janeiro 06, 2003

Experiência insólita voltar a fazer vestibular depois de 8 anos do meu primeiro e único. As coisas estão diferentes. Em 95, os pais não acompanhavam tanto os filhos. Estou fazendo a prova na Fapa, uma faculdade que fica quase na zona fronteiriça de Porto Alegre. Saindo da sala de aula (sempre sou a primeira ou a segunda), me deparo com vários pais, irmãos, amigos, primos, avós, etc... Todos sentados em cadeiras na grama, nas escadas, nas sombras das árvores. Os tempos estão difíceis. E qualquer força (mesmo que seja a do cachorro que ficou amarrado ao poste) pode funcionar para entrar na federal e não precisar pagar aquelas mensalidades das particulares...

E dentro das salas de aula os procedimentos também mudaram. As provas diárias não possuem mais 70 questões e sim 60 (10 delas se perderam na poeria do espaço). No entanto, a lista das normas aumentou. Todo e qualquer material deve ser colocado na mesa embaixo do quadro negro. Na sua carteira escolar, ficam somente "1 lápis, 1 borracha e 1 caneta". Somente garrafas de água podem ficar perto da prova. Latinha de refrigerante ou suco, nem pensar. A folha ótica (aquela folhinha desesperadora com milhares de elipses para preencher) somente pode ser colorida com a caneta que os fiscais fornecem ("NENHUMA OUTRA!!!!"). E agora, durante a prova, o fiscal passa com uma almofadinha para que o candidato deixe a marca da impressão digital na folha. Me lembrei do Instituto de Identificação, com aqueles rolos terríveis e aquela tinta que só sai com bombril e saponáceo. Oh, boy...

Não é permitido usar boné, nem ficar com os óculos de sol apoiados na cabeça. A qualquer momento, pensei que seria revistada. Com estes aparatos microscópicos de cola e comunicação... Talvez estivessem procurando chips implantados na pele, que automaticamente leriam as questões, enviariam até um sofisticado centro tecnológico em São Paulo (ou NY, tanto faz) que responderia ao chamado com todas as respostas corretas... U-hu!!! Não, isto não aconteceu. Mas posso jurar até agora: hoje eles pegaram no meu pé. Com muita gripe, fiquei fungando e lutando contra o meu nariz a prova inteira. O cara do meu lado estava nervoso. E tossia às vezes. O que era isso? Um tipo de comunicação indecifrável entre os candidatos. Amanhã pedirei que me enviem um e-mail caso consigam decifrar este código de funga-tosse e descobrirem as respostas para todos os mistérios da humanidade... Ahã...

e50kg@yahoo.com

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