janeiro 25, 2007

Ontem fui no consultório. Meu novo médico conversou comigo, me examinou, me olhou de todos os lados. Falamos sobre a minha osteoporose crônica. Examinou meus braços. Quando chegou nos olhos, abriu minhas pálpebras com os dedos e dizia: "Olha para lá. Olha para cá". O globo se mexendo. A pele esticada. E ele dizia: "Interessante... Interessaaaaante... Muito interessante". Eu fui ficando nervosa. Claro que sei que sou interessante. Mas ele sequer me conhece. Nunca ouviu minhas histórias fantásticas. Como pôde chegar a essa conclusão em dois minutos? Sentamos novamente à mesa. Mistério esclarecido. Ele descarta possibilidade de problemas na tireóide ou na paratireóide. Hummm. No esquema de quebra-cabeça de sintomas e problemas, ele acha provável que eu tenha duas coisas. Osteogênese com um nome complementar que não lembro. O tratamento é o mesmo para a osteoporose. Ou mais inusitado ainda: posso ter Síndrome de Cushing. O nome me assustou. Mas ele explicou que não tenho todos os sintomas. Mesmo assim ele não descarta. Porque a parte branca do meu olho (esse era o interessante) não é branca e sim azul. Aí me veio a certeza. Como um clarão que me iluminou o rosto e eu tive a visão. Assim, na hora. Ele vai acabar descobrindo que tenho sangue azul. E a osteoporose será o menor dos meus problemas. Porque após os exames irão descobrir o meu reino, que anda abandonado. E terei que largar toda a minha vida de jornalista para morar num palácio e comandar milhares de súditos. Tomara que seja num lugar quente, com sol e mar e produtos diet. Por enquanto, só as provações antes do paraíso: novos exames de sangue, e aquela tortura de fazer xixi no mesmo pote durante 24 horas. Tudo pela minha coroa. Tudo.

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