fevereiro 12, 2007

Trabalhei o fim de semana inteiro. Já tinha feito isso... Essas maratonas inconseqüentes contra o relógio, impulsionadas pela irresponsabilidade divertida e pelo cronograma irreal. Cansei a cabeça. Na verdade, esgotei a cabeça. Todas as idéias que eu acumulei no último mês foram parar no editor de texto. E, puxa, estava tudo ali e parecia ser o nada. Sempre bate o desespero nos últimos minutos do segundo tempo. E, nesse ponto, a bifurcação da estrada leva para dois caminhos: um longo, repleto de desespero e florestas escuras e úmidas... Ou seja, refazer quase tudo, em velocidade máxima, na tentativa de melhorar o que mais parece um frankenstein textual do que um ensaio acadêmico. Ou...Ou... Um curto, com um ventinho quente e uns lençóis limpos... Ah, maravilha de uma cama cheirosa... Ou seja, aceitar que era impossível trabalhar mais do que as 16 horas quase ininterruptas, e entregar tudo como estava. Porque auto-exigência tem limite. Está no mapa. Depois disso, é território da loucura. Tomei um banho (banhos, sempre os banhos!!!) e peguei o primeiro livro da minha estante nova de livros novos. E foi Ricardo Piglia que me deu a idéia de um simulacro vivo de uma cidade... E eu vi. A minha vida é assim: eu, pessoa, com um simulacro de mim em algum lugar, e um simulacro desse simulacro em outro lugar. De repente, toda essa minha insanidade pareceu tão simples, tão comum... Eu não sou o original... E fiquei tão feliz. Porque se até mesmo meu sorriso fosse uma imitação, eu poderia me contentar em passar o resto da vida tendo a difícil tarefa de copiar a mim mesma até o esgotamento... A fonte de idéias, atitudes. Tudo ali, pronto... Tá. Quanto é um táxi até o São Pedro, ali na Bento?

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