudo está um pouco estranho há 15 dias. Não quero considerar (ou reconhecer) que este sentimento faça parte do processo de inferno astral. Não me parece uma solução justa. No entanto, fora todos os percalços e gincanas no fim da tarde (sabe quando se enxerga o furacão e não tem para onde correr?), eu estou bem. Um pouco sem esperança. É verdade. Mas acho que tudo é assim mesmo. Estou ficando mais velha, tentando disfarçar a situação para que tudo isto não pareça uma crise e ouvindo a frase (repetida em diferentes períodos do dia): "Viu? Assim é o mundo dos adultos."

Adultos. Tenho pensado muito nisto. E as conclusões são vazias. Ser adulto é aceitar entrar no jogo. Literalmente. É saber que, por trás de toda e qualquer ação, há o motivo. Para a ação, naturalmente a reação. É agüentar calada por amizade. É sofrer sem sair do lugar, sem correr para qualquer outro espaço. É resumir a vida a um punhado de notinhas de fim de mês, que evaporam assim que se toca nelas. E, então, quando te mostram uma jóia, tu podes ficar cego com o brilho, sentir o peito apertado de tanta emoção. E aí começa a viagem: pensa em tudo que pode fazer, em tudo que pode ter, em tudo que se pode planejar. Tudo. Mas esquece de chegar mais perto, de analisar racionalmente. Às vezes a razão pode ser uma forte aliada. Assim ficaria mais fácil chegar perto da jóia e realmente enxergar que não se tratava de preciosidade nenhuma. Era um simples vidro. Que reluzia. Mas só de longe.

Pode ser bom. As coisas não precisam ser vistas como Pollyanna as veria. Só que é exagero avistar um precipício de desespero em tudo. A gente cresce. E aprende muito. Mesmo com as decepções. Puxa. Este mês está passando devagar demais.

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