junho 19, 2006

O ar empurra os balões coloridos para ainda mais alto. A menina do vestido azul tenta enxergar por entre a luz do sol as bolas coloridas ganhando altura. Sentada no balanço de madeira, ela determina a velocidade do tempo com o ir e vir. Vai devagarinho. Olhando o chão e imaginando atingir o céu quando os pés quanse decolam. Indo e vindo. Como um tic-tac de um tempo infinito. Um tempo de brincadeiras e invencionices. De mundos inteiros criados entre as árvores do jardim, de descobertas das idéias. Um tempo em que era possível pintar as nuvens cor-de-rosa, e também de procurar bandidos com armas de mentirinha. O mundo inteiro era uma folha branca de papel, só esperando o toque do conjunto completo de canetas coloridas. Tudo podia ser o que ela quisesse. E continua sendo assim. Neste jardim de lembranças de sua infância. Como uma fonte de inspiração inesgotável, como matéria-prima para a sobrevivência de uma alma adulta. Alma que encontra seu refúgio perfeito na nostalgia e em todo o universo imaginário que faz parte dela. A bola vermelha continua perto da árvore. Mas o tic-tac não pára. Está quase anoitecendo. Hora de parar de brincar de adulto se imaginando criança. Sua mãe já lhe chama para o jantar.

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