setembro 14, 2006

O gato do prédio tentou me atacar ontem. Novamente. Não sei mais o que fazer. Tenho medo do bicho. Mas agarro na mão a primeira coisa que possa acertá-lo, caso avance. Uma pasta, uma sombrinha... Ontem, olhando fixamente nos seus olhos, abri o cabo recolhido da sombrinha como se fosse uma arma letal. E fui andando. Ele me olhou com o maior desdém do mundo. Sei que dá gargalhadas depois que vou embora. Na primeira vez que me atacou, tentou avançar com as suas patinhas e dentinhos bem no meu pescocinho. Fiquei tão assustada, atordoada, chocada e ...ada, que a única coisa que eu consegui gritar foi "Feio!!!". Claro, eu sei. Desmoralizada para todo o sempre. Meus amigos riem. Mr. Flag ri. O gato ri da minha cara. Na segunda vez, ele tentou atacar a panela que eu carregava, com a sobra da minha massa com molho funghi. Abusado. Tentei bater nele com a panela. Imagino o que meus vizinhos nas janelas devem pensar disso... Em outros encontros furtivos, nos evitamos cordialmente. E, na terceira vez, foi a mais assustadora de todas. Abri a porta do apartamento, e o gato estava ali, no corredor, apoiado no corrimão da escada, exatamente na altura do meu rosto e a menos de um metro de distância. Pensei em entrar novamente em casa. Mas se abrisse a porta, ele avançaria. Horror total. Com certeza destruiria meus livros, meus CDs, minhas roupas, meus cremes... Tudo... Ele me odeia. Deixou claro ontem, quando passei ao seu lado, e ele fazia um barulho direto da garganta, e apoiava as pernas traseiras. Cobrinha, pronto para o bote. Fui andando, com a sombrinha na mão. Andando e encarando ele. Quando atravessei a rua, cuidei seus movimentos olhando do alto do meu ombro. Andando e cuidando. Abri o portão, e quase corri. Quando cheguei na porta do prédio, ele já havia alcançado a escada externa no nível da calçada. E eu, mais embaixo, olhando pra ele. Ele está preparando uma tocaia. Eu sei. Conhece o bairro melhor do que eu. Não é como o Flófi doméstico do Marconi. Ele é da rua, é malandro. E encrencou comigo. Justo comigo. Me sinto naqueles filmes adolescentes americanos. E o gato olha para mim como quem diz: "Te pego aqui fora, magrela".

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