agosto 11, 2006

Eu sou má. Principalmente quando estou trabalhando. Especialmente quando estou escrevendo. São nesses momentos de maldade que tenho alguns hábitos especiais. Normalmente chego em casa, ligo a televisão, permito que a minha cabeça descanse por 17 ou 28 minutos (depende do dia e do calendário lunar), como alguma coisa, faço o planejamento do cenário, desloco as almofadas, ligo o notebook na tomada, armo a bandeja com apoios, coloco o equipamento nessa pseudomesa, sento no sofá, situo a bandeja no colo, me ajeito, acomodo e, depois de duas ou três viradas, estou literalmente presa e pronta para começar o texto.

Na terça-feira, teclei A - G - O, e a música começou. A todo o volume. Usualmente, trabalho com música. Mas não Ana Carolina. Não na potência máxima das caixas de som. Pensei. Um segundo. Dois segundos. Três milésimos de segundo para me desvencilhar das coisas e ir até a janela e descobrir que tudo fazia parte da grande noite de amor que o meu vizinho de porta preparou para alguém. Oh, que querido! Pelo jeito ele pretendia compartilhar o momento com todo o bairro. Me senti na obrigação de contribuir. Peguei o CD do Rancid, coloquei na terceira gaveta do meu som, selecionei a música nove e girei o botão do volume até 38, 39, 40, 39... Tá bom! E lá fomos nós.

Fiquei tão feliz com a integração que pulei, dancei, caminhei pelo apartamento todo. Durante toda a bela canção de punk rock. Quando terminou, desliguei o som e percebi o mais pretensioso silêncio. Suspirei. Desejei boa noite aos pombinhos e fui escrever o trabalho do pós-graduação. Enfim, só.

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