abril 23, 2003

Resolvi pedir água hoje... Antes de atravessar quase toda a Andradas, liguei para o meu pai: Paiêêêê! Tô com dor no pé! Vem, me buscar! A história convenceu, mas eu estava mesmo era com medo de atravessar o centrão às 9 da noite, horário do término da labuta de hoje. E lá vem história...

Depois que ele me pegou, andamos uma quadra e logo eu vi uma coisa fantástica. Parecia um personagem daquele filme da Disney, Tron. Ou um ET. Não era nada disso. Era um policial militar, com uma roupa psicodélica, brilhante, movimentando os braços e andando na nossa direção. Até o capacete era de dar medo. Chegou perto do vidro e perguntou para o meu pai: "O senhor pode ficar aqui até o comboio passar?" Comboio? Emoção... Será alguma autoridade estrangeira, alguém importante?

Tempo depois descobri que a roupa do policial não era tão fantástica assim. Em menos de dois minutos, avistamos mais de 40 carros, enfeitados com balões e fitas vermelhas. De cima de um caminhão, um senhor gritava ao microfone: "Recebam Ogum! Ele está chegando". No caminhão seguinte, a estátua da entidade passou. Respeito muitas as manifestações de diferentes religiões. O que me apavorou foi o ritmo... Os carros andavam enfileirados, cortando as ruas do centro, escoltados por motoqueiros da polícia, a 50 km por hora. Parece pouco para quem está dentro de um carro. Mas é muito para uma pessoa paramentada, tentando procurar apoio na carroceria de uma caminhonete.

Os balões sacudiam para todos os lados. Os enfeites iam ficando pelo chão. E os participantes mais velhos não tinham muita escolha: era segurar a roupa e os adornos ou se segurar no carro... Perdemos a carreata de vista assim que o policial liberou a rua.

Comemoração instantânea. Não pisque. Pode perder toda a festa.

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