setembro 18, 2003

Balanço pessoal do 10º Porto Alegre em Cena...

A PAIXÃO SEGUNDO G.H.
Foi um sufoco comprar o ingresso. Eu plugada na Internet. O Elio plantado na fila da bilheteria. E valeu cada minuto, cada centavo. Cada nervosismo sentido até o momento em que a voz da atriz Mariana Lima foi ouvida em uma das salas do imenso e gelado Hospital Psiquiátrico São Pedro. Este texto de Clarice Lispector é um dos que mais mexeu comigo, nas leituras da minha vida. Uma interpretação estrondosa. Falas fortes, nervosas, descontroladas. Um desespero total que levava para a redenção. De G.H. e de todos nós. Saí de lá com a alma cheia de orgulho, querendo me encontrar ainda mais e com milhões de lágrimas prontas para saltarem dos meus olhos e ganharem o mundo. Este meu depoimento pode parecer subjetivo e sentimental demais. Clarice Lispector para mim é exatamente isto. Ela pulsa dentro do meu coração.

CAFÉ COM QUEIJO
Montagem do grupo paulista Lume. Entrei meio sem querer no Teatro Carlos Carvalho da Casa de Cultura (sim, ali pertinho da minha sala). E que surpresa boa. Sem roteiro ou enredo definido, a produção foi criada a partir de personagens absolutamente reais. A base para o texto da peça foi retirada de uma série de depoimentos colhidos por diferentes estados do Brasil. Depois de um início regado a cachaça (toda a platéia também experimentou), aparecem os compadres e comadres. Aquelas senhoras com mais de 100 anos, os senhores que insistem em contar as aventuras inesquecíveis, a mãe que enfrenta a solidão depois de perder dois filhos ainda bebês. A seca. A humildade. A sinceridade. O sorriso. A inabalável fé em Deus. E, principalmente, as canções. A interpretação e a interação com o público certamente foram pontos altos. Muita qualidade e criatividade.

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