maio 05, 2004

O Viajante às Avessas

...até que o condutor me bateu no ombro: "Fim da Linha, seu moço".

Desci. E fui andando, meio desconfiado.

Praças com bancos de madeira, curvos e verdes como as árvores. O pé-de-moleque do calçamento irregular da rua. Os lampiões de esquina.

O quiosque (um quiosque!) de revistas, cigarros, balas, miudezas.

Mas fui andando, andando – como é que sabia o caminho? – e finalmente entrei na velha copa de azulejos, lá onde Tia Tula já estava, como sempre, servindo o gostoso café com leite. Entreparou e disse: – Mas por onde terá andado esse menino?!

Aquele jeito, tão dela, de ralhar na terceira pessoa...

E, como eu ainda estivesse com um ar ausente: – Meu Deus, em que será que esse menino pensa tanto?

E acrescentou baixinho:

– Até parece um velho de sessenta anos!


Mario Quintana



Lembro bem o que fiz no dia 05 de maio de 1994.

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