março 21, 2007

A casa que João Abelardo avista com portões arriados se anuncia em sorriso e baba, nas costas das mãos que enxugam os lábios. João Abelardo balbucia um até-que-enfim e ainda suspira como um velho. Ou como um bêbado. A gorda já disse que tomar cachaça envelhece, e é para ele parar de suspirar. João Abelardo sempre escutou que roupa suja se lava em casa. Mas a essa altura ele já não tem mais casa. Sua mulher já não lava suas roupas e diz que ela não presta. Por isso João Abelardo que provar hoje que existe e João Abelardo foge de sua casa e vai parar em frente à porta com luzes multicores.

Como se moesse ferro, de Altair Martins

Nenhum comentário: