agosto 29, 2006

Não estou mais centrada. E acho que me sentirei deslocada por um bom tempo ainda. Porque tenho verdadeiro pavor de me sentir obrigada a fazer algo. Tenho ódio de me sentir obrigada a fazer algo que odeie. Mesmo que, infinitas vezes, eu vasculhe dentro dessa imensa sacola universal a melhor das razões e a mais redonda justificativa para continuar fazendo. Para colocar tudo dentro do meu carrinho. A verdade é que a feira anda fraca. Os chuchus estão passados, as batatas enrugadas e o alface murcho e jogado em qualquer canto. E me dizem que devo fazer uma sopa saborosa com isso. E me cumprimentam, chacoalhando os meus braços e fazendo nham, nham, nham, enquanto passam suas línguas sebosas nos beiços rachados. Eu fico ali, mexendo a panela, diminuindo o fogo em alguns momentos. Sentindo que, daqui a pouco, vai começar a feder. E daí, eu não poderei fazer mais nada. E talvez seja tarde para convencer as criaturas a não tomarem esse caldo nojento. A mudarem de idéia, de comportamento, de conduta. De vida? Quem sabe um bolo? Uma banana? Ou coquinhos? Quem sabe coquinhos?!?!

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