outubro 24, 2007

Era um pequeno pacote postal inofensivo, razão pela qual Antoine não tinha desconfiado de nada ao abri-lo na cozinha. Tinha rasgado o papel, a fita adesiva e ao abri-lo uma deflagração o projetara contra a geladeira. Com os olhos fixos, ele permaneceu contemplando o pequeno pacote que continha uma edição de bolso da correspondência de Flaubert. Seu coração retomara pouco a pouco o ritmo regular. Ele chorara, sem poder conter-se, como se as lágrimas tentassem transportar a visão do livro sobre a mesa, ou apagar o incêndio que ele tinha provocado explodindo na sua memória.

Como me tornei estúpido, de Martin Page

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