O menor dedinho do meu pé direito puxou as minhas orelhas. Elas reclamaram um pouco. Doeu e o sermão foi pesado. O dedo gritava o que seria da minha vida, o que eu faria. O quê? O quê? A consciência nem ligou. Continuou ali, jogada no chão, fumando um cigarro e falando impropérios a todos os que tentassem lhe puxar e provocar qualquer movimento. A vontade sorria de tudo, fingindo alienação faceira, mas torcendo para que a situação fosse incendiada pela discórdia entre o desejo e o pudor. Esses dois velhos conhecidos, que partiram para a briga depois de algumas doses de uísque. Indiferente, a vergonha disse que se matassem. Ela não ligaria, e não teria problemas com escândalos, com as reclamações das senhoras de família ou com a polícia. O pé esquerdo chutou o balde. E as mãos foram correndo fechar as janelas, para evitar que todo o caos virasse saborosa fofoca na língua dos vizinhos. O pensamento continuava procurando soluções nos livros, e boca já rezava para todos os santos de todos os milagres de diferentes religiões. Nos olhos, dava para perceber que a paz tardaria, e o estômago estava nervoso demais para pensar em outra coisa que não fosse chocolate, damasco e uma cervejinha. E eu? Continuei ali, incrédula, dividindo uma Coca Light com o meu coração. E pedindo, pelo amor de Deus, que ele me ajudasse, antes que tudo isso virasse novela mexicana ou romance de quinta.
julho 14, 2006
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