janeiro 22, 2007

Então é assim. Tu estás sentado confortavelmente na cama, com um travesseiro apoiando as costas e o abajur iluminando um livro. A leitura é tão boa que tu chegas a pensar que bem que poderia (ou deveria...) terminar nunca. Como se uma obra pudesse se auto-criar enquanto o leitor aproveita cada linha. A leitura continua. Os trechos reforçam o sentimento de que o livro fala sobre experiências, sobre conhecer pessoas, sobre prazer, sobre viver... Um conhecimento tão imprescindível como o ar... Tu chegas mesmo a se questionar se é possível que algo assim exista, seja concreto. Teu coração não deixa margem a nenhuma dúvida. Tudo isso já existe e existirá para sempre dentro de ti. O polegar e o indicador seguem virando página a página. A respiração acelera na medida que vai chegando ao fim. Tu sabes que chegará ao fim. E, quando tudo termina, tu viras a última folha, lê as últimas linhas, e tudo parece tão mais mágico, lindo, inesquecível. E tu choras, porque terminou, mas também porque tu sabes que foi um privilégio viver tudo aquilo.

Essa é a minha história. Fui exonerada da Casa de Cultura Mario Quintana hoje. Eu já esperava isso. Fiquei chateada, claro. Muita gente na lista. Como eu. Quase a equipe inteira. Muita injustiça como o Seu Vitor, que tinha mais de uma década de serviços prestados e passou por vários governos. E justo Dona Yeda foi colocá-lo na rua. Dói bastante. Mas, na realidade, só de pensar que trabalhei quatro maravilhosos-fantásticos-incríveis-e-produtivos anos já fazem minhas lágrimas se transformarem em diamante. Porque sequer posso descrever nesse pequeno espaço o baú de tesouros que estou levando comigo, em forma de amizades, conquistas, reconhecimento. Na pessoa do diretor, a que respeito, admiro e amo como um amigo muito especial, Sergio Napp, quero agradecer a toda a equipe. Pelas brigas, pela troca e pelo carinho. Porque crescemos através dessas coisas. E sinto que saio dessa como um gigante. Cheio de saudade, sim. Mas muito maior do que tudo isso.

Tchau, Seu Mario!

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