Tudo vai pelo ralo, seu panaca, pensa Sean. Tudo se dissipa e desaparece, e por isso é tudo tão bonito. Quando Ionesco morreu... não, um pouco antes de ele morrer, porque nem mesmo o mestre do absurdo conseguiria nos enviar sua sabedoria por fax do Além... Olhe, disse ele, para as pobres mãos mortas da minha mulher, as mãos pelas quais eu um dia me apaixonei, olhe para elas agora, inchadas de dor e manchadas pela idade. Olhe, disse ele, tudo está fadado a acabar. Vamos para a escola para terminar a escola. Comemos uma refeição para terminar a refeição e vivemos nossas vidas para parar de vivê-las. Mas ele estava errado, continua Sean, abrindo um novo maço de Winston, o caro Rinoceronte Romeno estava errado porque há um sentido em tudo, e o sentido é este, apenas este, as pessoas nesta sala e em todas as salas, as coisas que dizemos e fazemos juntos, a interminável e entrelaçada dança dos nossos destinos, os sonhos que acalentamos e trocamos, os jogos que ganhamos e perdemos, os fatos que aprendemos e esquecemos, os livros que lemos e escrevemos, e eu adoro isso. Adoro, adoro, adoro - doce e precisosa vida.
Dolce agonia, de Nancy Huston.
fevereiro 03, 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Saiu do circuito....TORRENT IT IS.
mas já curti THE MUSIC...
comentar no post errado.....hang the poor bastard
HAHAHAHAHAHAHAHA!
Beijos!
Postar um comentário