março 20, 2007

Eu tive quatro anos de carinho pela Casa de Cultura. Eu tive quatro anos de convívio com o Sergio Napp, que me ensinou a sentir muito do carinho verdadeiro que ele tem pela Casa de Cultura. Mesmo afastada de lá em janeiro, mantive contato com pessoas queridas, que me contaram atualizações sobre a Casa. Muita coisa me revoltou. Me esforcei para esquecer, para deixar tudo isso de lado. Fui chamada de amarga, por tecer críticas aos novos métodos de trabalho dos novos funcionários da nova Secretaria de Cultura. Mas, simplesmente, não consigo ser uma barata insensível. E novos fatos, acontecidos ontem, concretizam a minha revolta na forma de um grande ponto de interrogação.

A única coisa que eu pergunto é POR QUE.

O Seu Vitor foi exonerado. Depois de mais de 13 anos de serviço. Não existe sequer justificativa política para isso. Eles prometeram consertar a situação, mas não sei como ficou.

Depois da exoneração em janeiro, quase todos os cargos da CCMQ permanecem sem substituição. Ou pior: foram dados para novos funcionários, que estão trabalhando em outros locais. Deserto total.

Grande parte do acervo da Biblioteca Pública será levado para a CCMQ. Isso vai representar muitas alas, andares, setores desativados. Por quê? Se até mesmo eu sei que existia uma proposta de levar a biblioteca para o Cais do Porto, e reativar o espaço em períodos fora da Feira do Livro. Para vocês terem uma idéia: além de salas de oficinas, até mesmo salas de exposição serão ocupadas pelos livros.

E o grande golpe de ontem: exoneraram o Luiz Carlos Pighini. Não sei dizer há quantos anos ele era diretor da Cinemateca Paulo Amorim. Mas acompanhei bem de perto a batalha dele para que os cinemas da CCMQ não fechassem, depois que perderam o patrocínio do Unibanco. O que vai acontecer com a Cinemateca agora?

A instituição Casa de Cultura Mario Quintana praticamente não existe mais. Seus teatros foram repassados ao Instituto Estadual de Artes Cênicas. Todas as galerias agora pertencem ao Instituto de Artes Visuais. A Biblioteca Pública desalojou o Núcleo de Artes Visuais.

Não quero mais aguardar os próximos capítulos. Porque, contrariando as minhas mais otimistas expectativas, cada notícia nova consegue ser muito pior que a velha. Minha esperança é que, ao escrever isso, eu supere um pouco, me distraindo com outras coisas. Porque, se o ritmo permanecer, a pouca cultura que já existe no RS terá que ser reconstruída a partir de escombros.

Agüenta Casa!!! Rezo pelo retorno dos teus tempos áureos. Tempos de valorização e verdadeiro incentivo à cultura. Época que, infelizmente, eu não presenciei como funcionária. Somente como visitante. Volta 1990!

7 comentários:

Anônimo disse...

puxa, lu, que triste tudo isso...
bjos.

Lu disse...

Déia, tentei não tocar no assunto. Mas ficou pior. Então, pelo menos compartilhando um pouco, alivia... Triste mesmo.

Beijos!

Anônimo disse...

Lu, é um absurdo mesmo o q estão fazendo com todo o setor cultural do Estado! E o q nós podemos fazer além de lamentar? Dá vontade de promover um protesto ou algo do gênero, reunindo todos os descontentes com a situação!

Bj, Flávia

M.V. disse...

Decepção mesmo, Lu... Infelizmente, em tudo o que o poder público se envolve, cedo ou tarde, a vaidade dos homens fala mais alto... É dificil reconhecer e manter o que de bom foi feito e só tentar aperfeiçoar, afinal é o "nome do outro" que está lá!!! Tem coisa pior que isso?? Por essas e por outras que nada vai prá frente...
Beijo
Márcia
PS: Não deixa a parte do teu coração que é da CCMQ ficar em escombros...

Comentarista Abalizado disse...

Com isto tudo não ficamos sem uma Casa de Cultura, ficamos sem um Estado de Cultura...
É uma pena!

Lu disse...

Flávia: estou prestes a comprar cartolina, e umas pastilhas para a garganta. Eu sei que isso vai continuar acontecendo. Que sou uma pulguinha... Mas quero deixar registrado que tentei fazer algo!

Márcia: isso é uma vergonha! Conquistas não interessam. Se muda de partido, tem que mudar tudo. Mesmo que mudar seja destruir...

Comentarista: isso que eu não sei as notícias de outros lados... Feia a coisa.

Anônimo disse...

Lu, concordo inteiramente contigo.Um trabalho árduo como o que fizemos para recuperar a imagem da Casa não deveria merecer tal desconsideração. O pior não é termos saído, mas o desmonte da estrutura da Casa de Cultura é de dar dó. Tansformar galerias em depósitos, acabar com as oficinas de artes visuais, encerrar as atividades do telecentro e do Espaço Majestic, tudo em benefício da Biblioteca Pública. O que a Diretora da Biblioteca pensaria se a sua casa fosse invadida desse jeito? A Casa de Cultura virou um depósito de outras instituições da cultura. E o caso do Piguini é de pasmar! E não se vê ninguém protestar ou pelo menos questionar. Onde estão os prejudicados com essas ações? Aguardemos o próximo capítulo. Quem sabe o que virá? sergionapp.