junho 26, 2006

Tranqüila. Bem tranqüila. Levantei da cama. Com notas musicais na cabeça. Tranqüila. Tomei banho. Aproveitei o sabor do suco de uva. Olhei o relógio. Na medida. Nem atrasada. Nem adiantada. Pintei os olhos. Arrumei os cabelos. Enrolei o cachecol no pescoço. Vesti o casaco grosso. E andei pela calçada. Até o estacionamento. Olhando para o chão. Protegendo os olhos. Do vento. Do frio. Abri o meu carro. Dirigi até o trabalho. Cantando. Rindo do remix forçado. Dos pulos do CD. Cada vez que eu passava em um buraco. Nem os buracos. Nem eles me incomodariam hoje. Trabalhei bastante. Organizei todo o material. E fui até a Vila Nova. Conversei com os meninos da gráfica. Combinamos toda a impressão do jornal. Voltei cantando mais. Retornando para a mesma música. Sempre a mesma. Que fala da luz de uma estrela. Fala de seguir essa estrela. Porque ela eletrifica a vida da gente. E é isso. É isso que se precisa. Almocei. Também na medida. O caminho estava gelado. Uma ventania. Mas a comida quentinha. A companhia agradável. Brindei a tarde com um café. Para descongelar o corpo. Me aprontar para o turno. Terminar de organizar mais coisas. Tudo já planejado. Mas um telefonema. Um telefonema bastou. Para abrir a passagem do caos. A pessoa foi muito pedante comigo no telefone, e eu confesso. Até aquele momento ainda não tinha notado que o céu estava carregado de nuvens. Muito carregado de muitas nuvens e eu tive vontade de xingar o cara, falar coisas horríveis. Mas me controlei. Não podia deixar nada estragar a minha segunda-feira na medida. Justo no momento em que entram novamente na minha vida para me dizer que o trabalho ainda não estava finalizado que eu talvez tivesse sonhado isso mas que a verdade era que teria que escrever ainda nessa tarde mais duas páginas do jornal que eu tinha produzido ontem durante toda a tarde enquanto chovia muito e eu bem que poderia estar dormindo e sonhando mas estava trabalhando e pra nada pra nada porque daí fiquei nervosa e daí eu me descontrolei e comecei a ficar ainda mais furiosa quando li o material prévio dessas novas páginas e vi que não tinha nada nada nada tudo era um lixo completo e teria que ser refeito por mim é claro em menos de uma hora porque eles fizeram o favor de não alterar um minuto sequer do cronograma pois não podemos atrasar a entrega e aí nesse meio tempo digitando feito uma louca ainda consegui chatear uma pessoa via MSN e deixei o assunto mal resolvido porque tinha que trabalhar e discuti com uma colega porque fui dispensada de uma viagem que eu queria muito ir e não achei justo e gritei que ninguém reconhece um milésimo do meu esforço que depois ficam reclamando dos meus dramas sem fim mas a minha vida é um drama pesado cheio de lágrimas e exageros e também não pedi desculpas para as cinco pessoas que eu xinguei muito e nem me lembrei que um dia a minha promessa na aula de psicossíntese foi de nunca mais brigar no meu trabalho nunca mais fazer bolos e deixar todo mundo desesperado tentando me conter mas eu pensei que se ralem que se ralem que se ralem todos porque essa vida é muito injusta e hoje eu estava a fim de quebrar tudo mesmo bem no meio na medida da minha segunda-feira destruída. Vou pro yoga.

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