Quando Tarsila pintou um quadro que ofereceu de presente ao marido, Oswald de Andrade, a 11 de janeiro de 1928, talvez não imaginasse que estaria praticamente a fundar um movimento que se chamaria "Antropofagia".
O quadro exibia uma figura estranha, agigantada como A Negra, de 1923, mas com um contraste mais acentuado entre os pés e mãos, enormes, e a cabecinha, minúscula, no alto. Em A Negra, o verde da folha de bananeira contrastava com faixas geométricas, ao fundo. Agora a cor terrosa da figura contrasta com o céu bem azul e o sol-laranja-flor tangenciando à direita um solitário cacto verde. "O cacto é selvagem, tem uma presença muito forte...", afirma Tarsila.
Oswald estranhou o quadro. Chamou Raul Bopp que também estranhou: "O que será isso?" Oswald respondeu que devia ser um gigante e sugeriu que lhe dessem o nome de um selvagem. Tarsila lembrou-se então do dicionário de Montoya, de termos tupis. E acham o nome para este homem da terra que vai gerar um movimento - Aba: homem; Poru: que come carne humana. Abaporu: o homem que come carne humana, o antropófago. Estava fundada a Antropofagia.
Em 2008, Abaporu completou 80 anos. Hoje, dia 27 de janeiro de 2008, eu fiquei frente a frente com o quadro que me acompanha há muito tempo. Na Pinacoteca do Estado de SP. Lindo...
janeiro 27, 2008
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