Eu me senti o Alex. Com todo aquele aparato prendendo o meu olho, com as luzes me cegando, com as imagens distorcidas no momento do corte. Só faltou o Beethoven. Estou lendo Laranja Mecânica. E foi inevitável que as referências do filme de Kubrick não me deixassem um segundo sequer durante a cirurgia. O Dr. Alexandre conversava comigo. E eu apertava as mãos, bem apertado. E mexia os pés. De resto, fora a agonia, foi tudo traqüilo. Já comecei a enxergar na sala de cirurgia. Saí do hospital enxergando. Na quarta-feira, fiquei de molho. E na quinta, retomei parcialmente a rotina. Dirigi e arrumei a surdina do carro (depois de um mês com problemas). Quando voltei para casa, ele estava ali, em cima do aparador, me perguntando: "e agora?". Agora é história, óculos querido. Tirei fotos do meu óculos até cansar. Como uma cerimônia. E fiquei nostálgica. Ah, estou feliz. Mas me lembrei de tudo o que enxerguei através dessas lentes (grossas, diga-se de passagem). As pessoas me encontram na rua e dizem: "Ué! Tem alguma coisa diferente". Dou um sorriso de canto de boca. AMIGOS: obrigada pela torcida. Um brinde com meus três colírios a estes novos olhos redescobrindo os cenários do meu cotidiano. Saúde!
abril 08, 2006
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