janeiro 16, 2003

Também vejo estas mesmas estradas. Todas elas. Suas diferenças e dificuldades. Também tenho os mesmos mapas rodoviários na minha mão. Já estudei os trajetos e as possibilidades. Conferi a funcionalidade da minha bússola e testei a minha resistência física para enfrentar a jornada. Acho que a quantidade de mantimentos é suficiente e estou com sapatos especiais para evitar bolhas e machucados. Resolvi viajar de óculos. A troca e manutenção das lentes de contato poderiam ser um problema. Pensei até mesmo em trazer um biquini, caso encontrássemos um lago no caminho. Desisti, que palhaçada a minha. Não estou trazendo livros. É impossível, para mim, ler durante o deslocamento. E à noite pretendo me dedicar à elaboração de estratégicas futuras. Tudo parece ok. Está ok? Não, não está. Meu carro sumiu! Não tenho como atravessar todos estes quilômetros pela frente. As rodas estão aqui, abandonadas, sem os eixos. Teu veículo não suporta o peso da minha bagagem. Como faremos agora? Posso abandonar metade das minhas coisas, aqui mesmo na rua. Esqueço tudo. E se o teu carro quebrar? Vais me carregar nas costas? Até onde? Até que trecho? Até termos utilizado quase todo o tempo disponível e estarmos somente na metade do caminho, disputando a golpes de canivete a última maçã da mochila? Não sei. Acho que vou ficar por aqui e esperar a próxima temporada.

e50kg@yahoo.com

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