outubro 11, 2006

Eu queria saber. Queria muito saber. Porque eu me angustio com a incompetência alheia. Porque, simplesmente, não me contento em comandar o meu reino de auto-suficiência, e esmagar as cabeças de outrem com o meu cetro de diamantes valiosamente falsos. Porque fico triste se alguma coisa dá errada. Porque tento procurar a minha parcela de culpa no engano, mesmo com as minhas roupas rasgadas e mãos doídas depois de tantas tentativas. Porque meu peito não agüenta um desaforo. Sem provocar a vontade de me esconder debaixo da saia da minha mãe. Ou me agarrar nas pernas do meu pai. Porque eu sempre esperneio, xingo meio mundo e fico magoada. Mas o soco que está armazenado aqui, com toda a força bem no meu punho esquerdo, ainda não foi desferido. E talvez se desmanche em rancor ao longo dos próximos anos. Porque a cara feia sempre fica tatuada nos meus olhos, enquanto o sorriso se desfaz em caquinhos depois de segundos. Porque é tão difícil viver num mundo de gentes. Quando bem mais fácil seria nadar com os golfinhos no mar azul depois do naufrágio. Meu barco está afundando há tempos. Sempre afundando. Já estou cansada de tanta água. E o fundo não chega nunca.

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