"E agora, José?"
Eu não era assim. Não no sentido negativo da frase, é claro. Muitas vezes, os fatos registrados no caderno da minha vida passavam por mim sem espécie alguma de referência... Peraí. Eu explico... Ontem, faleceu a mãe da Sandra, minha colega de Feira do Livro. Hoje, nos encaminhamos para o cemitério São Miguel e Almas. Diferente do que aconteceu no velório da minha bisavó, desta vez eu adentrei os espremidos corredores, repletos de informação e fotos sobre falecidos. Em virtude de toda a tristeza do momento, tentei concentrar meus pensamentos em coisas boas, em vibrações positivas...
Corredor após corredor, escada após escada. Quando vi, estava dentro do romance de Saramago – Todos os nomes. Assim como José (o único "nominado" em todo o romance), eu estava tentando descobrir fatos e conexões entre cada uma das pessoas das fotografias penduradas em cada uma das gavetas. José fazia isto na Conservatória Geral do Registro Civil. "...há mesmo quem afirme que um Cemitério assim é como uma espécie de biblioteca onde o lugar dos livros encontrasse ocupado por pessoas enterradas, na verdade é indiferente, tanto se pode aprender com elas como com eles". O cemitério São Miguel e Almas é enorme, imenso... José se perdeu no Cemitério Geral. Ele buscava respostas...
"E agora, José?" Agora, resta encarar a vida. Continuar... E admirar e respeitar a história. Nós todos somos feitos dela... Da história das pessoas que vieram antes de nós e que já se foram.
e50kg@yahoo.com
novembro 25, 2002
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