Minha mãe deve ter me dado centenas de banhos. Mas é do meu pai me enxaguando com o caneco roxo de metal que eu me lembro mais claramente.
A propagação do calor conforme a água quente caía...
...e o súbito e intolerável frio de sua ausência.
Se ele foi um bom pai? Eu queria dizer "pelo menos ele ficou com a gente", mas, é claro, ele não ficou.
É verdade que ele só se matou quando eu tinha quase 20 anos.
Mas sua ausência ressoava retroativamente, ecoando por todo o tempo que o conheci.
Talvez seja o inverso daquela dor que sentem os amputados no membro que perderam.
Ele estava lá todos aqueles anos, alguém de carne e osso arrancando o papel de parede, plantando cornisos, polindo os acabamentos...
... cheirando a serragem e suor e colônia de marca.
Mas em mim doía como se ele já tivesse ido embora.
Fun home - Uma tragicomédia em família, de Alison Bechdel
junho 25, 2009
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2 comentários:
Oi Lu! Isso é quadrinhos? Porque essa moça é que faz aquela tirinha "Dykes to watch out for", né?
Gostei bastante.
Sim, Lívia! Fun home é uma HQ. Muito boa. Lançada pela Conrad aqui no Brasil. Vale muito a pena. E a Alison Bechdel é a autora de Dykes to watch out for.
Beijos
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