Da primeira vez, não nos acertamos. Ele chegou assim, meio grosseiro. Parecia me desafiar. E eu não gosto disso. Não me chama para a briga se não quiser levar um soco bem no meio do nariz. Foi o que eu respondi. Ele riu, me disse que ficasse quieta e aproveitasse. Mas, ah... Como se eu fosse conseguir depois de toda essa provocação. Ainda tentamos ficar juntos. Ninguém pode dizer que eu não tentei... Tentei, sim. Procurei a melhor posição no travesseiro, me acomodei no cobertor e até o rádio do criado-mudo eu desliguei. Tudo para criar a melhor situação. Mas não teve jeito. E confesso que não foi com tristeza nos olhos que me despedi dele. Foi com um certo alívio. Pronta para outra(s), me embrenhei em novas aventuras. E até gostei. Curtição de verdade. Foi aí, que outro bateu à minha porta. Um tal de Bartleby. Quieto, "lamentavelmente arrumado, lamentavelmente respeitável, extremamente desamparado". Ele dizia: "Acho melhor não". "Acho melhor não". E, depois de tristemente acabar, trouxe meu amigo grosseiro novamente. Ele entrou com um sorriso de canto de boca no meu quarto. Como quem se questiona se, dessa vez, eu estaria pronta para ele. Disse que estava. E me entreguei totalmente, com a luz de cabeceira como nossa única testemunha. Contrariando todas as expectativas, Bartleby e companhia, do Enrique Vila-Matas é uma das mais deliciosas leituras dos últimos anos. Com o Melville e o seu Bartleby como nossos padrinhos, é claro... Ai, ai... Romances novos são sempre... Bem, vocês devem saber o que...
julho 04, 2006
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