março 12, 2006

O fim da semana veio acompanhado de inovações. Daquele tipo construtivo de inovação. Na sexta-feira, iniciei o curso de pós-graduação em Jornalismo Literário. Isso significa que, de 15 em 15 dias, assistirei a 12 horas de aula em apenas dois dias, ouvindo e aprendendo sobre um assunto que é uma das minhas paixões desde a faculdade. O curso está sendo promovido pela Academia Brasileira de Jornalismo Literário, e nossa primeira aula foi com o presidente da ABJL, Celso Falaschi. Além de toda a teoria sobre o tema, também faremos muitos exercícios e práticas de reportagem. Estou empolgada. Então, na medida do possível, quero publicar aqui no 50kg alguns textos elaborados na aula. Então vai o primeiro. Saímos na rua e "conversamos" com um objeto qualquer encontrado nas redondezas. Conversas com seres inanimados? Moleza pra louca aqui...

Da calçada, pude ouvi-lo bem mansinho. Psiu, ei você aí, ele disse. Sua voz soava tão baixa quanto sua própria estatura: 40 centímetros. Ou um pouco menos. Pois o gorro vermelho em sua cabeça ajudava a disfarçar a pequenez. Seu rosto, contornado por uma barba bem aparada, era iluminado por um sorriso e destacado pelo grande nariz. Ao constatar meu interesse, ele revelou que as pessoas felizes são assim mesmo: possuem um farto nariz e estão sempre mostrando os dentes. Eu o reconheci de imediato. No entanto, ele tratou de contar sua trajetória. Era um personagem importante e possuía amigos da nobreza. Branca de Neve?, eu perguntei. Não, ele retrucou. Príncipe Charles, é claro. Eu ri e ele explicou que nascera da terra e, depois de ser transformado em cerâmica e delicadamente pintado, foi trazido para a Cidade Baixa em Porto Alegre. Hoje, atrás de uma grade de ferro, faz companhia ao cachorro dos seus donos. O nome do cachorro, eu prontamente quis saber. Charles, é claro, ele respondeu.

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