julho 31, 2006

Fiquei o dia todo acompanhando a rotina alterada da autarquia. Uma movimentação nervosa, conversas aleatórias nos corredores e muita linha solta para fisgar os peixes desavisados. Assim é a política. Assim é como eu vivo e analiso a política. As eleições da nova diretoria acontecem em outubro. E tudo pode mudar. De qualquer jeito, muda. A situação está dividida, gerando os opositores que trazem mágoa e rancor na mala. Vieram a pé, dispensando avião, trem, ônibus e até mesmo mula. Mas prometem agitar as urnas, entregando doces e distribuindo beijos para os profissionais. A minha vida depende um pouco dessa decisão. Um pouco. Porque nunca se sabe. E porque o meu destino depende ainda de outra urna. Juntas, elas me apresentarão a possibilidade... Mas, de novo: nunca se sabe. E política... política é sempre política...

julho 30, 2006

Não preciso duvidar. Tenho certeza que esse sentimento é cultivado por todos os que trabalham na Casa de Cultura Mario Quintana. Essa espécie de apego, de carinho extremo, de atenção afetuosa por esse prédio enorme na Rua dos Andradas. E de uma mágica sintonia com o poetinha de Porto Alegre, o seu Mario Quintana.



Funcionários, colaboradores, colegas... Com aqueles olhos atentos que não permitem que nada saia do lugar, seja estragado... Aquelas mãos que se estendem para concretizar direções e orientações de passeios e salas para visitar. O Quarto do Poeta, as exposições, o Acervo Mario Quintana, o Memorial do Hotel Majestic, os teatros, os bonecos prontos para a fotografia com os visitantes.

"Hoje, o nosso poeta estaria completando 100 anos. Nós estamos comemorando". E com um sorriso de satisfação, estivemos durante todo o dia recebendo pessoas, realizando atividades para registrar o 30 de julho.

Pela manhã, na muito, muito gelada Travessa Rua dos Cataventos, mais de 400 pessoas assistiram o concerto da Orquestra Jovem da Ospa. Até os Beatles, uma das bandas que o poeta gostava, estavam presentes no repertório. Apresentação que também contou com os bailarinos do projeto Quinta,Quintana na Dança. Além disso, fizemos a entrega do Prêmio Mario Quintana, um agradecimento a todas as empresas que apoiaram projetos do centenário.



Depois, no Teatro Bruno Kiefer lotado, mais de 200 pais e crianças curtiram a peça Lili Inventa o Mundo. As anedotas de Quintana, os causos que já são clássicos e as frases hilárias e irônicas ao extremo foram apresentadas no Teatro Carlos Carvalho na peça Ora Bolas!.

No fim da tarde, um recital com piano e voz abrigou mais de 100 pessoas no Auditório Luis Cosme. E, novamente lotado, o Teatro Bruno Kiefer foi o palco para a peça Sobre Anjos e Grilos.



Entre uma e outra atividade, eu andava pelos corredores, vendo as pessoas passearem. Muitas delas, conhecendo a Casa de Cultura pela primeira vez. E eu sorrindo sempre. "Bom dia. Boa tarde. Boa noite. Sejam bem-vindos". Faceira, como se estivesse recebendo amigos na minha própria casa. Que, se valer pelo meu sentimento por esse prédio, é isso mesmo. A comemoração do centenário do meu poeta. Na minha Casa.

Feliz aniversário, Mario!

julho 29, 2006


Parabéns à verdadeira inspiração da minha vida.

Feliz aniversário, mãe!

julho 28, 2006

Voltamos à nossa programação normal...

Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém comemorava algum alívio dos colorados, que eu não sei sobre o que, de que campeonato dizia respeito ou se alguém defendeu ou fez gols.
Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém exibia orgulhoso um anel de noivado, feliz por tudo o que se anuncia na vida do casal. Parabéns, parabéns.
Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém cantou uma música, e eu ouvi, e achei bonita.
Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém entrou em uma lotação qualquer, saído de um hospital qualquer, e derramou várias lágrimas, sofrendo de verdade, e eu pensei, e chorei junto, e achei muito triste essa coisa de vida e de morte.
Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém de uma banca de jornal qualquer, de uma esquina qualquer, ficou me esperando com um sorriso, só para me dizer oi.
Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém jantou quieta, assistiu tevê e nem precisou esperar o sono chegar.
Ontem eu estava triste. Mas, em algum lugar, alguém caminhou devagar até a cama, acomodou a cabeça no travesseiro e, sem chegar a conclusão alguma dos porquês e motivos e razões e desafios que não cessam nunca e questionamentos que implodem a consciência, fechou os olhos e dormiu.

Minha voz ecoou pelo quarto vazio, quicando nas paredes como ping-pong, e não encontrando resposta alguma. Não foi uma pergunta difícil. Tampouco foi pronunciada no fraco tom dos covardes. A voz foi impulsionada por essa coragem tardia, que insiste em proferir que sente a tua falta, mesmo não sabendo onde estás. Talvez tão perto quando, de olhos fechados, sinto a tua névoa que cobre o meu corpo, como um céu de algodão doce, quente e cheiroso. Talvez tão distante, que minhas mãos encostam e sentem o gélido nada, o universo do não que engole e consome. E some. Eu sonhei contigo, e te imaginei no longe mais próximo de mim. E eras um astro de rock. Entre os meus dedos, um copo de vodka. E novamente a música na minha cabeça me dizendo para esquecer tudo. Que era o momento de cristalizar a imaginação, posicionar os pés para fora da beirada, e saltar de cabeça no precipício que terminava na água límpida com gosto de cereja. No sonho, nós dançamos. Afastados. Requebrando. Levantando os braços e desarrumando os cabelos. Mas sem tirar os olhos um do outro. Isso eu me lembro. E, no quarto vazio, falei de novo. Como uma nova raquetada contra a bolinha branca.

julho 27, 2006

Assaltaram a Casa de Cultura nessa madrugada. Estresse. Muito estresse. Isso também significa outra coisa: além de atender todos os repórteres de cultura do Estado, desde hoje também estou atendendo a editoria de polícia...

julho 25, 2006



Então é isso! Me obriguei a ter cinco minutos de intervalo para convidar os amigos. Dia 30 de julho é o motivo da minha ausência. Dia 30 de julho é o motivo da minha pseudo-loucura. Dia 30 de julho é o motivo de felicidade e confraternização. Estarei o dia todo de plantão na Casa de Cultura, comemorando o centenário de nascimento do poeta Mario Quintana. Orquestra Jovem da Ospa pela manhã, teatro infantil à tarde, recital no fim de tarde e teatro adulto à noite. Tudo com entrada franca. Quem quiser/puder, aparece por aí. Um encontro meu comigo mesma e com os amigos vai acontecer somente no dia 31 de julho. Até lá, muito trabalho me espera.

julho 24, 2006


Eu sumi.
Sei.
Se alguém me achar por aí, por favor, me avisa.
Eu também estou me procurando.

julho 19, 2006

A proposta foi apresentada. Os convites, devidamente oficializados e aceitos. A jornada pode começar a qualquer momento. Basta ligar o carro. Repito: basta ligar o carro... O cartaz desse filme das nossas vidas é que já está pronto. A arte, uma cortesia do Mano, apresenta Lu (como Thelma), Moni (como Louise), Déia (como a caroneira misteriosa) e Mari (como o sol dos Teletubbies). Em breve, num cinema longe de você.

julho 17, 2006

Hoje, me lembrei da minha viagem a Salvador. E de que, entre os vários conselhos que recebi, estava o fatídico: não vai ser boba de pedir carne nos restaurantes de lá. Tem que comer peixe! Tem que comer camarão!! Viva os frutos do mar!!!... Ok. Como era a primeira vez, na vida, que eu viajava sozinha, tentei considerar os inúmeros avisos, dicas, lembranças, recados, ameaças, terrorismos e informações que todas as pessoas que conheceram a Bahia antes de mim acharam importante mencionar. Certo. Entrando no Pelourinho, às 15h de uma terça-feira, eu estava com uma fome do tamanho da minha curiosidade pelo lugar. Mas achei conveniente almoçar antes de passear. Entrei em um café simpático, procurei por uma mesa vazia e pedi o cardápio. Depois de analisar por 22 segundos, meus olhos não desgrudaram da sugestão do chefe. Me parecia boa. E sempre tive confiança nessa intuição gastronômica: tenho grandes chances de pedir o melhor prato quando conheço um novo restaurante. Pois bem... Garçonete, eu vou querer a carne à moda do chefe... A carne... Isso aí!!! C-a-r-n-e!!! Porque se eu estava sozinha, em uma cidade desconhecida, pronta para desbravar, a primeira coisa que eu deveria fazer era quebrar qualquer regra pré-estabelecida. E confesso: até hoje, eu ainda sonho com aquele suculento pedaço de carne coberto com o molho mais inesquecível que eu já provei... Ah, essa vida de rebelde é realmente fantástica.


X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X


Eu e a Moni concordamos de brincar de Thelma e Louise. Momento mais propício do que esse não poderia existir. O plano é fácil e a lista de necessidades é um clássico cinematográfico. Os problemas já existem. Basta prosseguir com o plano de fugir deles. A medida seguinte é alugar, comprar ou roubar um conversível. Claro que deve ser vermelho, potente e forte, para agüentar os trancos das estradas brasileiras. No mapa, está definido o roteiro. E, especialmente, a clássica queda. Depois de fugir da polícia e mostrar uma banana para todo o universo, vamos acelerar na direção do precipício da Chapada dos Guimarães. Velocidade, velocidade, velocidade. E as mãos dadas voando pelo vazio. O melhor de tudo: eu é que vou ficar com o Brad Pitt. Pelo simples motivo de que a Moni sempre achou que lidava melhor com armas do que eu... Ah, esse mundo de crime, do sexo e da fantasia é realmente fantástico.

Eu pedi que me deixasse aqui quietinha. Estava achando suficiente todo o meu mundo de papel e letras impressas em laser. Eu achava importante tudo o que fazia. Essencial tudo o que pensava. Eu implorei para que me deixasse aqui em paz. Eu tinha prometido que não importunaria mais ninguém. Eu rezava todos os dias para ter paciência e ser ainda melhor. Eu me concentrava para executar tudo o que pudesse. Eu gritei com toda a minha força para que me esquecesse um pouco. Já não bastavam as cobranças. Já não bastava a falta de reconhecimento e os pedidos mesquinhos e ridículos. Eu fiquei com raiva. Fiquei com nojo. Fiquei com muita pena. Agora, só te peço que me devolva o tapete bem limpinho. É o mínimo que eu mereço. Depois que ele foi puxado dos meus pés.

julho 14, 2006

O menor dedinho do meu pé direito puxou as minhas orelhas. Elas reclamaram um pouco. Doeu e o sermão foi pesado. O dedo gritava o que seria da minha vida, o que eu faria. O quê? O quê? A consciência nem ligou. Continuou ali, jogada no chão, fumando um cigarro e falando impropérios a todos os que tentassem lhe puxar e provocar qualquer movimento. A vontade sorria de tudo, fingindo alienação faceira, mas torcendo para que a situação fosse incendiada pela discórdia entre o desejo e o pudor. Esses dois velhos conhecidos, que partiram para a briga depois de algumas doses de uísque. Indiferente, a vergonha disse que se matassem. Ela não ligaria, e não teria problemas com escândalos, com as reclamações das senhoras de família ou com a polícia. O pé esquerdo chutou o balde. E as mãos foram correndo fechar as janelas, para evitar que todo o caos virasse saborosa fofoca na língua dos vizinhos. O pensamento continuava procurando soluções nos livros, e boca já rezava para todos os santos de todos os milagres de diferentes religiões. Nos olhos, dava para perceber que a paz tardaria, e o estômago estava nervoso demais para pensar em outra coisa que não fosse chocolate, damasco e uma cervejinha. E eu? Continuei ali, incrédula, dividindo uma Coca Light com o meu coração. E pedindo, pelo amor de Deus, que ele me ajudasse, antes que tudo isso virasse novela mexicana ou romance de quinta.

julho 13, 2006

Porque, algumas vezes, eu tenho medo de fechar a boca. E abrir os olhos. E sentir o corpo ser inundado por esse completo catálogo de possibilidades que é o mundo. Coisa bem produzida, com fotografias requintadas e nuances e com descrições simples e essenciais como bolo de cenoura com cobertura de chocolate em dia de chuva. Eu olho, olho. Mal consigo desviar o olhar. Minhas mãos recuam um pouco. Meu sorriso se esconde atrás de lábios rígidos. Penso que pode ser tarde demais. Que não existem ouvidos em parte alguma dispostos a conhecer as minhas necessidades. Ou minhas dúvidas. Esses questionamentos que infestam minha cabeça como pequenos vermes. E eu sigo, adquirindo esse formato de vaso de cerâmica. E, no topo, logo acima dos meus cabelos, cresce uma margarida.

julho 12, 2006

- Olha... Eu recebi um powerpoint da minha irmã.

- Quem são?

- A seleção italiana de futebol.

- Hummm.

- É...

- E eles estão de cueca?

- Sim. Dolce&Gabana.

- Nossa...

- Verdade...

- Olha a barriga daquele ali!

- Ah...

- Olha o tamanho do braço!

- É.

- Puxa...

- Um homem desses pode até destruir uma mulher...

- ....

- Alice? Tá me ouvindo?!?!

- Sim... É que estou pensando nessa destruição toda...

julho 11, 2006

Eu estou atucanada demais para mandar e-mails ou pegar o celular... Então... Vou experimentar isso aqui...

Mano - Vou precisar daquele Grande Sertão Veredas que eu te dei te aniversário. Tá?
Mari - Que tal um cinema hoje? Também estou precisando.
Moni - Lembra do CD Pearl Jam ao vivo em Porto Alegre? Tu não deletou, né?
Pai - Lembra de me trazer a foto.
Mãe - Lembra o pai de lembrar de me trazer a foto.
Sonia - E o nosso encontro?
Marrí - Ih, tô devendo as fotos. Prometo, prometo...
Marcelo - E a foto minha com a Malu? Beijos pra vocês!
Mr. Flag - Obrigada pelo novo estoque de Farinha Láctea e suco de uva.
Manu - E o nosso café? Ah, o CD da nossa corrente vai amanhã.
Tati - E o nosso café? Tu não vai me abandonar, né?
Ane - Gostei da reformulação do Clandestina. E os escritos, como vão?
Danilo - Até agora fico imaginando o pequeno Murilo ouvindo Mozart.
Angela - Que tal combinar outro passeio no Brique?
Napp - Volta logo de Montevidéu.
Miguel - Saludos de Brasil!!!
Kemi - E o nosso almoço na CCMQ?
Edmundo - Tô com saudades.
Alice - Fica melhorzinha. Tira um gatinho da cartola.
Letícia - Manda calor da Bahia pra mim.
Déia - Vou te ligar para aquele café com cinema. Ou pipoca com cinema.
Rodrigo - Mas aquela cabeçada foi mesmo feia. E os filmes, como vão?
Sassá - Ainda não tenho retorno do CD branco dos Beatles.
Dany - E a nossa festa? Sai quando?
Lu - E um post decente nesse 50kg? Sai quando?

Atualizando: compromissos sociais geram compromissos sociais.

Nando - Vamos fazer a janta com a Pietra ainda esse mês. Confirmado.
Samir - Estava anotado na agenda. Confirmo o TPS amanhã. Beijos!

julho 10, 2006


Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas. Enrique Vila-Matas.

"Ela não vai parar de falar nesse cara?"

NÃO.

Vila-Matas me apresentou Felisberto Hernández, me relembrou Jorge Luis Borges, me fez sentir saudades de Kafka, me transportou para o tempo em que eu idolatrava Ítalo Calvino, me fez ter vontade de seguir adiante com os planos de ler Miguel de Cervantes, de redescobrir Shakespeare, de conhecer ainda mais Georges Perec, de me aventurar de mãos dadas com James Joyce, me encorajou para tentar Charles Baudelaire, começar algo com Fiódor Dostoievski, e ter o sentimento de que agora é a hora de desfrutar Guimarães Rosa. Sinto como se fosse uma festa, promissora... E que está apenas começando.

julho 09, 2006


Parabéns ao verdadeiro super-herói da minha vida.

Feliz aniversário, pai!

julho 08, 2006

Todos desejamos resgatar por intermédio da memória cada fragmento de vida que subitamente nos volta, por mais indigno, por mais doloroso que seja. E a única maneira de fazê-lo é fixá-lo com a escrita.

A literatura, por mais que nos apaixone negá-la, permite resgatar do esquecimento tudo isso sobre o que o olhar contemporâneo, cada dia mais imoral, pretende deslizar com a mais absoluta indiferença.


Não resisti compartilhar um pouco de Enrique Vila-Matas, e seu Bartleby e companhia.

julho 07, 2006


- Tô com o pé gelado.

- Ai... Ai, que horror...

- Esquenta aí... E não reclama.

- Que sacrifício...

- E me abraça.

- Hã?

- Tô mandando, Maurício.

- Tá.

- Hummm.

- Que pé gelado.

- E fala umas coisas bem podres no meu ouvido.

- O quê?

- Fala. Já disse que tô mandando.

- ...

- Não vai falar?

- Não consigo, Beatriz.

- Santinho.

- Qual é?

- Eu quero ouvir. Vai...

- Não consigo.

- Bah! Pergunta pros teus amigos. Duvido que eles não falem sacanagem.

- Só o que faltava.

- Puxa... Terei que incrementar as tuas leituras...

- Sei...

- Vamos começar com Quarup.

- Por quê?

- O padre Nando é realmente quente.

- A-hã.

- Que decepção.

- Sei lá.

- Que falta de criatividade.

- Eu acho que tu anda lendo demais Revista Nova.

- Sei... Mas fala algo bem podrão, fala...

- Boa noite...

- Qual era mesmo o canal que passa filme pornô?

- Vai dormir, Bia...

- Maurício?

- Hã!?!?

- Nada...

julho 06, 2006

Do you have the time to listen to me whine
About nothing and everything all at once
I am one of those
Melodramatic fools
Neurotic to the bone
No doubt about it

Sometimes I give myself the creeps
Sometimes my mind plays tricks on me
It all keeps adding up
I think I'm cracking up
Am I just paranoid?
Or am I just stoned


Não sei se eu estava delirando ontem com a febre. Mas eu sonhei que o Green Day estava tocando na televisão. Uma música feita só pra mim. E que dizia todas essas coisas. E, no final, me mandava fugir para o Paraguai.

julho 05, 2006

Tudo o que eu queria hoje era que a Tina Turner, enfermeira que trabalha na SAMU aqui em Porto Alegre, viesse me salvar. E me levasse para um lugar bem quentinho. Longe de todas as pessoas. Todas. E me dissesse que essa dor no meu peito não é nada grave. Tina, me saaaaaaaaaaaaaaaaalva!!!

Atualizando: Me arrastei a tarde inteira na CCMQ. Tive até dor no peito. Cheguei ontem em casa e peguei o termômetro. 38.8, hummm... Liguei para a minha mãe e memorizei todas as dicas possíveis para tirar a febre de mim. Fiz tudo, tudo... E, literalmente, delirei por duas horas e meia. Sozinha em casa. Lembro de ter atendido a Nóia no celular. E lembro que o Mr. Flag atendeu outras pessoas no meu celular e no telefone de casa. Galera, foi o maior sufoco dos últimos tempos. Mas hoje estou beeeeeeeeem melhor. Agradeço a preocupação de todos. Principalmente da Tina...hehehe.

julho 04, 2006

Da primeira vez, não nos acertamos. Ele chegou assim, meio grosseiro. Parecia me desafiar. E eu não gosto disso. Não me chama para a briga se não quiser levar um soco bem no meio do nariz. Foi o que eu respondi. Ele riu, me disse que ficasse quieta e aproveitasse. Mas, ah... Como se eu fosse conseguir depois de toda essa provocação. Ainda tentamos ficar juntos. Ninguém pode dizer que eu não tentei... Tentei, sim. Procurei a melhor posição no travesseiro, me acomodei no cobertor e até o rádio do criado-mudo eu desliguei. Tudo para criar a melhor situação. Mas não teve jeito. E confesso que não foi com tristeza nos olhos que me despedi dele. Foi com um certo alívio. Pronta para outra(s), me embrenhei em novas aventuras. E até gostei. Curtição de verdade. Foi aí, que outro bateu à minha porta. Um tal de Bartleby. Quieto, "lamentavelmente arrumado, lamentavelmente respeitável, extremamente desamparado". Ele dizia: "Acho melhor não". "Acho melhor não". E, depois de tristemente acabar, trouxe meu amigo grosseiro novamente. Ele entrou com um sorriso de canto de boca no meu quarto. Como quem se questiona se, dessa vez, eu estaria pronta para ele. Disse que estava. E me entreguei totalmente, com a luz de cabeceira como nossa única testemunha. Contrariando todas as expectativas, Bartleby e companhia, do Enrique Vila-Matas é uma das mais deliciosas leituras dos últimos anos. Com o Melville e o seu Bartleby como nossos padrinhos, é claro... Ai, ai... Romances novos são sempre... Bem, vocês devem saber o que...

julho 03, 2006

03 de julho é o dia do aniversário de um dos meus mais queridos amigos. Poeta, amigo e chefe. A ironia em pessoa. E o deboche no gatilho, pronto para disparar em qualquer direção. Um dos meus confidentes, e um dos maiores apoiadores na minha empreitada de escritora. Um amor de pessoa, mas um doce bandido em alguns momentos. Companheiro de risadas na tardes da Casa de Cultura. E pai do Ariosto, o passarinho gordinho que ganhou vida nas páginas de um livro na última quarta-feira. Na foto, Sergio Napp e eu no lançamento do Passarinhar-se dele. Feliz aniversário, Napp!

03 de julho também é o dia do aniversário de outro querido amigo. Colega de oficina do professor Assis e primeiro leitor das coisas loucas que escrevo. Feliz aniversário, Samir!

julho 01, 2006

Ainda restavam algumas horas do dia. Olhei para os meus pés, e vi que os pequenos dedos se apoiavam com força no tecido. E provocavam o impulso necessário para projetar o tronco levemente para a frente e, com o braço direito, abaixar a aba da rede. Meu pai estava em pé, ao lado da grande árvore que sustentava uma das pontas. Virei o rosto e sorri para ele. Pedi que embalasse a rede. Continuamente. Esquerda e direita. Esse lado aqui e o lado de lá. Eu tocava a grama no chão, sentia a terra sujando a mão com vontade. Agarrava algumas folhas secas e analisava cada um de seus retículos. Como se fossem os fios condutores que relatassem a história dessa semente que originou a folha, que lá do alto analisava o mundo. E que, um dia, despregando-se do galho, decidiu alçar vôo. E se atirou na direção do desconhecido. Veio parar aqui. Perto de mim. Sempre perto de mim. Coloquei-a próxima do meu rosto, e adormeci. De um lado para o outro. Sem sentir o tic-tac, sem precisar contar nada. Estendendo as mãos e ganhando os abraços mais inesquecíveis do mundo. Morrendo de rir com a Moni, à sombra da pitangueira. Sem que nos déssemos conta de que nossos rostos estavam completamente sujos e roxos depois de comer as frutas. Brincando de escolinha com a Mari. Ensinando que um mais um fazem dois. Ajudando a mãe a fazer o Mano adormecer. Tocando de leve a sua testa e fazendo um carinho bem, bem suave. Dormi sorrindo com tudo isso. E acordei quando já era noite. Ainda deitada na rede, avistei a luz da casa. Segui pisando forte pelo caminho de pedregulhos, para chegar até a porta, abrí-la, e contar para todo mundo que esse meu mundo de sonhos era real.