março 20, 2006

Ela nem precisou ajustar o banco. Me disse para largar a sombrinha, sentar e olhar para a lente. Perguntei se podia sorrir. Respondeu que não. "Em fotos três por quatro as pessoas devem estar sempre sérias." Imaginei minha fisionomia, as bochechas saltadas e os olhos enormes. Dois minutos depois, meus rosto estava impresso nos sete pequenos quadrados. Minha cara de susto, como se a moça tivesse apontado uma arma, seqüestrando meu sorriso.

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Comecei dizendo olá. Ela respondeu com um oi calmo e lento. Perguntei com estavam as coisas. Se poderíamos nos encontrar para sorvetes e batatas-fritas. Respondeu que não. "Viajo amanhã". Me contou que o caso do pai piorara. Pensei em sorrir, falar algo. Dois segundos depois, a única coisa que consegui dizer era que não havia nada a dizer. Mas que eu estava com ela, torcendo, rezando. Desliguei, com o olhar pensativo. Como se, dessa vez, o tiro tivesse sido certeiro.

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