maio 24, 2003

Frio e vento constantes. Fluxo intenso de pessoas. Sexta-feira, no início da noite. Fácil se distrair e provocar um choque. Inevitável ouvir todo aquele burburinho subindo pelo ar. Um céu escuro. Estrelas cobertas por nuvens de algodão embebidas em nanquim. Fiz um trajeto diferente, ouvindo os fragmentos de declarações...

– ...coloca isto aqui, Gustavo...
– ...ele não sabe cuidar da arara. Ele sabe...
– ...acabou colocando a mão bem ali...
– ...aí ficou difícil. Tive que desistir do...
– ...melhor esperar. Pode ter pedagogia...
– ...Meu Deus! Mais um...
– ...oi! Tudo...ôpa...desculpe...


Cheguei na Dr. Flores. Vi uma lotação partindo. E encostei a minha mão quente nos lábios gelados. Não precisava falar nada naquele momento. Centenas de pessoas, alguns minutos. Muitas coisas já tinham sido ditas.

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