maio 20, 2003

Por mais que eu corra, trabalhe o dia inteiro sem parar, uma imagem não sai da minha cabeça. Ontem, estava andando pela Av. Erico Verissimo, voltando do almoço. Pensando nas tarefas a serem cumpridas no período da tarde, nos compromissos assumidos. Distraída. Caminhando na mesma calçada, mas na direção contrária, uma menina-moça me fez uma pergunta:

– Onde fica o posto do INSS?

Fiquei em dúvida.

– Acredito que agora eles indiquem nas placas somente Previdência. Já passou. Três prédios à direita, nesta mesma quadra.

Ela agradeceu. Iríamos caminhar no mesmo sentido. Quando ela deu meia-volta, pude olhar o rosto do bebê que carregava. Ele estava intubado, um menino, parecia doente. A criança olhou direto no meu olho. Parecia sofrer tanto, sentir tanta dor a ponto de não agüentar. Não havia, em toda a minha vida, presenciado tamanho sofrimento. Senti vontade de rezar, de chorar, de implorar para que uma coisa dessas não fosse verdade. Que aquela mãe pudesse encontrar mais força...que os dois superassem isto tudo.

Ela virou o rosto para trás. Tinha enxergado a Previdência e agradeceu a ajuda. Fiquei um tempo olhando os dois entrarem no prédio. E parei na calçada. Me considerando a pessoa mais inútil do mundo.

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