Eu estava pensando. Um dia, estarei tomando banho e não ouvirei mais as vozes ao meu redor. Não acompanharei de longe a discussão de quatro pessoas, conversando sobre quatro coisas diferentes. Não precisarei mais encarar o silêncio das minhas irmãs. Ou esconder as minhas próprias palavras quando as encontro. Não abrirei os olhos. A falta de ruídos será minha companhia constante. Talvez também o som do meu radinho de pilhas 2.400 watts. Porque, um dia, acordarei ainda noite. E esconderei minha cabeça no travesseiro, medrosa, covarde. Porque a luz do dia estará se aproximando. E tudo começará novamente. E as palavras não cessarão. E continuarão saindo de outras e inesperadas bocas, e fazendo mal... O silêncio magoando, os olhares rasgando mais do que o metal afiado, as palavras queimando a pele... Tudo uma repetição infinita, de uma dor que aparece sempre, sem ser convocada... Indesejada, estragando tudo o que é bom, fazendo cair. Fruto de um sentimento terrível que, geralmente, aparece quando se está lá em cima, quase tocando o céu...
outubro 22, 2003
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