setembro 26, 2006

Uma das coisas que eu mais gosto nesse mundo é uma cor especial que o céu tem e que é impossível descrever ou classificar. Um tom especial que o céu de Porto Alegre possui, e que eu percebi em muitos dias de frio, e ontem exatamente às 18h59min. Dobrei na Silva Só à esquerda, saindo da Ipiranga, e parei na sinaleira do Ginásio da Brigada. Bem no meio do Arroio Dilúvio. Olhei para a esquerda, na direção do rio/lago. E lá estava. Uma mescla de um azul forte e um azul escuro, com uma luz que parecia tímida, mas que deixava o céu com o brilho de um olho. E a sinaleira demorou. Porque ainda pude perceber que os tons se misturavam, como se estivessem vivos. E, por instantes, é difícil nominar aquela quase nova cor que não existe, que não poderia ser fixada no papel, no tecido, na tatuagem. Porque seria preciso pegar a escada e recortar o céu. Pode esquecer a máquina fotográfica. Por mais falhas que o olho possa ter, os equipamentos só conseguem captar um vazio. Perdem a luz que esse céu quase sem luz apresenta. É como uma cerimônia de despedida do dia. E um convite para aninhar-se nesse manto de cor respirante, que combina com cabelos castanhos. Perder-se no azul, deixando os dedos e os olhos de fora. Recolhendo tudo bem de mansinho. Sumindo no céu que já fica negro. E que se esconde até a próxima manhã. Pois, o novo dia será brindado pelo dourado ardente. E a esperança vai continuar. Para que o azul apareça de novo. E me abrace.

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