julho 28, 2006

Minha voz ecoou pelo quarto vazio, quicando nas paredes como ping-pong, e não encontrando resposta alguma. Não foi uma pergunta difícil. Tampouco foi pronunciada no fraco tom dos covardes. A voz foi impulsionada por essa coragem tardia, que insiste em proferir que sente a tua falta, mesmo não sabendo onde estás. Talvez tão perto quando, de olhos fechados, sinto a tua névoa que cobre o meu corpo, como um céu de algodão doce, quente e cheiroso. Talvez tão distante, que minhas mãos encostam e sentem o gélido nada, o universo do não que engole e consome. E some. Eu sonhei contigo, e te imaginei no longe mais próximo de mim. E eras um astro de rock. Entre os meus dedos, um copo de vodka. E novamente a música na minha cabeça me dizendo para esquecer tudo. Que era o momento de cristalizar a imaginação, posicionar os pés para fora da beirada, e saltar de cabeça no precipício que terminava na água límpida com gosto de cereja. No sonho, nós dançamos. Afastados. Requebrando. Levantando os braços e desarrumando os cabelos. Mas sem tirar os olhos um do outro. Isso eu me lembro. E, no quarto vazio, falei de novo. Como uma nova raquetada contra a bolinha branca.

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